domingo, 11 de junho de 2023

A ORIGEM DO AVENTUREIRO NADINHO! (CLIQUE E LEIA)

 


Antonio Nunes de Souza*

Como essa é a segunda história desse personagem, é importante que fale sobre sua origem. Nadinho é oriundo do recôncavo baiano, onde vivia sendo filho de uma família muito pobre, tinha mais um irmão e uma irmã, sua mãe trabalhava numa fábrica de charutos, e seu pai nunca teve emprego fixo, vivia de bicos e bastante mulherengo. Segundo sua filha Lindalva, o velho costumava dizer: “Aluguel de casa é que mata a gente!”. Mas, segundo ela, saíram várias vezes despejados por falta de pagamento!

Assim cresceu Nadinho, seguindo os passos do pai fazendo bicos, não frequentando escola e, já rapaz, começou comprar peixes dos pescadores, e saía vendendo nas ruas da cidade, mas, sempre aprontando umas artes, que deixava seu boêmio pai bastante chateado. Até que, com 19 anos, começou a namorar a afilhada do delegado, chamada Maria Josefina, deflorando-a, como diziam na época: “tirou de casa”. E como ela era menor de idade, o delegado o prendeu e obrigou a casar. Mas, esse casório não demorou uma semana, apenas foi oficializada a união conforme a lei, porém, com uns quatro dias cada um seguir para seu lada, e os dois eram pobres, pobres, demaré del si, e não tinham onde cair vivo, pois morto cai em qualquer lugar!

Depois dessa aventura sexual, que lhe amarrou por longo tempo, para não ter compromisso de despesas, e naquela época o governo estava favorecendo quem quisesse vir para o sul do estado, que estava precisando de mão de obra com o cacau em alta e, para isso, estava dando passagem de navio grátis e ainda vinte mil reis (dinheiro da época) para as despesas alimentícias durante a viagem. Como sempre teve o espírito aventureiro, Nadinho pegou sua passagem e a merreca da grana e singrou os mares, aportando em Ilhéus, seguindo logo para Ubaitaba, onde morava um tio distante que tinha uma padaria, e através de carta do seu pai Alvino, tinha prometido um emprego assim que ele chegasse nas terras grapiúna!

E assim aconteceu. Porém, o desgraçado do tio colocou ele para bater massa, alimentar o fogo do forno com lenha, durante a noite, e raiando o dia, encher os saquinhos de pão e sair com um balaio pesado na cabeça fazendo as entregas nas portas dos clientes, coisa habitual na época e, quando voltava, ficava quase cochilando no balcão atendendo os compradores, somente tendo como descanso das 12 às 17 horas. Literalmente, uma vida análoga à escravidão, pois, ainda dormia nesse curto período, num quartinho no fundo da padaria!

Mal satisfeito, um dia pediu as contas e se mandou para Itabuna, tendo seu primeiro emprego como ajudante de cabelereiro que, por ser habilidoso e os fregueses não eram exigente, começou a fazer cortes, onde ficou na profissão por algum tempo!

Como era boa pinta, papo bem solto, conheceu uma mocinha jovem e bonita e com pouco tempo de namoro, foram se casar em Itajuípe, ele alegando que seria somente na Igreja, e que ela deixasse o civil para depois em função das despesas, mas, na verdade ele sabia que já era casado e não poderia casar outra vez, para não ser preso por bigamia. Como pobre não liga para esses detalhes de oficialização, tudo correu as maravilhas, viveram algum tempo ele trabalhando em várias atividades para a sustentação, até que veio uma seca braba e o cacau teve uma safra fraquíssima, a região com dois anos seguidos com essa mesma condição climática, fez com que muita gente voltassem para suas origens, mas Nadinho não queria voltar para o recôncavo, não só pelo seu velho casamento, como sua cidade nada oferecia em termos de empregos. Então... foi por essas razões que Nadinho resolveu partir para arriscar a vida em São Paulo, já que tinha a mulher e havia nascido seu primeiro filho com o nome de Manfredo!

Sua chegada e início de vida em Sampa, já contei na crônica anterior, e sua primeira aventura paulistana como camelô! Agora que já conhecem a origem desse personagem, seguirei contando suas divertidas e terríveis aventuras e desatinos do nosso grande aventureiro e herói do rcôncavo!

*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta!  

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