Antonio
Nunes de Souza*
O
féretro seguia lentamente, já dentro do cemitério, onde via-se muitas pessoas,
mas, naquela altura, somente os mais íntimos continuavam acompanhando aquela
dolorosa procissão, vendo-se na frente, ao lado do caixão conduzido por
parentes e íntimos, uma ainda jovem senhora, amparada por um senhor idoso que era
seu ex marido, chorando com os olhos inchados, curtindo uma dor forte por estar
sepultando o seu jovem filho, falecido prematuramente, graças as desgraças
trazidas pelos comportamentos infiltrados na sociedade, ou seja, consumo de
drogas e bebidas em quantidades excessivas!
Eu,
como bastante ligado a essa sofredora família, coloquei a lembrança da
trajetória de Robertinho que, muitas e muitas vezes o carreguei no colo, ou
levei para passeios diversos, junto com os meus filhos. Menino bonito, sadio,
adorava esportes, cuidava do corpo através de exercícios e uma alimentação
especial de frutas e verduras. Mas, com dezessete anos, precisando cursar a
faculdade, foi para a capital continuar seus estudos na faculdade de música que
era o que gostaria de seguir!
Jamais
fumou ou bebeu, porém, encontrando na capital uma agitação não só na vida
diurna como, principalmente, na noturna a proliferação desses vícios, infelizmente,
começou a aderir e praticar, ampliando cada dia, para outros tipos de drogas,
caindo, idiotamente, nas garras dos iludidos toxicômanos que, tolamente, acham
que faz parte de uma vida, viver drogado e repudiado por todos, pois, com esses
vícios, todas as pessoas sensatas lhe fecham as portas e os deixam isolados nas
suas pobres depressões, causadas pela esquizofrenia, doença incurável, mas
controlável através de remédios, porém, os usuários não podem, em nenhuma
hipótese, ingerir bebidas alcoólicas!
Como
acompanhava a família de perto, pude ver Robertinho ir definhando, ficando com
o rosto e o corpo inchado e, quando menos esperava, ou na verdade já esperavam,
uma vez que lutaram para que ele se regenerasse e, cegamente, ele continuava com
sua vida de viciado, fumando abusivamente também, ele acordou vomitando sangue
e os pedaços do seu fígado explodido pelo álcool e as drogas consumidas no
passado, e algumas no presente!
Chamaram
médicos, ambulância, mas, infelizmente já era tarde, pois já tinha acontecido o
pior. Ou seja, Robertinho acabava de falecer em função de uma bruta e esperada
cirrose, doença que liquida uma pessoa sem dar avisos, pegando-as sempre de
surpresas. E, com viciados, muito pior ela procede!
Voltei
triste do cemitério pela despedida de um jovem que tinha tudo para ser
realmente feliz, e não se iludindo que, fechado nas suas frustrações, por não
alcançar a realização dos seus sonhos e projetos, era uam pessoa feliz e
realizada!
Pobre
daqueles que, ilusoriamente, acreditam que, através de drogas, fumos e bêbidas,
vão ter sucessos e êxitos na vida. Um verdadeiro e triste engano, que somente
os tolos acreditam!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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