terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A experiência de São Benedito! (Dois)

Antonio Nunes de Souza*

Como prometi e nunca deixo de cumprir, estou dando sequência a religiosa e sagrada missão do grande e venerado S. Benedito!
Aportou em Salvador através de uma ação milagrosa do Senhor, sendo esta a última que receberia, até o dia de seu retorno, ou seja, seis meses depois, tempo suficiente para ele questionar, estudar, analisar, conviver e, certamente, tirar suas conclusões!
Para ficar no centro da cidade e no pedestal da negritude, escolheu um hotel de classe regular no Pelourinho, foi para seu apartamento, onde, por sorte, da janela descortinava uma linda vista para a casa Jorge Amado e as sedes dos famosos blocos Olodum e Filhos de Gandi! Podia-se dizer que estava no centro das atenções da Bahia e dos turista do mundo inteiro! Comprou logo nas lojinhas instaladas na rua camisas estampadas, bermudas, sandálias e uma bandana e, num piscar de olhos, estava um autêntico baiano, até com o charme do sorriso e andar que, santificadamente, já tinha se preparado para enfrentar os bate papos e as conversações com os nativos!

Tomou um taxi, foi para o Shopping Barra e lá comprou umas calças Jeans, camisas, camisetas regatas, cuecas, bermudas discretas e coloridas também, sandálias abertas e fechadas, dois tênis e outras coisas básicas que todos nós sabemos quais, principalmente um celular que é a maior arma de comunicação do momento.
Gastou uma puta nota, mas, como a verba de representação era liberada, nem se incomodou com esse detalhe. Mandou bala!
Voltou das compras ao anoitecer, tomou um bom banho numa enorme Hidro massagem, que lhe deixou fascinado e pensou: no céu não tem nada disso! Vestiu uma das roupas que havia comprado e, olhando-se no espelho, logo disse: ESTOU BONITO PRA CARALHO! (Vale dizer que tinha permissão para usar o linguajar dos terráqueos, mesmo os feios e chulos, para que não despertasse desconfiança). E Benedito, já sentindo-se um “afrodescendente”, não economizou as expressões locais, aprendidas telepaticamente, pela sua condição de santo, antes de sair do céu. Era sexta-feira, fim de semana, dia que a vasta boemia fervilhava o Pelô, com os ensaios das bandas, euforia dos turistas vermelhões das praias e seus requebrados fora dos compassos, mas, nas cadências dos tambores! Benedito acercou-se de um bar movimentado, encostou no balcão e o barmen perguntou logo: Diga aí Bahia, o que é que manda? Ele respondeu: Quero uma xícara de chá de erva cidreira!
-Qualé negão, quer zombar da minha cara? Essa porra aqui é um bar e não farmácia de produtos naturais. Deixe de sacanagem e diga logo o que deseja e, enquanto pensa, vou trazer uma dose de cana da boa para você experimentar! O garçom trouxe um copinho de Pitú, cachaça pernambucana da boa e ele, numa talagada só, bebeu a zorra. Depois de dar umas duas torcidas e cuspir, falou: Porra cara, a merda saiu queimando meu estômago e foi até o olho do cu. Que bebida forte é essa?
-Cachaça mermão! E essa é a que dizem que matou o guarda! rs rs rs
–Como sabia que fazer mistura de bebidas não era legal, continuou tomando suas doses de pinga, e o garçom perguntou o seu nome, ele disse que era Benedito e logo foi tratado como Bené.
-Lá para 23 horas começou a ouvir os tambores cheios de encantos e foi informado que era o começo do ensaio do Olodum. Pagou a conta, deu uma gorjeta ao já seu amigo Vavá e colocou a cara na rua. Vale dizer que tomou o maior susto de ver aquele avalanche de gente, mulheres batendo na canela e, para alegrar mais, se requebrando de tal forma e numa esfregação tão grande que, se ele não fosse Santo se excitaria na hora! Mas, mesmo com a sua santidade, porém com o juízo cheio de cana, terminou entrando no meio, aproveitando todas as sacanagens, aprendeu logo os passos fundamentais e, sem nem lembrar da sua missão, pegou uma negra gostosa e fogosa e se atracou até o amanhecer! Ela foi para casa, trocaram telefones e ficaram de se falarem no dia seguinte. O fato é que na ladeira do Pelô, só deu Bené e Diva (esse era o nome dela)!

Chegou cansado pra cacete, tomou um banho e pediu no hotel uma pizza para se alimentar para o dia seguinte. Comeu legal, olhou-se no espelho, deu uma risadinha, deitou e se apagou, sem nem escrever uma linha sobre a primeira experiência!

Como suas experiências daqui para frente serão mais apimentadas que os acarajés, vou deixar para a número três, que logo estarei escrevendo com detalhes!

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
  

A experiência de São Benedito!

Antonio Nunes de Souza*

Segundo os defensores da Bíblia Sagrada, creio que para justificar a liberdade e libertinagem que existe na terra e, o Pai Sagrado, não refrear essa gente, mudando os comportamentos, pois, na verdade, é descabida e estranha essa atitude celestial, assim ficou sacramentado o tal do “livre arbítrio”, como se fosse uma liberdade total para todos e, depois, cada um ser penalizado pelos seus pecados!

Essa explicação é, simplesmente, uma questão de fé, pois, não é cabível um Pai com amplos e totais poderes, ver seus filhos praticando super barbaridades e, bancar o Pilatos, lavando as mãos! Esquisitíssima essa atitude, uma vez que, nós que somos simples pais e pessoas comuns, não concordamos com os comportamento dos nossos filhos, literalmente, puxamos suas orelhas e os levamos para os caminhos certos, ou pelo menos tentamos veementemente!

Mas, nossa questão não é corrigir a Bíblia, nem tão pouco fazer contestações a essa interpretação milenar. Se temos fé, o certo é acreditar, porém, se nossa fé não é suficiente, vamos caminhar com um pé na frente e outro atrás, pois um dia tudo será mais que esclarecido!

Nosso texto é sobre uma possibilidade de Deus na sua grande piedade cristã, resolver mandar um emissário a terra, no sentido de ver de perto “in loco” o comportamental dos homens e, com um relatório bem explicado e detalhado, faça com que Ele, na sua bondade, acabe com essa liberdade total que existe no nosso planeta, ou até em outros, quem sabe?

Para tanto, fez uma reunião com todos os Santos, explanou suas ideias e pediu um voluntário para fazer tal trabalho, começando pela nossa querida Bahia. Na mesma hora, S. Benedito levantou-se e se ofereceu para tal tarefa de grande responsabilidade, alegando que a Bahia era um grande celeiro de negros, certamente, ele passaria despercebido e poderia conseguir, tranquilamente, todas as informações necessárias!
O Espírito Santo achou a justificativa plausível e, sem titubear (Deus não titubeia nunca), assinou um autorização com liberdade total, inclusive com todas as despesas livres e sem preocupações com gastos!
Benedito, assim vamos trata-lo daqui pra frente, ficou assanhadíssimo (santo também fica assanhado), preparou sua modesta bagagem, pois as roupas apropriadas compraria num moderno e bacana shopping center, tipo de loja que no seu tempo na terra não existia, e atualmente apenas conhecia através da TV Celestial, filiada da Globo que já está lá com o comando do velho Marinho, querendo manipular os Santos, como faz normalmente com os pecadores da terra!

Como o texto está se alongando, somente com o preâmbulo, vou terminar e, amanhã, escreverei sobre a chegada e estadia de Benedito a Salvador, sendo logo apelidado de Bené!
Não deixe de ler a continuação, pois aí é que começa a aventura do nosso Santo pretinho, nas plagas soteropolitanas!

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A volta do "pão e circo!"

Antonio Nunes de Souza*

Pode parecer um retrocesso na vida administrativa pública, mas, seguramente, trata-se apenas de um atendimento ao querido e ávido povo, por esse comportamento milenar, em detrimento as coisas mais úteis e essenciais para uma comunidade!

Estou referindo-me ao nosso carnaval, antecipado ou não, que será realizado em Itabuna, uma vez que estamos vindo de duas administrações, onde faltaram os pães e os circos, deixando o pobre povo sem mexer as suas bundas e todos os remelexos do corpo e com um pão regrado e amargurado, ou seja, aquele que o diabo amassou!

Com a volta triunfante de nosso “imperador penta campeão”, todos nós sabemos que, na sua agenda de comportamentos, essa antiga pratica é uma das grandes chaves para abrir as portas da sua eterna aceitação eleitoral! Ainda mais desta feita que, bravamente, foi “chamado” através do bonito samba de Dona Ivone Lara. Isso significou que o homem é o “cara”, ou seja o rei dos carnavais (ou circo) e o povo, alegre e super feliz, prova que será sempre o palhaço desse picadeiro!

Por que haveria o povo de não preferir os festejos e usar essa verba para fazer creches, colégios, postos médicos, etc.?
Não tem sentido, já que o homem eleito, sempre ganha contra os outros usando essa poderosa arma. O povo depois, além de também terem um pão enganador, terão o direito e prazer de reclamar as faltas básicas de sobrevivência, mas, isso será sempre uma normalidade perante a política brasileira!

Se seguirmos o adágio conhecido e popular: “Todo povo tem o governo que merece!”, está tudo certo e perfeito. Voltamos ao passado com circo em abundância, pão fresquinho e crocante para os privilegiados e, como sempre aconteceu e parece que acontecerá sempre: o povo “dançando e rebolando”, mesmo analfabetos, doentes e mal assistidos! Ou seja: Samba no pé e vento nas cabeças!

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral262hotmail.com