Antonio Nunes de Souza*
Filha
de mãe prostituta, moradora em uma pequena cidade, quase um vilarejo, situada
em um tronco rodoviário, com o exemplo materno e o descaso de nem ter pai, ou
saber quem foi ele, desde cedo, aos 12 anos começou a fazer vida com os
caminhoneiros que paravam para pernoitar numa modesta pensão, ou, também, com
aqueles que passavam, paravam e a levava, estacionando no caminho para se
saciar do sexo oral, anal e vaginal, pagando a miséria de dez reais e, as
vezes, mais um prato de comida como complemento!
Não
era bonita Raquel. Moreninha com características comuns, pela pobreza das
roupas e maquiagens, nada tinha de especial a não ser sua jovialidade e os
desempenhos sexuais pela prática adquirida durante as experiências diárias. Na
maioria das vezes, era deixada em algum posto de gasolina e, na passagem de um
novo caminhão em direção contrária, pegava sua carona, repetindo suas amorosas
façanhas pelo caminho, conseguindo ampliar o seu cachê do dia. Quando a sorte
bafejava, dava até quatro viagens, chegando a uma arrecadação, para ela,
invejável!
O
tempo passando, com 15 anos, como já poderia ter acontecido antes, mas, sempre
protegida por Deus, terminou ficando grávida e, como ela mesma, nem sabia quem
foi o pai. Isso foi um baque, pois, além de debilita-la em função da sua
alimentação pobre e insuficiente, passou a minimizar seus rendimentos que, na
verdade, eram para sua sustentação, já que sua mãe envelhecida precocemente
pela vida que levava, não conseguia mais vender-se cotidianamente. Raquel há
algum tempo já era a mantenedora do modesto lar, mesmo a mãe apoiando e sabendo
de onde procedia aquele dinheiro!
Passados
uns meses, barriga grande, anêmica, depauperada e bastante debilitada, passou a
viver de mendicâncias e generosidades das pessoas do lugarejo e, ironicamente,
quando se dirigia para o posto médico para marcar o parto, deu com a mão para
um caminhão para pegar uma carona para a cidade vizinha, e o veículo, por uma
tragédia inesperada, atropelou Raquel, jogando-a para cima, provocando a sua
morte imediata!
A
pobre menina, que viveu toda sua vida encima dos caminhões, cumprindo um
destino triste, terminou encontrando a morte embaixo de um deles!
Uma
verdade triste que, lamentavelmente, acontece pelas rodovias do nosso país!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL - antoniodaagral26@hotmail.com
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