quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Alforria carnavalesca!

Antonio Nunes de Souza*

Fogosa como sempre foi desde mocinha, Letícia não dispensava de brincar o carnaval todos ao dias, participando ativamente de tudo que era possível, curtindo desde as barracas com sambas de roda e pagodes até os trios e blocos, dentro ou fora, mas, acompanhando por todas avenidas!
Casada com Marcelo há cinco anos, porém, sendo ele evangélico e não brinca carnaval, não fuma e não bebe, ela exigiu quando na ocasião do noivado que casaria, mas, nos carnavais, ela teria sua liberdade para brincar todos dias sem que houvesse nenhuma observação ou reclamação! Ele apaixonado, acatou a ideia e concordou que, nos carnavais, ele iria para um sítio retirado da cidade, pertencente a sua mãe. E assim sempre fez, voltando sem nem querer saber como foi o festejo.
Como já estamos, praticamente, nos dias de carnaval, Letícia já esquematizou todas suas peripécias mundanas que sempre fez e continuou fazendo depois de casada, preparando-se para as maiores sacanagens que normalmente rolam nos dias momescos em todo Brasil, principalmente na nossa Bahia de todos os Santos e de todos os pecados! No ano passado ela conheceu Luiz Felipe, casado e morador de Santa Catarina, passaram todos os dias num hotel da orla, perto do farol e, alegremente, dividia a noite e o dia em horas gostosas de putaria. Felipe era um jovem empresário, surfista, forte e bonito que, sem se esforçar, fazia Letícia ter orgasmos múltiplos e seguidos, que chagava a entortar os olhos parecendo que estava morrendo. Morrendo estava sim, mas, de prazer. O prazer que seu marido, embora adorável, não sabia lhe dar!
Ela, através do Facebook e celular, já tinha combinado tudo com Felipe, o mesmo hotel já reservado e a chegada dele um dia antes. Ou seja, na quarta feira, que era exatamente, quando Marcelo iria para o sítio. Como ele era arquiteto, disse que aproveitaria para rever, cuidadosamente, uns projetos!
 Como normalmente fazem as amantes, Letícia já marcou e agendou cabelereira, manicure, massagista e uns banhos de mar e piscina para pegar uma cor mais sexy (coisas que muitas esposas vacilam e não fazem depois que fisgam os maridos), logicamente para se apresentar despertando a mesma tesão do ano que passou. Felipe, logicamente, deve estar fazendo o mesmo, pois essa vaidade atinge ambos os gêneros!
O curioso de tudo isso é que, Marcelo, na surdina, leva todo ano uma “irmã” da igreja para o sítio e, na maior tranquilidade e sem medo de ser feliz, transam deliciosamente “em nome de Jesus!”!
E assim seus segredos vão passando de ano para ano, ambos felizes, alegres, sem nem pensarem que estão se enganando. Como são meus amigos, as vezes, isoladamente, conversam que, por remoço, estão com vontade de contar e pedir perdão. Mas, rapidamente eu digo: “Nada disso! Tudo pode se complicar, então como vocês estão felizes, deixe tudo ficar para ver como é que fica!!”
O que me deixa numa grande dúvida é se o carnaval é uma coisa divina ou uma invenção do capeta?

*Escritor - Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com 

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