Antonio
Nunes de Souza*
Certamente,
com esse título, você logo imaginou tratar-se de uma mulher bissexual mas, não
é nada disso! Sou padre há 26 anos, me ordenei com 21 anos de idade e, juro por
Deus (mesmo tendo que jurar seu nome em vão, que é pecado), que jamais conheci
uma pessoa, ou melhor uma confissão tão estranha e pecaminosa, executada de uma
maneira completamente inusitada, levando a personagem a um comportamento dúbio
e, o que é mais aterrorizador, completamente de hábitos estranhos!
Cidade
de porte pequeno para médio, onde quase todos se conhecem, porém, uma das
minhas paroquianas das mais fervorosas, que não revelarei o nome, basta estar
quebrando o meu juramento de jamais comentar as confissões ouvidas, sendo o
correto determinar rezas e atos de contrições e, mais que depressa, esquecer o
que ouviu, entregando para o perdão divino!
Mas,
nesse caso, se eu também não fizer uma confissão, ficarei engasgado pelo resto
da vida, somente por ter ouvido essa pessoa, beata das verdadeiras “baratas de
sacristia”. Mulher de seus quarenta e cinco
anos, solteira, sem filhos e moradora sozinha, já que tinha vindo para a cidade
há uns 20 anos em função do seu emprego federal que a transferiu para longe da
família moradora em outro estado!
A
primeira vez que ela me fez esse relato, achei que seria apenas um fato
ocorrido, por razões de oportunidade, ou casualidade que, inesperadamente
aconteceu. Disse-me ela que, desde de jovem sentia duas grandes necessidades em
sua vida: uma de grande religiosidade e a outra de prazer sexual! De dia
rezando e professando com fervor a eucaristia e a noite devotando
gananciosamente a putaria! Essas foram, textualmente, as suas palavra! Eu quase
caí duro no confessionário, levantei o rosto para olhar a sua cara e vi que era
mulher nada mocinha, porém ainda bonita e viçosa!
Não
me contive e, sem dar ideia de censura, lhe perguntei se isso era comum na vida
dela, ou apenas aconteceu uma vez ou duas?
Ela,
sem titubear ou tremer a voz, foi incisiva e repetiu: Padre meu dia todo eu
ofereço a Deus, rezando ajoelhada e nunca falho. Mas, a noite só sinto-me bem
sentada num caralho! O mais curioso é que ela usava de um linguajar perturbador
de tão vulgar, sem, pelo menos, disfarçar seus posicionamentos noturnos!
Lógico
que procurei dar uma serie de conselhos, mostrar que esse comportamento era
inadequado, que ela deveria ser mais comedida, até que arranjasse um marido e
oficializasse esse seu pecado mais que mortal! E ela, veementemente, respondeu:
Gosto de rolas diferentes! Nada de repetições de cardápio, pois o que mais
adora é a surpresa da variação. Grande, pequena, grossa ou fina, essas todas eu
curto desde menina!
Meu
Deus, fiquei chocado e horrorizado com essa confissão de uma mulher, realmente
“Bi”, pois, de dia era uma santa e a noite uma puta! Imaginei logo que, por ser
uma média comunidade, que todos os homens já tinhas comido sua xoxota pecadora
e demoníaca, instalada num corpo santificado!
Mandei
que ela rezasse uma tonelada de Ave Maria e Padre Nosso. Mas, quem disse que
resolveu? Todos os sábado ela volta e repete os acontecidos, cumpre sua
penitência e, mesmo dando uma na noite do sábado, no domingo pela manhã
ajoelha-se em frente ao altar mor, com véu e terço na mão, pede perdão a Deus e
faz a sua comunhão, depois vai cantar no coral da igreja!
Que
Deus, na sua divina bondade, me perdoe por estar quebrando a jura do silencio.
Mas, se eu não fizesse essa confissão, terminaria enlouquecendo!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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