Antonio
Nunes de Souza*
Claro
e evidente que, com esse título, parece que estou me referindo a uma dona de
barraca no lindo bairro de Amaralina, com suas praias enfeitadas de pedras,
porém, convidativas para uns banhos e curtições!
Mas,
não é nada disso que Beatriz Carmona era! Não tinha barraca, não vendia acarajé
e nem outras iguarias. Era, simplesmente, uma mulher relativamente bonita,
branca com cabelos lisos e alourados, olhos claros e estatura mediana. Podia-se
dizer que era uma mulher de boa aparência! Mas, seu apelido de “barraqueira”
deu-se em função dos grandes barracos que ela sempre aprontava no pedaço,
inclusive com brigas corporais, puxões de cabelos e intervenções policiais!
A
porra da mulher, ao mesmo tempo que tinha uma aparência quase angelical, por
qualquer razão sempre ia aos gritos e agarrações se não fosse apartada a tempo.
Nada se podia dizer para ela, que não lhe agradasse que, imediatamente, ouvia,
ou sentia, uma carga de agressões. Um verdadeiro barril de pólvora!
Namoradeira
contumaz, sempre se apegava a alguém de outros bairros, que desconheciam a sua
fama, porém, seus casos eram rápidos, pois, seu comportamento explosivo
provocava uma finalização quase que imediata!
Mesmo
com seus 27 anos, já era bastante rodada, tendo passado pelas mãos de muitos
homens que perderam tempo, mas, não conseguiram domá-la, ou amestrá-la! Um dia,
apareceu um bicheiro, cheio correntes e pulseiras de ouro, carrão bonito e
roupas extravagantes, que logo conquistou Beatriz (Bia para os íntimos). Os
dois eram um chamego só, beijos, abraços, festinhas, motéis, fins de semanas e
tudo mais que os casais enamorados fazem quando se dizem apaixonados!
Entretanto, nosso querido príncipe dos “bichos” era um namorador e conquistador
cafajeste, como são os homens dessa categoria e classe. Um dia arranjou uma
nova namorada e, sem a menor preocupação, levou-a para um pagode no Nordeste de
Amaralina (lugar boca de 09 e perigoso), e, para azar de todos, Bia soube que
ele estava acompanhado de outra aos beijos e abraços. Pegou um táxi e, imediatamente,
chegando lá, fez o maior “barraco”, além de xingamentos, pegou uma garrafa,
quebrou na ponta da mesa e avançou com o gargalo em riste contra o namorado
traidor. Esse foi o seu erro e, infelizmente, seu último escândalo público. O
Bicheiro sacou sua arma e deu um certeiro tiro na testa de Bia que, com os
olhos arregalados, foi caindo para trás, já completamente sem vida!
O
cara fugiu para livrar o flagrante, apresentou-se no dia seguinte com dois
advogados dos melhores, pagou sua fiança e ficou de responder em liberdade,
pois, todas as testemunhas declararam que foi em legítima defesa física e da
honra!
Hoje
Beatriz não passa de uma lembrança, que serve de lição para as pessoas que
adoram fazer escândalos e confusões nos seus relacionamentos. E, com certeza,
uma prova que nem todo mundo respeita a “Lei Maria da Penha!”
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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