sábado, 8 de outubro de 2016

Varias maneiras de se estressar!

Antonio Nunes de Souza*

Seria mais lúcido e normal, eu estar lhe informando, com detalhes, as mais diversas maneiras e comportamentos que nunca lhe estressasse, dando uma vida linda, sadia e feliz! Mas, sinceramente, qualquer vivente ajuizado sabe de cor e salteado o que se faz necessário para que possamos viver pacificamente feliz, sem ter que enfrentar as agruras do inferno, vivendo na terra!

Ao acordar, Carlos Eduardo, já cheio de preguiça para ir para o trabalho, vai tomar um banho e, como acontece ultimamente, está faltando água. Putíssimo da vida, pega uma garrafa de água mineral para lavar o rosto e, por azar, todas estão no refrigerador e ele tem que lavar o rosto com água gelada. Claro que não é nada agradável estando ainda com o corpo quentinho. Depois desse pequeno asseio. Vai até a janela olhar o tempo e vê que está o maior toró e as ruas alagadas. Fica revoltado, sem atinar que, essa bendita chuva está enchendo os mananciais para que venha a água encanada em abundância. Veste uma calça de tropical e uma blusa de lã com mangas compridas para enfrentar o tempo e sai, como de costume, vai tomar café na lanchonete em frente e percebe que está fechada em função da água da chuva ter subido o passeio, e invadido o recinto em quase um palmo.
Vai até a garagem pegar o carro e vê, logo de cara, um dos pneus da frente vazio. Provavelmente, furado! Não pode chamar o porteiro para ajuda-lo, pois o mesmo está preocupado em tirar a água que está avançando pela entrada.

Então...todo pronto e a caráter, começa com a operação socorro, suando pelos esforços e, ao mesmo tempo, a chuva começou a passar e abriu um sol daqueles causticantes e inesperados. A roupa que estava vestido, obviamente, incomodando e começando a grudar no corpo. Olhando o relógio viu que já está atrasado para uma reunião com a diretoria e resolve entrar no carro e seguir para a empresa. Liga o ar condicionado, se refresca um pouco e, como uma miragem, aparece em sua frente um grupo de policiais, armados fortementes, parando todos os carros e fazendo vistorias. Fica louco da vida, se esquecendo que, se não tem polícia, os ladrões e bandidos passam livremente, se tem polícia as pessoas se revoltam achando que estão atrasados. Com o trânsito travado pela blitz, olhou para o relógio e já era 09:45 e a reunião era as nove horas. Pegou o celular e ligou para a secretária avisando as razões do atraso e que ela justificasse sua ausência.
Depois dessa luta toda, chegou ao local da empresa e teve que dar umas 5 voltas no quarteirão para encontrar uma vaga para estacionar. Subiu o elevador e, por ironia do destino, faltou energia e o grupo gerador do edifício estava em manutenção e demoraria pelo menos quarenta minutos. Mas, por sorte, a energia voltou em dez minutos. Chegou a sua sala, sem tomar nem um cafezinho até aquela hora, pegou seu material relativo aos assuntos que deveriam ser tratados e seguiu para a sala de reunião. Chegando lá a reunião estava acabando e, entre os assuntos que foram tratados, um deles seria a contenção de despesas com o pessoal, restrições de gerentes e, lamentavelmente, ele foi um dos despedidos sumariamente. Boquiaberto e puto da vida, no auge do estresse, pegou a pasta com toda papelada, jogou na cara dos diretores, mandou todo mundo para puta que pariu e, sem nem vacilar, correu para a janela e se atirou do décimo sétimo andar.

Lá embaixo na rua estava seu corpo todo quebrado, lavado de sangue e, em volta, entre as pessoas da rua, os funcionários da empresa comentavam. “Que loucura meu Deus, apenas por que foi despedido ele faz uma bobagem dessa!”

Até hoje, ninguém sabe o que passou com Carlos Eduardo aquela manhã de primavera, para que o deixasse tão estressado ao ponto do desespero! São coisas do mundo moderno e o que, idiotamente, chamamos de progresso e melhoria de vida!

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com


Nenhum comentário: