Antonio Nunes de Souza*
Abdias,
homem comum, pedreiro de mão cheia que, com sua experiência de mais de 20 anos,
é capaz de sozinho levantar uma casa, inclusive a parte elétrica, hidráulica e
pintura. Cidadão pouco letrado, mas, super qualificado e reconhecido na sua
comunidade, podendo-se dizer sem errar, que era um cara “retado de bom!”
Uma
vida pacata, mulher e uma filha, tendo como transporte uma velha e bem cuidada
bicicleta, que o levava para os locais de trabalho e passeios. Um homem
tranquilo, morador de uma cidade pequena e pacata, sem as loucuras dos grandes
centros. Certa manhã, ele acordou com dores agudas na barriga, que mesmo com
seu forte corpo, não conseguiu ir trabalhar. E aconselhado pela esposa Adriana,
foi ao posto médico do SUS, para que fosse medicado. Lá chegando, depois de uma
demora, com a ajuda de uma enfermeira, que ele tinha feito uma reforma em sua
casa, foi atendido com a maior presteza. O médico fez um exame minucioso, colheu
sangue, fez outros exames sofisticados, e sem receitar medicação, recomendou
que voltasse pra casa e repousa-se até os resultados dos exames, que poderia busca-los
em dois dias!
Abdias
saiu lentamente, sentindo dores fortes no abdome, e chegando em casa foi direto
ao sanitário, onde aconteceu uma disenteria fortíssima, que além de volumosa, foi
bem mal cheirosa. Logo ele imaginou, que sua doença era um distúrbio
intestinal, pois, assim que evacuou, sentiu um grande alívio. Deu graças a
Deus, mas, mesmo assim, depois de tomar um chá dado por Adriana, resolveu deitar-se
e descansar!
Passados
dois dias sem ir trabalhar, voltou ao posto médico, a atendente com o rosto
meio tristonho, passou para ele a sequência de exames, e ao mesmo tempo falando
que ele estava com um câncer na região intestinal, já em estado adiantado. Para
ele foi um choque inesperado, pois imaginou que tinha sido uma dessas eventuais
dores de barriga, causadas por problemas de alimentação. A enfermeira sua
amiga, querendo ser sincera com ele, disse que pelos exames estava em estado
adiantado, e não mais cabia cirurgia, radioterapia ou quimioterapia para
minimiza-lo!
Abdias
arrasado, foi para casa imaginando como dizer isso para Adriana, sua querida
esposa. Lá chegando chamou na sala a filha de 15 anos e a mulher, e com a voz
chorosa e o coração cheio de dor, mostrou os resultados dos exames e o diagnóstico.
Foi um pranto só, todos abraçados sofrendo o impacto da notícia! Porém, mesmo
sem estar acreditando, todos se restringiram a pensar que providências deveriam
tomar, até esperar o provável óbito em breves dias!
Abdias
não foi mais trabalhar, ficando em casa sofrendo e perguntando a Deus, a razão
de ser acometido tão jovem e sadio, de uma doença tão mortal. Aí, como as
esposas gostam mais de saber detalhes, Adriana mulher danada e teimosa igual a
um Pitibull, foi ao posto procurar o médico que o examinou, para pelo menos tentar
oferecer ao marido um menor sofrimento, durante seu período terminal. O médico
infelizmente tinha saído de férias um dia antes, e ela foi atendida por outro,
que lendo os exames, achou algo estranho, e mais que depressa abriu o programa
do computador na ficha de Abdias e, para uma grande alegria e felicidade, existia
na lista e vizinho, um outro Abdias, e viu que a moça da secretaria tinha dado
por engano, um falso diagnóstico ao seu marido, o que seria do outro. E o que
ele tinha sido acometido, foi uma diarreia brutal, conhecida como caganeira!
Adriana
nem se preocupou com o erro, voltou às pressas para casa, deu para ele os
resultados certos, já levando um fraco de limonada purgativa para uma lavagem
intestinal!
Isso
prova que em todas questões de nossas vidas, devemos sempre ouvir uma segunda
opinião, até quando ambas não coincidem, devemos parar, refletir, pensar e
tomar a decisão que mais nos dará alegria e prazer!
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
Um comentário:
Graças a Deus que só foi um engano!
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