Antonio Nunes de
Souza*
-Meritíssimo Juiz o senhor permite que meu cliente relate os fatos e faça a sua
defesa?
-É procedente advogado Rommel, para que sejam esclarecidas algumas partes desse
processo estranho e inusitado!
-Então, dirigindo-se a mim, o advogado solicitou que me colocasse em frente ao
juiz, e começasse minha narrativa!
-Senhores, meu nome é Mendonça e procurarei não omitir nenhum detalhe, mesmo
aqueles que possam denegrir minha imagem, uma vez que, minha intenção é alertar
todos, para que coisas como essas não aconteçam com outros. Embora ainda esteja
no vigor da minha sexualidade, não precisando de reforços medicamentosos,
conversando com um amigo que mesmo sendo bem mais jovem, é contumaz usuário de
tais produtos, este me aconselhou a experimentar pelo menos uma vez, apregoando
que o meu desempenho melhoraria 100%, e o ego iria lá pras cabeceiras, dado aos
elogios que receberia das parceiras altamente saciadas!
-Naquele momento, dei uma larga risada pela entonação artística que ele deu e,
de imediato, vislumbrei em minha mente a mulher dizendo-me: Você é maravilhoso,
mas, pare, por favor, que não aguento mais!
-Por favor, queira restringir-se apenas aos fatos, sem citações das suas
elucubrações. Falou o juiz com a voz ríspida, mas, notava-se ele prendendo o
sorriso!
-Desculpe Meritíssimo! Então, nos despedimos e eu saí dali
pensando no assunto e, por mera curiosidade, resolvi passar em uma farmácia que
ele havia recomendado dizendo que eles não pediam receita. Dirigi-me ao
atendente e solicitei com a voz mansa e cautelosa o miraculoso produto. O
solícito balconista, bastante discreto, encaminhou-se ao fundo da farmácia e,
minutos depois voltou trazendo na mão uma caixinha retangular e disse: O senhor
vai querer levar a caixa completa ou apenas alguns comprimidos?
-Bem, como é a primeira vez que vou usar, acho melhor levar o suficiente para a
experiência, e se for interessante e eficaz, voltarei aqui para adquirir mais!
-Então um envelope com quatro dá para duas ou três vezes, colocando o senhor
num pedestal de atletas. Disse ele com um sorriso maroto nos lábios!
Peguei o santo remédio, paguei e segui o caminho de casa, já
pensando com quem iria inaugurar essa minha nova era de bom de cama. Aliás, nunca
deixei de ser, porém, com o passar do tempo, já despontavam algumas parcimônias
do dito cujo, não mais desejando trabalhar com as grandes assiduidades do
passado. E quando eu estava imaginando meus desempenhos sonhadores, toca
o telefone! Alô! Oi Tereza, como vai você? -Tudo bem Rommel! Estou ligando para
lhe convidar para nós saímos hoje à noite. Estou com vontade de tomar uns
chopinhos e comer uma pizza. E depois poderemos até dançar um pouquinho. Que tal?
-Sem nem pensar, fui logo dizendo que sim, pois Teka é uma gata
maravilhosa e eu andava doido por essa oportunidade, já que sempre me
insinuava, mas ela levava na brincadeira e me deixava na mão. Agora, sendo uma
iniciativa dela, era sinal que a coisa iria rolar.
-Então, passe aqui as 21 hs e me pegue. Vou esperar! Beijos!
Claro que me assanhei todo, peguei o envelope da farmácia na mão, dei dois
beijos, guardei no bolso e falei: Hoje estou entregue a você!
-Me arrumei todo, peguei o carro, coloquei um CD de Maria Bethânia e fui ao
encontro da Tequinha. Parei, ela entrou com aquele corpo monumental, demos um
beijinho de boa noite e seguimos para curtir a noite, Segui direto para um
lugar para dançarmos alegando que lá tomaríamos uns drinks e depois iríamos
jantar. Ela gostou da ideia, e eu também, já pensando em jantar, e depois gostosa
operação amorosa inesquecível, contando com a ajuda da pílula miraculosa!
Depois de duas horas de danças e esfregações, regadas com um bom vinho francês,
paguei a conta e saímos abraçados, com aquela alegria normal que se apodera dos
casais que estão a fim de terminar a noite numa boa. Fui para o melhor motel,
pedi a suíte presidencial, um champanhe e alguns petiscos para acompanhar!
Tereza falou que ia retocar a maquiagem e se dirigiu ao sanitário. Aí eu
aproveitei e peguei um comprimido e engoli rapidamente, porém, bastante nervoso
e tenso por ser a primeira experiência. Ela voltou toda cheirosa já com a roupa
meio aberta e começou a me beijar. Pulamos na cama e começamos os preliminares.
Mas, por mais que me esforçasse, eu passava a mão nas minhas partes e não
sentia nenhuma reação. Comecei a transpirar e ver que Tereza estava notando
minha falha na hora da verdade. Então, preocupado e com vergonha, pedi licença
e fui ao sanitário, pegando antes meu envelopinho e lá tomei mais outro
comprimido, achando que a dose tinha sido pouco, e voltei para cama. Mas, quem
disse que adiantou nada! Eu nervoso e Tereza ávida e tomando quase toda garrafa
de champanhe! Morto de vergonha vesti a roupa e passei a dar desculpas para
ela. Aí ela, já meio de fogo e toda excitada, começou a me chamar de broxa, que
eu não era homem, bem que ela sempre recusou meus convites e, que no dia
seguinte, iria telefonar para todo mundo contando o que se passou. Isso ela
gritava em minha cara dando enormes gargalhadas!
-Meritíssimo, foi nessa hora que o sangue que deveria ter ido para
baixo subiu para a cabeça e, num acesso de loucura, enchi a cara dela de
porrada e só parei quando ela desmaiou! Parei assustado, vi a desgraça que
havia cometido. Chamei o gerente do motel, pois pensei que ela estava morta e
ele, imediatamente, chamou o SAMU e a polícia também. A ambulância a levou e a
polícia me prendeu em flagrante. Eu queria explicar, mas, os policiais não
queriam ouvir nada e diziam que eu iria falar com o delegado!
Na delegacia o delegado me tranquilizou dizendo que havia ligado para o
hospital e ela apenas estava com um corte no supercílio, que foi a causa de
tanto sangue. Mas, estava bem e sem maiores problemas. Essa notícia me deu um alivio
grande e, quando percebi olhando para baixo, meu membro estava mais duro que
badalo de sino. Tomei um susto e minha reação foi colocar a mão no bolso para
disfarçar aquela situação constrangedora, numa hora tão imprópria.
Meritíssimo aí foi que que aconteceu o desagradável e humilhante.
Colocaram-me em uma cela com uma mulher extravagante, porém até que era bonita
e o carcereiro, tendo notado minha excitação, disse com uma risada bem
maliciosa: Aproveite o resto da noite valentão!
-Minha preocupação era sair dali o mais rápido possível, mas, do
jeito estava, assim que o cara saiu, a mulher começou a me apalpar e não tive
como dizer não. Ela me masturbou umas cinco vezes e, somente depois disso, o
desgraçado “falhador” começou a adormecer. E, para minha surpresa, quando
percebi, a tal mulher era um traveco. Aí não aguentei! Dei-lhe uma porrada que
a bicha caiu com as pernas abertas completamente desmaiada. Depois foi que fui
saber que tinha que tomar a merda do remédio uma hora antes para dar o efeito
desejado. Mas, infelizmente, já haviam acontecidas as tragédias. Peço-lhe
meritíssimo que compreenda minha situação, pois foi por falta de informação que
aconteceu esse fato e, sinceramente, perdi a cabeça e agi como um louco
desesperado, mas, sou um pacato cidadão!
-Infelizmente o senhor foi enquadrado na lei Maria da Penha e
homofobia e, por esses crimes e delitos está condenado a 4 anos de detenção em
regime fechado, e pagar todas despesas médicas das suas vítimas. Falou o juiz,
batendo o martelo e dando o julgamento por encerrado!
Estou fazendo essa declaração para que todos vocês tenham o máximo
cuidado com esses remédios, evitando o que aconteceu comigo: Tomei para foder e
acabei fodido!
*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta!
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