sábado, 4 de dezembro de 2021

ESSE ANO NÃO VOU BRINCAR!

 

Antonio Nunes de Souza*

- Não acredito no que vocês está dizendo, minha filha! Logo você que jamais faltou nas festas carnavalescas, rainha não oficial dos carnavais baianos?

-Pois é querida. Esse ano deu a maior merda do mundo, além dessa virose assassina! Tive uma grande felicidade, acompanhada de uma preocupação e despesas extras, que me eram completamente desconhecidas!

-Abra o jogo que já estou curiosa para saber das novidades!

-Como você sabe eu sou super criteriosa, mulher com cabeça feita, mesmo com trinta dois anos, independente, boa formação profissional, sempre cuidadosa para não dar chance aos azares da vida e me complicar, mas, no ano passado, teve um noite que saí sozinha para dar uma volta na avenida, enquanto você ficava com seu namorado e, nesse passeio, dei minha vacilada imperdoável, e as coisas aconteceram de formas lindas e inesquecíveis, porém, deixando-me uma sequela deslumbrante linda, entretanto, um pepino monstruoso para descascar!

-Pô! Fala logo mulher, que merda foi essa que aconteceu!

-Parei numa roda de capoeira e, inesperadamente, surgiu um negro maravilhoso, elegante, ágil, bonito e sem aqueles horríveis cabelos de rastafári. Começou a dar lindos saltos e passes maravilhosos, que me impressionaram, deixando-me perplexa e de boca aberta. Minhas reações foram tão acintosas, que ele quando parou, encostou-se ao meu lado e perguntou se eu havia gostado!

-Claro que disse que sim e, sem pedir nenhuma permissão ele me abraçou e convidou-me pra tomar uma cerveja. Como se estivesse hipnotizada, o acompanhei, sentamos, conversamos, rimos, nos beijamos e, depois de algum tempo, me pegou pelo braço, levou-me em uma pensão barata, e fomos para o quarto transar de todas as maneiras que sabíamos e as que vinham cabeça, esquecendo das consequências posteriores, achando que só acontece com os outros!

-Nada lhe contei dessa aventura louca, achando que não seria importante, como também não se enquadrava em mim. Mas, quando cheguei em Curitiba, percebi que estava gravida e, como sou religiosa ao extremo, não quis de modo algum fazer aborto, preferindo ter a criança!

-Contando os nove meses da data do carnaval, meu pequeno Luigi nasceu, estando hoje com quatro meses de vida (ainda estou amamentando meu querido e inesperado filho!)!

-Assim sendo, achei melhor ficar cuidando da criança, segurar mais os meus ímpetos, tomar maiores cuidados com essas contaminações, pois, por incrível que pareça, não sei nem o nome do homem que me engravidou, pois, na roda de capoeira chamavam ele apenas de Exótico e ele me disse que era de Ilhéus. Foi uma aventura louca e um passo em falso, que pensei jamais dar. Mas, um dia a casa caí e acontece com todos nós. E, mesmo tendo sido uma porra-louquice, foi um momento maravilhoso de prazer. Ele era um negão forte, bonito, carinhoso e muito bem dotado!

Com isso aprendi que devemos ser mais previdentes, nos policiar e medir as consequências, que podem causar tais problemas!

-Menina estou pasma! Logo você que sempre foi a mais ajuizada de todas nós, dar uma de cão sem dono, e ir parar nos braços de um desconhecido?

-Uma pena a sua ausência querida, mas as razões justificam e muito bem. Bom descanso, beijo no baby e, depois do carnaval, que esse ano vai ser bem maneiro, restrito a alguns eventos com números determinados de pessoas, comprovação de vacinação, e não sairão nem blocos nem trios, não vale mesmo a pena você se sacrificar. De qualquer forma, depois vou lhe ligar para contar como foram as coisas!

-Tchau Isabella querida! Tudo de bom e tenha seus cuidados para que não aconteça o que aconteceu comigo!

-Um grande beijo Virgínia, se cuide e até o próximo ano!

Carnaval é uma festa alucinante, sendo o da Bahia sacrossanto e pecaminoso, e ao mesmo tempo, uma grande armadilha cheia de boas e maus intenções!

*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com

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