Antonio Nunes de Souza*
No
velho e saudoso passado, todos se dedicavam a rezas, orações, idas as igrejas
respeitosamente, ver os santos todos cobertos com panos roxos, nada de festas, e
nem eventos que não fossem religiosos. Até as feições dos religiosos (que eram,
praticamente, todos), tinha aquele ar de sentimento e piedade, com os
pensamentos voltados, exclusivamente para reviver o sofrimento de Jesus Cristo
na sexta-feira santa, e na tradicional missa do galo à meia-noite. Indo depois,
todos para suas casas bastantes constritos, para no dia seguinte comemorar o
sábado de aleluia, com queimas de Judas em diversos bairros, sempre
simbolizando alguns dos moradores como uma espécie de deboche, lendo-se um testamento
previamente feito, falando nas heranças deixadas pelo apóstolo traidor. Além
disso, outros bonecos representando políticos em geral, que eram queimados em
praça pública, embaixo de sorrisos e gargalhadas de todos. Pelo visto,
percebe-se que, veementemente, havia uma respeitabilidade pela trágica morte do
Messias, filho de Deus, que morreu segundo dizem, para salvar o mundo. Coisa
que, com certeza, Ele não faria hoje, pois, seria fuzilado logo pelos
milicianos, quando inventasse de fazer comícios contra os comportamentos da
direita e dos evangélicos, que são e agem, completamente diferentes do que Ele
pregou, há dois mil anos. Creio que ficaria calado e chocado, em ver todos com
as bíblias debaixo do braço, cantando aleluias para Ele, e, por outro lado,
endeusando um demônio político, guiados pelos seus próprios e falsos Pastores e
desonestos ministros, que cada dia enriquecem mais, explorando a pobreza e
ignorância dos cegos e tolos fiéis!
Havia
uma tradição, que na quinta feira fechava-se o “balaio”, ou seja, que ninguém
deveria transar, somente abrindo o balaio no sábado de aleluia. E olhe que,
seguramente, milhões obedeciam religiosamente!
No
presente tudo ficou completamente diferente, pois, a preocupação é se organizar
para pegar um feriadão de sexta, sábado e domingo, que, tranquilamente, vão
bombar nos bailes Funk, prévias de forrós, pagodes com a participação de uma
cacetada de MCs e Quebra Barracos, letras cheias de segundas intenções e
sentidos dúbios, danças que parecem relações sexuais, e as vezes fazem rodas em
plena rua, e transam de verdade, deixando todos em volta, loucos aos gritos de
“cachorrona”, e para completar, vão passando de mão em mão o gostoso “bagulho”
de maconha, que não pode nunca faltar nesses ambientes. As cheiradas de pó e as
constantes porradas, fazem parte normal dessas festas, pois, não tem um no
local, que esteja se lembrando ou preocupado, que está na páscoa, muito menos
se Jesus morreu, ressuscitou ou se vai morrer outra vez!
Antes,
na quinta e sexta feira, além do jejum, somente se comia peixe. Eu fui
perguntar a uma amiga jovem se já tinha comprado o peixe pra comer, e ela,
cinicamente respondeu: Tem um navio americano no porto, e eu vou é comer um marinheiro
lourinho e gostoso, pois, pra mim marinheiro vive no mar, então é peixe. Falou
caindo na gargalhada, me deixando de boca aberta!
Será
que essa merda toda é evolução ou esculhambação?
Só
posso imaginar, que as igrejas, das mais diversas crenças, estão perdendo seus
poderes, as mistificações desaparecendo, as pessoas saindo pelas beiradas,
deixando somente os tolos, velhos, desesperados, doentes, analfabetos e pobres,
continuarem cumprindo suas sinas, acreditando num suposto céu, e nas palavras
dos falsos Messias, exploradores de dízimos, e milagreiros de araque,
totalmente sem vergonhas!
O
fato é que, cada ano, nossa páscoa, assim como o Natal, o povo continua
sapateando sem ligar nada, nem no nascimento, nem tão pouco na morte do
santificado filho de José e Maria!
Gostaria
até que Ele existisse, para eu ver com alegria, essa terrível quadrilha toda ir
parar nas profundezas do suposto inferno!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
Um comentário:
Bom dia amigo Boa semana!
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