quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

PORQUE EU ESQUECI MEU PRIMEIRO AMOR! (Clique e leia)

Antonio Nunes de Souza*

Saí de um divórcio há 5 anos, de um casamento que apenas durou dois, com um marido que conhecia desde menino, fomos namorados desde a infância, e casamos assim que nos formamos. Éramos somente um para o outro, com juras de amor todos estantes, uma vida sexual além de intensa, super aprazível e deliciosa. Esse era meu primeiro e único amor!

Aí, sem eu esperar, o cachorro do meu marido Fernando, conheceu uma tal de Maciele, mulher exibida e cheia de tretas, e o desgraçado apaixonou-se completamente!

Vou contar como aconteceu: No início eu passei a acha-lo meio estranho, sempre me tapeando com presentes, chegando mais tarde do trabalho, transando menos comigo, etc., até que um dia ele foi tomar banho e a cachorra ligou para ele. Como ele estava no banho eu atendi pensando ser alguma cliente dele, e antes que eu falasse, ela disse: “Meu amor, vou lhe esperar daqui há uma hora no apartamento”. Tomei um puto susto, mas, antes de perguntar quem era, ela disse: “tchau querido, beijos” Eu ainda falei: Alô, Alô, mas, ela já havia desligado. Mesmo tensa, imaginei que poderia ser uma ligação errada, mas, mediante aos acontecimentos sutis que vinham ocorrendo, resolvi ficar calada e observar se ele sairia. Ele voltou do banheiro todo barbeado e perfumado, que já me deixou em suspense. Logo depois ele pegou o celular, e viu que tinha uma chamada e, meio desconfiado, perguntou se eu tinha atendido alguma chamada, eu logicamente disse que não. Aí ele então disse: Evaldo ligou aqui pra mim, vou ligar para saber o que ele quer. Com isso eu tremi dos pés à cabeça, mas, controlada pra não dar bandeira, segurei minha barra, esperando o resultado. Ele fez a ligação em minha vista e falou: Oi, você queria algo comigo? Ela deve ter estranhado, mas, burra, achou que tinha ligado errado, e deduzo que voltou a combinar. Ele logo falou que Evaldo estava com um problema, e queria falar urgente com ele, e que fosse lá em uma hora. Quando o sacana falou isso, me deu vontade de mata-lo, mas, como sou contra feminicídio, não vou também cometer homicídio. Fiquei calada e disse me roendo por dentro: Tá legal, vá atender seu grande amigo!

Jantamos ouvimos um pedaço do jornal nacional, ele sempre olhando para o relógio, até que disse: Vou lá ver meu amigo, não sei que hora volto, pois, não imagino o que se trata e pode demorar. A esse altura eu já estava puta da vida e preparada para ir atrás. Com a chave de meu carro na mão, que ficava fora da garagem, pensei em segui-lo e pega-lo no flagrante.  Ele levantou-se, foi para porta e saiu. Olhei pela greta da porta entreaberta, vi ele entrar no elevador e logo fui atrás. Fiquei esperando o elevador voltar na maior ansiedade. Mas, o desgraço ainda parou no quinto andar, fazendo que a volta demorasse mais. Pensei na escada, mas, seria foda descer onze andares e ele já teria partido. Com a maior raiva, o elevador voltou parecendo horas, mas, mesmo assim resolvi descer. E para minha surpresa, vi que o seu carro estava parado na nossa vaga do edifício. Juro que fiquei pirada. Não é possível que ele tenha ido de ônibus ou táxi!

Aí me deu um estalo e me lembrei da parada do elevador no quinto andar. Voltei voando para a portaria e perguntei ao seu Mendonça quais eram os moradores do quinto. Aí ele disse tem três apartamentos, um para vender, outro para alugar, e o terceiro 503, mora dona Maciele, uma moça bonitona que é modelo e manequim. Suas palavras foi como um golpe mortal em meu coração, porém, mesmo completamente azoada e puta da vida, agradeci e, imediatamente, peguei o elevador, cheguei no destino e toquei a campainha. Um minuto depois ouvi uma voz feminina dizer: Deve ser o homem da pizza que eu pedi, e abriu a porta com um roupão de seda bem transparente, e tomou um susto terrível, pois, eu não a conhecia, mas, ela claro que devia me conhecer. Tentou fechar a porta, coloquei o pé impedindo e empurrei com força, vendo ele totalmente desnorteado sentado no sofá!

 Como não sou barraqueira, apenas disse que ele não voltasse para casa, e que a partir daquele momento, ele somente falaria com meu advogado. Dei meia volta e chorando muito pela decepção, fui direto para cama, sem querer comentar com ninguém esse fato deprimente!

Talvez por estar traumatizada, dormi imediatamente, somente acordando no dia seguinte as 9 da manhã. Não fui para meu escritório de arquitetura, e liguei para Rommel, um amigo advogado (que não era amigo dele) e marcamos nos encontrar para conversar!

O resultado é que nos separamos e com três meses nos divorciamos, e o canalha até hoje continua com sua amante a modelo Maciele, e se mudaram logo do edifício!

Eu com meus 30 anos, livre e independente, nunca mais quis saber de casar ou morar com homem nenhum, namoro muito, transo bastante com meus selecionados namorados, chegando inclusive a comprovar que o canalha nem era bom de cama, pois, já conheci vários homens bem melhores. Me sinto feliz, viajo, passeio, não perco a chance de transar, principalmente no exterior, vivo na maior tranquilidade, e juro que nem me lembro do “meu primeiro amor”. Lembrei agora por estar vendendo o apartamento que morei com ele por dois anos!

Todos dizem que nunca se esquece o “primeiro amor”. Mas, eu nem me lembro que esse cachorro existiu. Mulher que fica chorando por homem descarado é uma idiota!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!


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