Antonio Nunes de Souza*
Aproxima-se
o carnaval e ele está totalmente louco de alegria. Seus pais irão para a Ilha
passar quinze dias, ficando a casa livre para curtir a maior parada, sem
limitações de ações e prazeres mundanos.
-Roberto,
prepare a rola brother! Os velhos vão pra ilha e só vai dar a gente aqui em
casa. Com esse calor da porra, quero tomar banho de xoxota de manhã, de tarde e
de noite há, há, há, há!
-Verdade,
Marcelo?
-Duvida não,
bicho! Tá tudo mais cor de rosa do que cu de loura!
-Pô cara,
vou juntar meus paninhos de bunda, e me mudar praí assim que os velhos
partirem.
-Então
arruma logo, pois eles vão hoje à tarde.
Inclusive eu vou levá-los lá e volto com o carro que vai ficar comigo,
tanque cheio e as porras todas!
-Valeu
brother! Ao cair da noite eu bato aí de mala e cuia!
Roberto guardou
o celular, foi para mesa almoçar com os pais, e em seguida dirigiu-se ao ferry
boat, levando os coroas para a casa de veraneio. No caminho seu pai ia fazendo
as recomendações, principalmente com relação ao carro e a casa.
-Fique frio
velho! Vai ser tudo beleza e massa real. Podem curtir os ares marinhos que nada
acontecerá. Depois que entrei na faculdade, meus pensamentos só apontam o
futuro. Aquele papo de jacaré que “o futuro a Deus pertence”, não me confunde
mais. Eu é que construo minha vida e meu futuro.
-Como fico
feliz em ver que você está ajuizado. Falou a mãe, dando-lhe um beijinho no
pescoço.
Dezenove
horas Roberto já estava em casa de volta, à espera de Marcelo que, minutos
depois, tocava a sirene do AP.
-Entra meu
rei! Você está chegando ao paraíso, só faltam as “meninas Evas” pra gente
encher o cu de maçãs, há, há, há! Assim Marcelo foi recebido pelo amigo.
-Velho, vai
ser o maior carnaval da minha vida. Casa, carro, liberdade, grana e muita
xoxota. Eu não mereço tanto, há! há! há! há! há!
Isso
aconteceu na quinta-feira, dia que oficialmente inicia o carnaval baiano (digo
oficialmente porque carnaval na Bahia na verdade começa em primeiro de janeiro
e só acaba em 31 de dezembro), o Rei Momo recebe a chave da cidade no Campo
Grande, e o desfile dos trios segue até a Sé e rompe a madrugada a dentro.
As paradas
momescas foram as mais deliciosas possíveis, tudo dentro do esperado. Turistas
e baianas todas loucas e liberadas para as maiores porralouquices em nome da
liberdade, e em defesa do movimento das “vadias”. Para os homens isso é a sopa
no mel, pois, elas se orgulham de dar a vontade, e eles de comerem a gosto. Uma
permuta de prazeres que, se algo der errado por algum vacilo, uns ganharão umas
DSTs (doenças sexuais transmissíveis) e outras umas produções independentes, que
em breve perceberão as merdas que fizeram, e quanto atrapalharão as suas vidas!
Como o
carnaval está chegando novamente, juízo terá quem se cuidar, tomar precauções,
não olhar o carnaval como uma festa para se sair comendo e dando adoidado,
beijando cachorros e gatos como se sua boca fosse um esgoto. Seja inteligente
qualificando seus relacionamentos, não escolher ou acatar entre os que mexem
mais as bundas, ou são saradinhos de verão!
Não precisa
que vocês sejam santos ou santas, mas, também não precisa que se transformem em
verdadeiros demônios!
*Escritor e
um cronista irreverente. Às vezes, poeta!
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