Antonio Nunes de Souza*
Dias
atrás escrevi um artigo onde enfatizava que o homem estava se animalizando cada
vez mais, baseando-me nos fatos e ocorrências que vemos, cotidianamente, em
todos os ambientes. Sem que seja considerado um exagero, os comportamentos
apresentados em algumas ocasiões, nos tira qualquer dúvida que, por ventura,
ainda possa estar existindo.
Dessa
feita não vou me ater às coisas que já viraram uma triste rotina (estupros,
assaltos contra idosos, surras e crimes por preconceitos sexuais, étnicos e
religiosos, aliados a uma série de outros fatos bárbaros e hediondos, que todos
nós temos conhecimento, ou já sofremos, direta ou indiretamente. O que me
deixou incrédulo e estarrecido foi uma prática que para o mundo passou a ser
uma coisa normalíssima, inclusive com direito a apoios e patrocínios
espetaculares dos produtos de ponta no mercado mundial!
Estou
referindo-me a nova versão da antiga luta “Vale-tudo” que, com o tempo, passou
a ser uma diversão, caracterizada pelas “marmeladas” existentes nos tablados,
onde os contendores apareciam com fantasias das mais interessantes e exóticas
possíveis. Agora, passada essa fase bastante explorada pelos trapalhões,
voltamos a ter que encarar esse retorno com outro nome (UFC e MMA), passando a
ser uma prática feroz, digna dos cães Petibulls, onde os homens treinados nas
mais diversas lutas marciais, se enfrentam em uma arena, que mais parece um
curral de luxo, trocando socos, ponta pés, joelhadas, cabeçadas, etc., para,
simplesmente, provar qual é o mais perverso e preparado para aniquilar o
adversário. Só não valendo dedos nos olhos e chute no saco, mas, os golpes são
tão cruéis, que um ponta pé no saco pode parecer até uma carícia.
E,
para selar essa monstruosa vergonha, ainda temos que ver e ouvir Galvão Bueno e
outros chatos, narrando essas contendas sangrentas da seguinte maneira:
“Sensacional telespectadores da rede globo, nosso campeão Júnior Cigano deu um
lindo ponta pé no queixo do adversário, provocando uma fratura exposta nos dois
maxilares, com a belíssima queda bateu a cabeça no piso do ringue, que causou
um belo traumatismo craniano. Vitoria sem sombras de dúvidas do nosso querido e
meigo “JÚNIOR C I G A A A A A N O !”
Depois
de escrever sobre esse novo e sórdido esporte (?), chego ao ponto que me fez
fazer essa crônica/artigo. Como é que em nosso país que, terminantemente, é proibida
a briga de canários, galos, cães e outros animais, as leis apóiam e permitem
esse ato desumano de dois homens (e mulheres também) entrarem em um recinto e
se digladiarem de uma maneira feroz e mortífera e, uma multidão de idiotas,
ainda paga para ver e, com gritos de histeria, vibrar com a sangria, que
normalmente se faz presente.
Essa
atitude paradoxal é mais uma prova, que a animalização humana está
ultrapassando os pobres animais irracionais e, infelizmente, encarada pela
sociedade com a maior naturalidade!
Estamos
nos aproximando com grande rapidez do retorno das contendas espartanas do
Coliseu, ocasião que, com um gesto do polegar, o lutador era assassinado pelo
vencedor e este, aplaudido de pé e premiado!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
Limitada!
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