quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

A RELIGIOSA E PROFANA LAVAGEM DO BONFIM! (Clique e leia)

Antonio Nunes de Souza*

Tem dias que, por mais que não desejarmos, temos que ser saudosistas. Hoje é um desses dias, vendo através da TV o tradicional e maravilhoso cortejo da “LAVAGEM DA ESCADARIA DA IGREJA DO NOSSO SENHOR DO BONFIM”!

Lembro-me, como se hoje fosse, das dezenas de vezes que participei dessa maravilhosa jornada de carro ou a pé, acompanhando centenas de carroças enfeitadas, trios elétricos (atualmente proibidos), dançando e cantando, esquecendo até que era uma festividade religiosa. Aquilo era como uma prévia do carnaval com tudo que Deus gosta e o Diabo adora. E na verdade era, e imagino que está mais libertina e prazerosa!

Foguetórios, bandas, charangas, centenas e mais centenas de pagadores de promessas, que se foderam para conseguir as coisas ou os médicos para lhe curarem, e eles, tolamente, acham que foi Deus que lhes deu ou curou. Multidão de Baianas vestidas a caráter, nos perfumando com água de colônia e, ao mesmo tempo, rezando nosso corpo com suas folhas benditas, descarregando supostamente os nossos gostosos pecados!

Em alguns trechos do cortejo via-se políticos, padres, paroquianas e também uma série de turistas encantados, tirando fotos para levar para seus países de origem, ou mesmo em nosso Brasil.

Não podemos deixar de confessar, que ao longo do trajeto, tomávamos nossas cervejinhas, capetas e caipiroscas, não só para enfrentar o puto calor, como para encorajar a caminhada, que nesse ritmo, torna-se foda pra qualquer um!

Na chegada, isso depois de umas três horas, triunfalmente começávamos a subir a sagrada colina já fodidos de cansados, e nos deparávamos com a deslumbrante e milagrosa paróquia do Nosso abençoado Senhor do Bonfim, pois, Ele é abençoado porque pelo menos nos proporciona uma lavagem, que nos limpa a alma, e satisfaz deliciosamente o corpo!

Ouvia-se a Banda Marcial do Corpo de Bombeiros tocando o Hino em louvor, uma grande maioria fazendo um coral lindo e celestial, mas, uma grande parte já pra lá de Bagdá. Temos que confessar, que já mais pra lá do que pra cá, a preocupação agora era ver a lavagem propriamente dita, e logo em seguida, procurar uma barraca com samba de roda cachoeirano ou santamarense, onde as paqueras corriam sedutoras, soltas, liberais e nada santificadas!

Por mais bobo que fosse o baiano, sempre saía com uma companhia turística ou nativa abraçado. Juntava a fome com a vontade de comer. Depois de rolar todas essas façanhas, voltávamos para nossas casas para descansar da maratona sodomita, dita como religiosa!

Dia seguinte quando alguém nos perguntava se tínhamos ido a lavagem, simplesmente respondíamos assim: Mermão, a lavagem foi fantástica. Um maravilhoso fodevour de Cartoulier! Tomei todas até a noite, sambei e ainda me armei com uma gringa linda, gostosa e sensual!

-Pô cara, e não rezou não?

-Rapaz, não é que no meio da confusão me esqueci! Mas, Nosso Senhor me perdoa por essa falha, pois Ele sabe que a sacanagem tira a gente do sério, e não está comandando mais nada desse mundo!

Já estou pensando no próximo ano, pois, a zorra além de maravilhosa, sempre é bom uma transada com uma estrangeira, fazendo com que nossa rola passe a ser poliglota!

Quanta saudade mermão. Imagino o que estou perdendo!

“Paroano” vou fazer uma força para estar lá!

SARAVÁ MEU PAI!

*Escritor e um cronista irreverente!

 


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