Antonio Nunes de Souza*
Tem
dias que, por mais que não desejarmos, temos que ser saudosistas. Hoje é um
desses dias, vendo através da TV o tradicional e maravilhoso cortejo da “LAVAGEM
DA ESCADARIA DA IGREJA DO NOSSO SENHOR DO BONFIM”!
Lembro-me,
como se hoje fosse, das dezenas de vezes que participei dessa maravilhosa
jornada de carro ou a pé, acompanhando centenas de carroças enfeitadas, trios
elétricos (atualmente proibidos), dançando e cantando, esquecendo até que era
uma festividade religiosa. Aquilo era como uma prévia do carnaval com tudo que
Deus gosta e o Diabo adora. E na verdade era, e imagino que está mais libertina
e prazerosa!
Foguetórios,
bandas, charangas, centenas e mais centenas de pagadores de promessas, que se
foderam para conseguir as coisas ou os médicos para lhe curarem, e eles,
tolamente, acham que foi Deus que lhes deu ou curou. Multidão de Baianas
vestidas a caráter, nos perfumando com água de colônia e, ao mesmo tempo, rezando
nosso corpo com suas folhas benditas, descarregando supostamente os nossos
gostosos pecados!
Em
alguns trechos do cortejo via-se políticos, padres, paroquianas e também uma
série de turistas encantados, tirando fotos para levar para seus países de
origem, ou mesmo em nosso Brasil.
Não
podemos deixar de confessar, que ao longo do trajeto, tomávamos nossas
cervejinhas, capetas e caipiroscas, não só para enfrentar o puto calor, como
para encorajar a caminhada, que nesse ritmo, torna-se foda pra qualquer um!
Na
chegada, isso depois de umas três horas, triunfalmente começávamos a subir a
sagrada colina já fodidos de cansados, e nos deparávamos com a deslumbrante e
milagrosa paróquia do Nosso abençoado Senhor do Bonfim, pois, Ele é abençoado
porque pelo menos nos proporciona uma lavagem, que nos limpa a alma, e satisfaz
deliciosamente o corpo!
Ouvia-se
a Banda Marcial do Corpo de Bombeiros tocando o Hino em louvor, uma grande
maioria fazendo um coral lindo e celestial, mas, uma grande parte já pra lá de
Bagdá. Temos que confessar, que já mais pra lá do que pra cá, a preocupação
agora era ver a lavagem propriamente dita, e logo em seguida, procurar uma
barraca com samba de roda cachoeirano ou santamarense, onde as paqueras corriam
sedutoras, soltas, liberais e nada santificadas!
Por
mais bobo que fosse o baiano, sempre saía com uma companhia turística ou nativa
abraçado. Juntava a fome com a vontade de comer. Depois de rolar todas essas
façanhas, voltávamos para nossas casas para descansar da maratona sodomita, dita
como religiosa!
Dia
seguinte quando alguém nos perguntava se tínhamos ido a lavagem, simplesmente
respondíamos assim: Mermão, a lavagem foi fantástica. Um maravilhoso fodevour
de Cartoulier! Tomei todas até a noite, sambei e ainda me armei com uma gringa
linda, gostosa e sensual!
-Pô
cara, e não rezou não?
-Rapaz,
não é que no meio da confusão me esqueci! Mas, Nosso Senhor me perdoa por essa
falha, pois Ele sabe que a sacanagem tira a gente do sério, e não está
comandando mais nada desse mundo!
Já
estou pensando no próximo ano, pois, a zorra além de maravilhosa, sempre é bom uma
transada com uma estrangeira, fazendo com que nossa rola passe a ser poliglota!
Quanta
saudade mermão. Imagino o que estou perdendo!
“Paroano”
vou fazer uma força para estar lá!
SARAVÁ
MEU PAI!
*Escritor
e um cronista irreverente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário