Antonio Nunes de Souza*
Nem
pensem que estou exagerando, que poderia usar de outra titularidade mais
decente para nós, mas, seguramente, a única palavra que traduz exatamente as
nossas fantásticas capacidades de sobrevivências, é a deliciosa “FODA”, já que
é o máximo dos máximos de uma coisa boa, e de grande valor físico e mental!
Logicamente,
pelas curiosidades natas dos seres humanos, logo perguntarão, por que eu acho
que somos todos “FODA”?
E
eu, tranquilamente, vou passar a enumerar uma série de coisas e fatos que,
certamente, justificarão completamente o meu posicionamento com relação ao
assunto:
A
primeira de todas é a capacidade filha da puta, em aguentar por várias dezenas
de anos os mesmos senadores, deputados e prefeitos, sempre vendo que são uns
cretinos. E para ter o que falar mal, votamos todas eleições nos mesmo
canalhas. Nesse caso, posso até dizer que somos uma grandessíssima e imbecil
“FODA”!
Em
seguida, para não ter que ficar enumerando, vou me ater a explanar as diversas,
e as mais importantes e comuns do cotidiano. Saímos para trabalhar (ou para
procurar emprego), se de carro pegamos um trânsito péssimo e lento, centenas de
motocicletas por todos os lados, transeuntes distraídos no meio das ruas
dedilhando as merdas dos celulares, e você aflito e atrasado para fazer o que
pretende. Aí quando chega, nunca encontra um lugar para estacionar o carro. E
se foi de ônibus, deve chegar atrasado e já receber uma bronca do chefe, que
pouco está ligando que foi o trânsito. Se você é profissional liberal,
comerciante ou industrial, vai logo se preocupar com os clientes que estão com
débitos atrasados, assim como, como arranjar grana para pagar os seus títulos
vencidos. Ao meio dias quando sai para almoçar, tem que contar com uma puta
sorte, para não terem roubado seu carro, não surja um ladrão de moto e leve seu
celular, carteira, documentos, e ainda lhe mete a arma na cara para você passar
as senhas dos cartões. Essas passagens são super rotineiras e comuns no dia a
dia.
Se
na volta para casa, pegando trânsito pior ainda, você der bobeira e entrar numa
área de determinadas facções, fodeu-se solenemente, pois, está passivo de
receber uma saraivada de balas de chumbo, indo parar empacotado no necrotério.
Porém, se for um cara de sorte, apenas, ficará tetraplégico.
Para
aqueles que moram nos subúrbios, morros e favelas, estes podemos considerar
como os supras sumos da “FODA” ou foda ao cubo. Uma vez que, diariamente, são
obrigados a ficar no meio do fogo cruzado entre policiais e bandidos, sendo que
algumas vezes são bandidos contra bandidos, disputando seus territórios. Esses
coitados, pelas suas condições financeiras, só podem optar para dois caminhos:
Viver na merda e assustado a vida toda, ou se unir as quadrilhas, arriscando a
vida da mesma forma. Duas opções filha da puta, que é mesmo que escolher se é
melhor tomar no cu ou na bunda. Ambas escolhas são cheias de similaridades!
Na
área de lazer você não pode ir à praia sozinho, porque quando vai ao mar se molhar
ou nadar, levam sua toalha, chaves de carro e suas roupas. Numa pizzaria ou
restaurante, você pode ser premiado com um puto arrastão, e levarem todos seus
pertences. Nos cinemas e teatros estamos passivos dos mesmo vexames, até
inclusive entrar um idiota atirando a ermos e você receber uma dessas famosas
balas “perdidas” bem no meio da testa!
Fora
esses perigos de políticos e bandidos (ambos são correlatos), temos ainda o das
horrorosas condições climáticas, que você em qualquer lugar está sujeito a morrer
afogado, soterrado num desmoronamento, e se der uma puta sorte, apenas somente
perde o carro levado pelas enxurradas. Os mais azarados ainda perdem tudo das
suas casas, que são ou foram cobertas pelas águas. Já na parte agredida pela
seca, a participação dela é, eventualmente, provocar incêndios florestais, que
chegam a queimar muitas residências e matar centenas de animais silvestres e de
criações, como: Aves, caprinos, suínos, bovinos, equinos e híbridos!
É
bom que se diga, que ainda tem o guerreiro valente e infeliz, que não tem plano
de saúde, tendo que enfrentar um atendimento horroroso do SUS. Esse coitado,
nem é “foda”. É simplesmente, fodido. Talvez seja, como em tudo, a exceção da
regra!
Propositadamente,
não citei que ainda aguentamos o PL, a família Bolsonaro, e os famigerados
pastores com seus milagres de fictícios e suas grandes arrecadações de dízimos,
e as explorações através do pix!
Agora
me diga com sinceridade, tendo de enfrentar todas essas mazelas diariamente, e
ainda pular carnaval o ano inteiro na maior alegria, somos ou não somos “FODA”?
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras