Antonio Nunes de Souza*
Feliz,
tranquilo, alegre, sorridente, cheio de saúde, inteligente, formação
universitária, pós-graduado, mestrado, músico, cantor, compositor, poeta,
escritor e, além de tudo isso, um grande filósofo!
Parece
até que eu descrevi um santo, um homem sobre humano, ou que seja impossível se
encontrar na face da terra, digno de ser colocado em um galpão de parque e
fosse cobrado ingresso, para que o povo tivesse contato com essa figura ilustre,
curiosa e inusitada!
Sem
nenhuma sombra de dúvidas, tratava-se de um ser especial, admirado por todos e
invejado por muitos, que, numa cidade do interior, torna-se um ícone de bons
exemplos, levando-se ainda em consideração o detalhe de importância bastante
significativa, com relação a ser filho único de uma aventura dos arrebatamentos
da juventude de sua querida mãe, que, com trabalho e sacrifício, sozinha,
orgulhosamente, fez dele esse homem invejável!
Isso
tudo, seguramente, valorizava mais ainda o rosário de virtudes do jovem
Ferdinando. Esse é o nome desse personagem, que os mais céticos achavam que era
uma utopia minha, ou benevolência, em adjetivar bondosamente os meus amigos.
Mas, eu não era o único que assinava embaixo e reconhecia tais virtudes. A
maioria da cidade também!
-Como
pode se esperar que uma pessoa tão qualificada, caísse nas redes de um
sentimento abstrato e simplório, denominado de amor, pelos incautos e poetas
sonhadores dos séculos passados? Mas, infelizmente aconteceu!
Casado
com sua primeira e única namorada, pai de dois lindos e educados filhos,
exercia suas diversas profissões e ofícios com desenvoltura invejável, até que,
por ironia do destino, deixou-se envolver com uma mulher experiente,
inteligente e sagaz, comprometida maritalmente com um dos seus melhores amigos.
Fato que sempre ocorre dentro da nossa sociedade, mas, os mais espertos,
geralmente, aproveitam as oportunidades, vivem e desfrutam momentos agradáveis
de prazer, porém, não se deixam, bobamente, se envolver completamente,
esquecendo seus compromissos, a insegurança e perigos que essa circunstância
sempre provoca!
Nosso
personagem caiu feito um patinho sonhador, imaginando que estava vivendo um mar
de rosas e que, sua vida dúbia, era um presente dos Deuses!
Aí,
como nada pode passar como segredo inviolável, já que os encontros, olhares e
os comportamentos sempre demonstram estranheza para as companhias do cotidiano,
os comentários foram minando, minando, minando, até que a bomba estourou, causando
escândalo e um vexame complicadíssimo, entre as duas famílias envolvidas, sendo
que, a mulher que foi o pivô da aventura sensual e sexual extra, pulou fora
negando, veementemente, tudo que era cogitado, convencendo até ao seu enganado
marido, colocando seu amante como um louco inventor de fatos que jamais
aconteceram. E, entre lágrimas e juramentos, tirou o dela da seringa e deixou
nosso herói na rua da amargura e, ainda em surdina, fazendo ligações
telefônicas com juras de amor, exatamente para apascentar o tolo e perdido, que
se denominava um apaixonado que estava contaminado com a virose do amor que
mata. Não sabendo ele que essa virose não existe, e o que mata é a falta de
amor próprio e bom senso!
O
resultado final dessa “estória”, infelizmente, foi que o casal continuou
vivendo, mesmo com algumas desconfianças pelas grandes evidências que
transpareceram. E, quanto ao nosso querido e certinho amigo, a coisa desandou
de tal forma, com cacos de família para todos os lados, separação, desajuste
total na vida profissional, apertos econômicos e financeiros, afastamento de
grandes amigos do passado, culminando com dificuldades de sobrevivência, graças
a uma mulher que foi participação ativa e, na hora de um posicionamento (se é
que existia o tal amor), pulou fora da barca furada e deixou nosso amigo sem
remo e sem saber nadar. E, enquanto a água subia, ele ainda cheio de esperanças
gritava para todos: “Esse é o amor que mata”!
Espero
que passados alguns anos desse fato, meu amigo esteja se recuperando, ou
recuperado, e aprendido a lição que esses amores são sensações efêmeras, que
devemos aproveitar os bons momentos que surgem, agradecendo a Deus essas
dadivosas oportunidades de fazer sexo prazeroso, sem ter que rotular de “amor”!
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
Um comentário:
Com certeza!
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