Antonio Nunes de Souza*
Ele
estava desesperado. Sua mulher uma jararaca venenosa, encheu sua testa de
chifres, ainda usava o cartão de crédito como se ninguém tivesse que pagar
posteriormente. Comprava roupas como se fosse montar uma loja, ia ao salão como
uma estrela de TV, e perfumes e cremes era sua tara. Sem contar os salões de
massagens que pareciam ser sua segunda morada. Era uma verdadeira dondoca,
tirada a perua. Bonita ela era, mas, com ele estava sempre com dores de cabeça,
enxaquecas, etc., Suas chances sexuais eram tão mínimas, que muitas vezes
apelava para a masturbação satisfazendo suas necessidades, com o firme
propósito de não trai-la. Tinha orgulho de ser fiel!
Até
que ele segurava todas suas barras numa boa, mas, quando descobriu que vinha
sendo traído há muito tempo, ficou P da vida, e essa era a razão de estar super
desesperado!
Filha
da mãe! Gasto uma grana preta com essa cachorra, troco o carro dela duas vezes
por ano, faço todas suas vontades, e a vagabunda anda transando com outro!
-Calma
seu Edgar! Essas provas que estou apresentando, atestam que minha empresa de
investigação é honesta e faz um serviço perfeito. Porém, faz parte de nossas
atividades, controlar e orientar nossos clientes, no sentido de não fazerem
bobagens impulsionados pelos resultados apresentados. Só não conseguimos saber
quem é o amante, pois ela sempre entra no motel sozinha. Com certeza o cara
deve estar já no quarto esperando-a!
-Calma
uma zorra! Vou matar essa vagaba de porrada!
-Sugiro
que o senhor pare para pensar, e vingue-se de uma forma civilizada, sem que
venha a responder na vara criminal!
-É
melhor do que ficar quieto na vara cornal! Não vejo razão para cautelas, mas,
como você está querendo me dar uma ideia, desembuche para ver se é viável. Por
mim eu cortaria ela em pedacinhos com uma gilete bem cega!
-Como
estamos habituados a tratar de casos similares, podemos sugerir o seguinte:
Para que não haja desconfianças imediatas, será bom continuar dando boa vida
para ela, enquanto vamos colocando nosso plano para funcionar!
-Você
me com cara de que, continuar bancando essa pilantra?
-Não
é nada disso. Cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém. O plano é o seguinte:
Vou continuar seguindo-a, e quando ela entrar no motel, eu lhe telefono e damos
um fragrante com fotografias, polícia e tudo mais!
-Bonito
isso! E no outro dia vai estampado no jornal: “O corno Edgar pega a mulher
transando no motel!” E meu retrato com cara de otário, servindo de gozação pra
todo mundo. Nada disso, eu vou é passar a porra nela, me livrar do cadáver e
dizer que ela fugiu!
-Bem,
estamos fora de tudo. A partir dessa hora nossa empresa de investigação
abandona o caso e as atitudes que serão tomadas, ficarão sobre sua única
responsabilidade. Fique tranquilo que guardaremos sigilo absoluto sobre suas
intensões!
Edgar
paga o restante do contrato, se despediu do detetive, saindo para o seu escritório,
já matutando o que faria!
Chegando
na empresa, com o assunto martelando sua mente, resolveu chamar em sua sala seu
assistente, para poder desabafar com alguém da sua confiança, pois não poderia
guardar essa notícia, pois sua cabeça estava para explodir!
-Seu
Afonso faça o favor de vir até minha sala!
Dois
minutos depois, entra o Afonso, homem de boa aparência, cumprimentando seu
chefe com um bom dia e um sorriso!
Edgar
foi até a porta e trancou. Afonso estranhou a atitude, mas, nada disse, apenas
aguardou o que seu chefe desejava!
Edgar
sentado na cadeira, com as feições fechadas e cheia de ódio, encarou Afonso, e
pegando uma arma na gaveta, disse: Descobri as traições de Ana Paula, e agora
vou me transformar num assassino. E sem que esperasse, Afonso gritou: Não seu
Edgar, pelo amor de Deus não me mate não. Eu saio com ela porque ela me provoca
e ameaça se eu não sair ela faz com que o senhor me demita da empresa!
Edgar
levou um grande susto, pois, justo um desgraçado que trabalha com ele há oito
anos, nas suas barbas transando com sua mulher. E sem pestanejar, deu quatro
tiros no peito de Afonso, que caiu duro sem dizer uma palavra, e sem saber que
Edgar nada sabia ao seu respeito no adultério!
Edgar
saiu como um louco, pegou o carro e foi se esconder para livrar-se do
fragrante. E no dia seguinte, passou disfarçadamente por uma banca de revista e
comprou um daqueles jornais que primam em dar notícias sangrentas. E ao abrir a
página policial estava estampado em letras garrafais: “O mega empresário Edgar
Carneiro assassinou o empregado, porque estava transando com sua mulher!”
-Meu
Deus, que vergonha! Como vou encarar a sociedade e meus amigos?
Entrou
no carro e viu no tapete a sua arma e, num gesto brutal, pegou-a e deferiu um
tiro na sua própria cabeça!
Felizmente,
cinco dias depois, Edgar já estava morto e não teve a oportunidade de ler a
manchete do mesmo jornal: “Além de corno e assassino, o rico Edgar Carneiro
ainda suicidou-se como um covarde!”
E
em outro grande jornal, na página da mais lida coluna social, tinha o seguinte
tópico: “A elegantérrima Ana Paula Carneiro, herdeira das empresas do Grupo
Carneiro S/A, sensibilizada e pesarosa, convida a todos para a missa de sétimo
dia do querido e saudoso marido Edgar, na Igreja Imaculada Conceição, dia 18/05
as 18 horas!
A
colunista termina assim: Sorry Paulinha querida, estarei lá!
“Quando
for resolver um problema, pense bem para não arranjar um muito pior!”
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
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