quarta-feira, 17 de maio de 2023

O DESGOSTO DE EDGAR! (Clique e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Ele estava desesperado. Sua mulher uma jararaca venenosa, encheu sua testa de chifres, ainda usava o cartão de crédito como se ninguém tivesse que pagar posteriormente. Comprava roupas como se fosse montar uma loja, ia ao salão como uma estrela de TV, e perfumes e cremes era sua tara. Sem contar os salões de massagens que pareciam ser sua segunda morada. Era uma verdadeira dondoca, tirada a perua. Bonita ela era, mas, com ele estava sempre com dores de cabeça, enxaquecas, etc., Suas chances sexuais eram tão mínimas, que muitas vezes apelava para a masturbação satisfazendo suas necessidades, com o firme propósito de não trai-la. Tinha orgulho de ser fiel!

Até que ele segurava todas suas barras numa boa, mas, quando descobriu que vinha sendo traído há muito tempo, ficou P da vida, e essa era a razão de estar super desesperado!

Filha da mãe! Gasto uma grana preta com essa cachorra, troco o carro dela duas vezes por ano, faço todas suas vontades, e a vagabunda anda transando com outro!

-Calma seu Edgar! Essas provas que estou apresentando, atestam que minha empresa de investigação é honesta e faz um serviço perfeito. Porém, faz parte de nossas atividades, controlar e orientar nossos clientes, no sentido de não fazerem bobagens impulsionados pelos resultados apresentados. Só não conseguimos saber quem é o amante, pois ela sempre entra no motel sozinha. Com certeza o cara deve estar já no quarto esperando-a!

-Calma uma zorra! Vou matar essa vagaba de porrada!

-Sugiro que o senhor pare para pensar, e vingue-se de uma forma civilizada, sem que venha a responder na vara criminal!

-É melhor do que ficar quieto na vara cornal! Não vejo razão para cautelas, mas, como você está querendo me dar uma ideia, desembuche para ver se é viável. Por mim eu cortaria ela em pedacinhos com uma gilete bem cega!

-Como estamos habituados a tratar de casos similares, podemos sugerir o seguinte: Para que não haja desconfianças imediatas, será bom continuar dando boa vida para ela, enquanto vamos colocando nosso plano para funcionar!

-Você me com cara de que, continuar bancando essa pilantra?

-Não é nada disso. Cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém. O plano é o seguinte: Vou continuar seguindo-a, e quando ela entrar no motel, eu lhe telefono e damos um fragrante com fotografias, polícia e tudo mais!

-Bonito isso! E no outro dia vai estampado no jornal: “O corno Edgar pega a mulher transando no motel!” E meu retrato com cara de otário, servindo de gozação pra todo mundo. Nada disso, eu vou é passar a porra nela, me livrar do cadáver e dizer que ela fugiu!

-Bem, estamos fora de tudo. A partir dessa hora nossa empresa de investigação abandona o caso e as atitudes que serão tomadas, ficarão sobre sua única responsabilidade. Fique tranquilo que guardaremos sigilo absoluto sobre suas intensões!

Edgar paga o restante do contrato, se despediu do detetive, saindo para o seu escritório, já matutando o que faria!

Chegando na empresa, com o assunto martelando sua mente, resolveu chamar em sua sala seu assistente, para poder desabafar com alguém da sua confiança, pois não poderia guardar essa notícia, pois sua cabeça estava para explodir!

-Seu Afonso faça o favor de vir até minha sala!

Dois minutos depois, entra o Afonso, homem de boa aparência, cumprimentando seu chefe com um bom dia e um sorriso!

Edgar foi até a porta e trancou. Afonso estranhou a atitude, mas, nada disse, apenas aguardou o que seu chefe desejava!

Edgar sentado na cadeira, com as feições fechadas e cheia de ódio, encarou Afonso, e pegando uma arma na gaveta, disse: Descobri as traições de Ana Paula, e agora vou me transformar num assassino. E sem que esperasse, Afonso gritou: Não seu Edgar, pelo amor de Deus não me mate não. Eu saio com ela porque ela me provoca e ameaça se eu não sair ela faz com que o senhor me demita da empresa!

Edgar levou um grande susto, pois, justo um desgraçado que trabalha com ele há oito anos, nas suas barbas transando com sua mulher. E sem pestanejar, deu quatro tiros no peito de Afonso, que caiu duro sem dizer uma palavra, e sem saber que Edgar nada sabia ao seu respeito no adultério!

Edgar saiu como um louco, pegou o carro e foi se esconder para livrar-se do fragrante. E no dia seguinte, passou disfarçadamente por uma banca de revista e comprou um daqueles jornais que primam em dar notícias sangrentas. E ao abrir a página policial estava estampado em letras garrafais: “O mega empresário Edgar Carneiro assassinou o empregado, porque estava transando com sua mulher!”

-Meu Deus, que vergonha! Como vou encarar a sociedade e meus amigos?

Entrou no carro e viu no tapete a sua arma e, num gesto brutal, pegou-a e deferiu um tiro na sua própria cabeça!

Felizmente, cinco dias depois, Edgar já estava morto e não teve a oportunidade de ler a manchete do mesmo jornal: “Além de corno e assassino, o rico Edgar Carneiro ainda suicidou-se como um covarde!”

E em outro grande jornal, na página da mais lida coluna social, tinha o seguinte tópico: “A elegantérrima Ana Paula Carneiro, herdeira das empresas do Grupo Carneiro S/A, sensibilizada e pesarosa, convida a todos para a missa de sétimo dia do querido e saudoso marido Edgar, na Igreja Imaculada Conceição, dia 18/05 as 18 horas!

A colunista termina assim: Sorry Paulinha querida, estarei lá!

“Quando for resolver um problema, pense bem para não arranjar um muito pior!”

*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta! 

 

 

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