Antonio
Nunes de Souza*
Pode
parecer uma blasfêmia falar sobre um possível carnaval, onde todas as
religiões, ou as mas professadas na Bahia, sejam as responsáveis pela
programação, ou apenas tenham participações misturadas as comemorações normais
e de praxe pelos foliões convencionais!
Não
é novidade para ninguém que as músicas e as danças já fazem parte ativa dos
cultos, procissões, ou outros eventos religiosos. Já existe uma divulgação
bastante acentuada pela televisão, assim como na internet!
Então,
partindo desse princípio, sem querer debochar de nenhuma crença, estamos
fazendo uma suposição de como seria um carnaval de rua organizado pela
religiosidade baiana, cada uma apresentando seus blocos, trios e astros:
Os
católicos se apresentariam com o convidado especial “padre Marcelo a Salvação!”
(Uma réplica de o Safadão), com abadás tipo curtas batinas coloridas e com
imagens de diversos santos que gostavam de folias antes de beatificados. Como
complemento, logo atrás do trio, uma enorme carreta sonorizada com centenas de
padres cantantes, comandados pelo famoso padre “Zezinho” e seu conjunto Os
filhos de Nossa Senhora. Bloco livre, sem cordas e com direito a um banho de
água benta, regularmente, durante o percurso para amenizar o calor. Como a
religião católica é a maior e tem grandes poderes ainda, o circuito escolhido
foi do Largo da Conceição até a Igreja do Bonfim. Bastante longo, porém, com
muitas paradas nas igrejas do caminho, para descansos e atender aos devotos de
diversos bairros!
Já
a religião evangélica, com sua força capitalista, sem poupar recursos, não
contratariam apenas um trio. Contratado seria o Sexteto de Jô Soares, num
monstruoso caminhão de trinta e seis rodas e iluminação importada do Japão. Como
atração principal, Bispo Macêdo fazendo pregações de hora em hora nos
intervalos do desfile, além de alguns milagres com deficientes cadeirantes,
fazendo com que se levantassem e saíssem sambando e dançando frevos! Essa Ala
seria chamada de “Milagre é bom e eu gosto!”
Logicamente,
para ter direito a participar no festejo evangélico, você teria de pagar um
modesto dízimo para ajudar nas despesas!
Os
espíritas, mais modestos e sérios, teriam apenas dois blocos nesse primeiro
carnaval experimental de religiosidades: “Espíritos de porco e suas chatices!”,
sem nenhum trio, apenas uma grande charanga, com alguns médios dando “passes”
para acalmar as almas penadas que entravam no meio da folia. Já na traseira com
uma estrutura de dar inveja a Armandinho, Dodô e Osmar, estaria lá o famoso
Divaldo Franco, todo de branco, com um grande sorriso nos lábios, declamando
suas santas palavras, tendo como fundo musical uma orquestra sinfônica de
primeira linha, tocando “Jesus a alegria dos homens e o Bolero de Ravel!”
Na
parte dedicada ao candomblé foi feita uma união com a Umbanda, pela
similaridade religiosa e seria: Um...Banda Trio e seus Brawzinhos, comandados
por Carlinhos Brawn e alguns componentes da Timbalada, Olodum e Filhos de
Gandi, tendo como convidado especial nosso ídolo Gilberto Gil, no meio de
centenas de baianas do terreiro de Gantoir!
Logicamente,
com um estudo mais minucioso, no segundo carnaval, tudo seria melhor
distribuído, novas religiões participando, o povo compreendendo que trata-se de
amenizar as loucuras carnavalescas, humanizando uma grande festa que mexe com
todo povo baiano!
Espero
que ao ler essa crônica, não olhe com o olhar pecaminoso e nem denominar como
uma heresia, pois, seriamente, estamos apenas vislumbrando algo que, num futuro
próximo pode acontecer!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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