V
Antonio
Nunes de Souza*
Acordou
as 10 horas, meio ressaqueado, tomou um banho de ducha fria para acabar de
despertar, pediu o café no apartamento, tomou e ligou a tv no canal que cuida,
exclusivamente, das programações turísticas da cidade e região do recôncavo!
Ficou logo sabendo que as onze horas e trinta começaria a lavagem de Itapuã,
contando com vários blocos e trios, além de parte dos Afoxés famosos! Deu um
largo sorriso, pegou o celular e, prontamente, ligou para Diva que já pronta e
arisca, estava louca para ir curtir essa “parada”, nas praias do velho Dorival
Caymi!
Vestiu
uma das suas roupas bem coloridas e espalhafatosas, comprou uma pulseira e um
cordão de prata com crucifixo, colocaram nele (a lojista) duas fitas do Senhor
do Bonfim, deixando ele, bonito, enfeitado e pronto para enfrentar essa famosa
lavagem! Ficou meio parecido com turista, mas, pela cor, o gingado, tom de voz
e a malandragem pegada na véspera, passaria, tranquilamente, como um baiano,
apenas de bom gosto e com grana! E, sem máquina fotográfica, filmadora e
sotaque, deixava transparecer que era um nativo curtidor da terra!
Pegou
um taxi, disse o endereço de Diva, que ficava em Amaralina, caminho indo pela
orla como ele pediu, para ir apreciando as praias! Ficou estupefato de ver
tantas mulheres, praticamente, nuas tomando banho, ou sol para se bronzear,
pensou logo: “Puta que pariu! No meu tempo ninguém nem pensava numa porra
dessa. A praia era apenas dos pescadores! A sorte e que trouxe minha sunga que
a moça da loja me recomendou, mas, nem sabia para que era tal peça do
vestuário!”
Pegou
Diva, trocaram beijinhos e seguiram para a Praça da Sereia onde fica a
concentração popular. Diva, periguete experiente nessas festanças, encostou
numa barraca, e pediu logo duas caipiroscas bem caprichadas para começar a
animação! Começaram a beber, sacodindo os corpos com o som distribuído pela
praça, enquanto não chegavam os torpedos sonoros dos trios e bandas baianas.
Passou um menino vendendo queijo coalho assado, ele curioso em conhecer, pediu
logo quatro e começaram a comer com melaço, que dá um gosto especial. Tudo isso
para ele era uma grande novidade!
De
repente, o povo saiu na carreira e gritavam; VEM AÍ UM ARRASTÃO! Ele disse:
Oba, que legal, pensando que era um bloco, mas, Diva que era “puta velha” em
conhecimento dessas merdas (tinha só trinta anos), puxou ele pelo braço e
correu para o sanitário de uma barraca e, quando passou a quadrilha de maiores
e menores, saíram, tranquilos sem terem sidos roubados. Ela explicou para ele o
que se tratava e ele ficou besta, sem querer acreditar que, numa festa tão
alegre, bonita e religiosas, um grupo de sacanas se aproveitassem para fazer
saques e roubos! Pensou: Colocarei isso no relatório como coisa grave e
absurda!
Passado
o susto, começaram a chegar os trios e bandas arrastando a multidão, e eles
entraram no bolo dançando agarrados aos beijos e esfregações. Bené, assustado
com essa nova situação, sentiu algo diferente acontecer e, como sempre fazia,
pensou: Meu Deus, não é minha maldade, mas, não me contive e estou de pau duro,
me esfregando na bunda de Diva e, para ser sincero, com vontade de transar. Sei
que Santo não transa, mas, aqui eu sou um simples mortal e tenho o alvará da
Chefia, além do tal livre arbítrio!
Dançamos,
pulamos, fomos abençoados pelas baianas, comemos churrasquinhos, ostras,
camarão no espeto e todas as comidas que, normalmente, são vendidas e servidas
nessas festas de largo. Deixaram as roupas na barraca que estavam e caíram na
água refrescante do mar! Já cansados e meio tontos, pegaram um taxi e foram
para o Hotel onde Bené estava hospedado!
Claro
que não iam dispensar um bom banho de piscina, uma cervejinha bem gelada para
rebater e, completamente satisfeitos, foram para o quarto, tomaram uma chuveirada
E, como não poderia deixar de acontecer, já completamente nus, deitaram na
gostosa cama de casal e começou a rolar uma putaria “franciscana” como diz o
baiano. Benedito, foi ao banheiro, se benzeu, pediu perdão e voltou mais armado
que soldado judeu, com o cacete que parecia um pé de sofá! Dizem que os negros
tem as picas grandes e grossas, e Bené, com certeza, não nega a raça! Transaram
em todas as posições que Diva conhecia, deixando Bené mais mole que pudim,
terminando os dois dormindo, só acordando no dia seguinte que era domingo!
Bené
deixou Diva se espreguiçando na cama, foi para o banheiro e, olhando-se no
espelho, novamente pensou:
”Quando
eu contar para a turma lá encima minha missão, vão ficar todos putos de inveja!
Banhou-se, fez a higiene normal e voltou, para ceder o local para Diva que, na
maior naturalidade, levantou-se nua com seu corpo tesudo e foi, com um sorriso
nos lábios, para o WC, já dizendo que sairia já de biquíni para irem ao Farol
ou Porto da Barra! Enquanto isso, ele pediu um café para dois, para saírem
abastecidos para uma nova aventura!
Logico
que novas coisas interessantes acontecerão, mas, vamos deixar para a quarta parte!
Tenho certeza que vocês estão, como eu também, curiosos com essa inusitada
experiência da volta de um emissário Divino a nossa querida e maravilhosa
terra!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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