Antonio
Nunes de Souza*
Logicamente,
para ficar mais a vontade apreciando toda movimentação da cidade, Bené não
alugou ou comprou um carro, preferindo andar de taxi, que ele, logo achou que
cobram bastante caro, mas, como já disse, todas as contas eram “a debitar sem
limites”, ou seja: 0800!
Tomaram
um taxi e foram diretos para o Porto da Barra, praia pequena, mas, poderosa e
frequentada por uma grande maioria de pessoas bonitas, inteligentes, com grana
e também cheia de rapazes de moças de aluguel. Essa última parte, Benedito teve
o cuidado de anotar e observar que a “putaria” aqui na terra tinha um grande
valor de prazer e comercial também!
Se
achegaram a Barraca do Zé, alugaram duas cadeiras e um sombreiro, com
sacrifício o garçom conseguiu uma vaguinha para alojá-los e, sem demora, Diva
que bebia pra caralho, pediu logo duas caipiroscas de maracujá e antes porém,
uma cerveja geladinha para rebater a noite anterior (dizia ela que uma cerveja
na manhã seguinte era um puto remédio para ressaca, Bené achou até que ela
tinha razão e sabia das coisas).
Com
o desfile de bundas e alguns peitos, propositadamente, deixados a mostra, Bené,
mesmo na sua santificação, pensava: Que terra maravilhosa é essa meu Deus? Aqui
é que deveria ser o paraíso, e essa raça de “filhos da putas” ainda se queixam
e andam se matando! Vou foder com eles no meu relatório final!
Ficaram
lá até o final da tarde, viram que, as vezes, passava um artista global ou um
cantor famoso, fazendo a galera ficar assanhada tirando fotos e dando gritinhos
histéricos! Até Bené que, quando Caetano Veloso passou, deu uma de tiete e foi
tirar sua foto também. Sem nenhuma dúvida, o Santo estava completamente
fascinado com a tarefa, e por ter começado em Salvador!
Levou
Diva para sua casa para pegar algumas roupas, ficando de a noite ir busca-la,
pois precisava de umas horas para fazer algumas coisas relativas ao seu
trabalho. Ela concordou e ele seguiu para o hotel. Tomou seu banho e ligou a TV
para ver dois programas que lhe foram recomendados: Marcelo Rezende e Luiz
Datena. Os derramadores de sangue nas salas dos brasileiros! Claro que ficou
horrorizado com os crimes de estupros infantis, roubos, assaltos, traficantes
de drogas, assassinatos, homofobias, racismos, maus tratos com as mulheres e
crianças, em fim tudo de podre que possa acontecer num lugar como a terra,
abençoada por Deus! Ajoelhou-se, pediu perdão a Deus, mas, naquele momento, a
história e conotação do “livre arbítrio” não tinha o menor sentido. Lembrou-se
da citação: Há algo errado no reino da Dinamarca!
Mas,
como estava em missão celestial, tinha que ser sincero, com o Espirito Santo,
porém, reconhecedor de uma falta de paternidade nessas ações animalescas!
Meio
triste, porém alegre com sua missão cheia de nuances boas e ruins (estava
adorando as boas), Ligou para Diva avisando que iria buscá-la, tomou um taxi e
partiu para Amaralina, para saber de Diva qual seria o destino deles aquela
noite. Diva já estava assanhadíssima para ir ver na Liberdade o ensaio do Ilê
Aiyê, que é o retrato da negritude baiana, onde pode-se admirar toda beleza da
etnia africana, que enfeita e dá vida a salvador!
Para
se chegar lá foi foda. O transito estava uma merda, as ruas lotadas de gente,
turistas de todas as partes, ruas interditadas, uma puta confusão que assombrou
Bené, mas, Diva o acalmou e disse que era assim mesmo, pois o povo vai puto da
vida, porém sorrindo e dançando pelas ruas, Um contraste filho da puta. Mas, só
se vê na Bahia!
Com
o espírito de baiano já encarnado, saltaram do taxi na Lapinha e foram andando,
já tomando capetas pelo caminho, por recomendação de Diva, alegando que era a
bebida que aumentava toda tesão e alegria da festa. Bené logo pensou: Eu sabia
que essa porra toda tinha alguma coisa a ver com o sacana do Demônio! Mas, como
disse a senadora: “relaxe e goze!’ Vou
obedecê-la! Rs rs rs
Quando
chegaram, os tambores rufando na cadência africana e os toque baianos, Benedito
tomou o maior susto e pensou: Meu deus estou na África no meio do meu povo
querido! Há muito tempo que não via tantos irmãos reunidos e, ainda mais, todos
enfeitados, dançando, sorrisos nos lábios, corpos suados de requebrados e a
felicidade estampada nos olhos. Porém, um paradoxo filho da puta, pois, com
tanta alegria e maravilha, ao mesmo tempo acontece as mais bárbaras atitudes
nos mesmos dias e horas! Uma loucura difícil de se acreditar!
Dançaram,
beberam, comeram maniçoba, correram algumas vezes, por causa de algumas
“porradas” que sempre acontece e, finalmente, depois das normais esfregações,
beijos e abraços, partiram para o hotel, Bené já cheio de alegria, pois,
logicamente, não deixaria de dar umas boas trepada, pois Diva era insaciável
por um cacete em qualquer buraco do seu corpo. Bené pensou: Eu não conhecia,
mas estou até gostando de um cuzinho. É mais apertadinho e a posição de
trenzinho dá uma sensação divertida e gostosa!
E
não deu outra, foderam o mais que puderam, Diva usou e abusou do cacete
santificado de Bené, sempre elogiando seu desempenho, por estar sempre de
prontidão na hora e posição que ela desejava. Creio que somente sendo santo,
poderia acalmar a sua sedenta e sagaz xoxota! Bené, toda vez que gozava
pensava: ai estou no céu, meu Deus! Logo via a blasfêmia que acabava de pensar
e, imediatamente, pedia perdão ao Senhor!
Como
é normal, depois de uma noite dessa, justo será um bom sono reparador para, no
dia seguinte, continuar as aventuras e pesquisas para seu relatório. Observem
vocês que, já com quatro dias de badalações, Bené ainda não tinha escrito uma
única linha no seu notebook!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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