quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Por que me enganaram tanto tempo?


                                                        *Antonio Nunes de Souza

Na minha infância querida, que os anos não trazem mais, aprendi através da mídia (cinema, cartazes, rádio, revistas, etc.) que devíamos respeitar os Estados Unidos como a maior potência bélica e econômica do mundo. Tratava-se de um país de poderio tão forte e na frente de todos que, quando acidentalmente, víamos um americano ao vivo, nos curvávamos de gentilezas e preocupações para sermos gentis e subservientes, demonstrando claramente a nossa inferioridade.
Os japoneses, coitados, eram retratados na propaganda americana como perversos, traidores, frios e sanguinários. Quem via um filme americano alusivo a segunda guerra, tinha certeza e convicção, que se não fossem jogadas as bombas em Hiroshima e Nagazaki, eles destruiriam toda face da terra através de monstruosas crueldades. Quando eu via um japonês tremia de medo, pensando que ele ia me matar pelas costas, dar um golpe de karatê ou fazer eu pisar numa mina.
Com os russos foi diferente! Graças a Deus era quase impossível encontrar-se com um russo na rua. Pois não havia lugar que não estivessem expostos grandes cartazes, com um soldado mal encarado chicoteando uma série de homens acorrentados, submetendo-os as piores torturas para executarem trabalhos brutais e além das suas forças. Uma cena aterrorizante, mostrando como o comunismo era algo assustador e maléfico para o mundo. Ainda como complemento, comentava-se a boca pequena que eles até comiam crianças (devia ser “ao primo choro” por ser uma carne mais molinha e tenra). Eu me pelava de medo quando alguém apenas pronunciava a palavra: comunismo ou União Soviética.
Cresci com esse respeito profundo pelos mais inteligentes e poderosos americanos, medo avassalador dos japoneses e pavor pelos abomináveis russos. Sentia um orgulho maravilhoso do meu Brasil. Uma vez que, mesmo meu país sendo do terceiro mundo, era belo, não havia torturadores, injustiças, nossos governantes eram homens sérios e que aqui era a terra da felicidade.
Mas, com o decorrer dos anos, lendo, convivendo e entendendo melhor as coisas, juntamente com os fatos que foram acontecendo, cheguei a conclusão que me enganaram substancialmente, incutindo em minha pobre cabeça uma realidade totalmente inversa, simplesmente por interesses econômicos e pela avidez de conquistar os podres poderes.
Hoje sabemos que os americanos não são nada disso que dizem ser: O FBI não é polícia mais eficiente do mundo, já foi comprovada uma série corrupções em vários escalões. E só desvendam todos os crimes, nas telas dos cinemas. Seu poderio bélico é possante, mas suas defesas são ridículas e vulneráveis (lembrem-se dos ataques as torres e ao pentágono as 10:00 hs, sem que ninguém tenha visto em seus poderosos(?) radares). Sem contar a economia debilitada, desemprego, crimes hediondos, tráfico de drogas, massacres escolares, etc. Suas precauções contra os problemas climáticos da natureza são de uma fragilidade incrível. Sempre que tem uma furação ou hecatombes similares, os resultados são iguais aos países ultra-subdesenvolvidos. Fora às coisas que não chegam ao nosso conhecimento, pois eles não são como nós brasileiros que adoramos falar da nossa pátria, muitas vezes exagerando a realidade, mas nada fazendo para melhorá-la.
Quanto ao Japão (país dos homens malvados), esse deu uma lição fantástica ao mundo, mostrando a capacidade de trabalho de um povo que ama realmente sua pátria, recuperando-se completamente das ruínas como um verdadeiro Fênix, tornando-se um país forte, rico e com tecnologia das mais avançadas e competentes em todas as áreas. Um povo sábio e trabalhador que, se não tomar cuidado, os americanos estragarão com sua milenar cultura, pois já estão influenciando seus jovens com a música, comida (os Mc Donalds da vida) e o vestuário.
Já os russos, por não saberem administrar seu povo, dando os direitos juntamente com a liberdade de pensamento e ação, terminaram criando uma turbulência de conflitos, muita corrupção, revolta e uma série de dissidências. E com isso, em vez de um país com dimensões continentais, tornou-se um amontoado de republiquetas cheias de necessidades e dependências. Hoje, em vez de ser um povo com igualdade social e direito a uma vida decente, lamentavelmente, tornou-se o mau exemplo, desmoralizando um regime e partido que tem uma plataforma belíssima para a humanização e igualdade no mundo.
Quanto ao meu Brasil, prefiro não dizer nada, pois, a todo o momento que ligamos o rádio, a tv ou lemos os jornais, ficamos estarrecidos com o comportamento nada digno dos nossos políticos. Logicamente estou referindo-me a grande maioria, independente de ligações partidárias. O vexame é praticamente global! Somente são inocentes aqueles que souberam melhor esconder seus pecados e, por enquanto, não vieram à tona.
Meu sentimento é ter hoje a confirmação que me enganaram por tanto tempo!

*Escritor (Blog VIDA LOUCA – antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com).
                                              

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