*Antonio Nunes de Souza
Na minha infância querida, que os anos não trazem
mais, aprendi através da mídia (cinema, cartazes, rádio, revistas, etc.) que devíamos
respeitar os Estados Unidos como a maior potência bélica e econômica do mundo.
Tratava-se de um país de poderio tão forte e na frente de todos que, quando
acidentalmente, víamos um americano ao vivo, nos curvávamos de gentilezas e
preocupações para sermos gentis e subservientes, demonstrando claramente a
nossa inferioridade.
Os japoneses, coitados, eram retratados na
propaganda americana como perversos, traidores, frios e sanguinários. Quem via
um filme americano alusivo a segunda guerra, tinha certeza e convicção, que se não
fossem jogadas as bombas em Hiroshima e Nagazaki, eles destruiriam toda face da
terra através de monstruosas crueldades. Quando eu via um japonês tremia de
medo, pensando que ele ia me matar pelas costas, dar um golpe de karatê ou
fazer eu pisar numa mina.
Com os russos foi diferente! Graças a Deus era
quase impossível encontrar-se com um russo na rua. Pois não havia lugar que não
estivessem expostos grandes cartazes, com um soldado mal encarado chicoteando
uma série de homens acorrentados, submetendo-os as piores torturas para
executarem trabalhos brutais e além das suas forças. Uma cena aterrorizante,
mostrando como o comunismo era algo assustador e maléfico para o mundo. Ainda
como complemento, comentava-se a boca pequena que eles até comiam crianças (devia
ser “ao primo choro” por ser uma carne mais molinha e tenra). Eu me pelava de
medo quando alguém apenas pronunciava a palavra: comunismo ou União Soviética.
Cresci com esse respeito profundo pelos mais
inteligentes e poderosos americanos, medo avassalador dos japoneses e pavor
pelos abomináveis russos. Sentia um orgulho maravilhoso do meu Brasil. Uma vez
que, mesmo meu país sendo do terceiro mundo, era belo, não havia torturadores,
injustiças, nossos governantes eram homens sérios e que aqui era a terra da
felicidade.
Mas, com o decorrer dos anos, lendo, convivendo e
entendendo melhor as coisas, juntamente com os fatos que foram acontecendo,
cheguei a conclusão que me enganaram substancialmente, incutindo em minha pobre
cabeça uma realidade totalmente inversa, simplesmente por interesses econômicos
e pela avidez de conquistar os podres poderes.
Hoje sabemos que os americanos não são nada disso
que dizem ser: O FBI não é polícia mais eficiente do mundo, já foi comprovada
uma série corrupções em vários escalões. E só desvendam todos os crimes, nas
telas dos cinemas. Seu poderio bélico é possante, mas suas defesas são
ridículas e vulneráveis (lembrem-se dos ataques as torres e ao pentágono as
10:00 hs, sem que ninguém tenha visto em seus poderosos(?) radares). Sem contar
a economia debilitada, desemprego, crimes hediondos, tráfico de drogas,
massacres escolares, etc. Suas precauções contra os problemas climáticos da
natureza são de uma fragilidade incrível. Sempre que tem uma furação ou
hecatombes similares, os resultados são iguais aos países ultra-subdesenvolvidos. Fora às coisas que não chegam ao nosso conhecimento,
pois eles não são como nós brasileiros que adoramos falar da nossa pátria,
muitas vezes exagerando a realidade, mas nada fazendo para melhorá-la.
Quanto
ao Japão (país dos homens malvados), esse deu uma lição fantástica ao mundo,
mostrando a capacidade de trabalho de um povo que ama realmente sua pátria,
recuperando-se completamente das ruínas como um verdadeiro Fênix, tornando-se
um país forte, rico e com tecnologia das mais avançadas e competentes em todas
as áreas. Um povo sábio e trabalhador que, se não tomar cuidado, os americanos
estragarão com sua milenar cultura, pois já estão influenciando seus jovens com
a música, comida (os Mc Donalds da vida) e o vestuário.
Já os russos, por não saberem administrar seu
povo, dando os direitos juntamente com a liberdade de pensamento e ação,
terminaram criando uma turbulência de conflitos, muita corrupção, revolta e uma
série de dissidências. E com isso, em vez de um país com dimensões
continentais, tornou-se um amontoado de republiquetas cheias de necessidades e
dependências. Hoje, em vez de ser um povo com igualdade social e direito a uma
vida decente, lamentavelmente, tornou-se o mau exemplo, desmoralizando um
regime e partido que tem uma plataforma belíssima para a humanização e
igualdade no mundo.
Quanto ao meu Brasil, prefiro não dizer nada,
pois, a todo o momento que ligamos o rádio, a tv ou lemos os jornais, ficamos
estarrecidos com o comportamento nada digno dos nossos políticos. Logicamente
estou referindo-me a grande maioria, independente de ligações partidárias. O
vexame é praticamente global! Somente são inocentes aqueles que souberam melhor
esconder seus pecados e, por enquanto, não vieram à tona.
Meu sentimento é ter hoje a confirmação que me
enganaram por tanto tempo!
*Escritor (Blog VIDA LOUCA –
antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com).
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