Antonio Nunes de Souza*
Tudo
começou, exatamente, quando compramos um belíssimo apartamento em um condomínio
de luxo, depois de muita luta e grandes sacrifícios. Providenciei a mudança,
uma trabalheira da zorra, pois, meu marido o Fernando é devagar quase parando,
e eu tenho que tomar a frente de tudo, senão as coisas não andam. O caminhão
baú chegou, foram descarregando e colocando as coisas nos lugares que eu
indicava e, com três horas nessa
operação, incrivelmente, meu novo apartamento estava arrumadíssimo, pronto para
morarmos, apenas faltando pequenos detalhes. Meu marido Fernando até se
assustou quando chegou do trabalho, mas, adorou por não ter nada o que fazer,
em termos de pegar pesos com móveis para colocar nas posições!
Mas,
como nem tudo sempre sai do nosso agrado, mesmo tendo salão de festas no
primeiro andar, minha vizinha resolveu fazer a comemoração do aniversário do seu
filho no apartamento e, sem nenhuma preocupação, estourava nossos ouvidos noite
a dentro com centenas de decibéis e músicas dançantes, como Funk, Rock, Axé,
etc.!
Como
já disse, meu marido Fernando não liga nada e, tranquilamente, dormia a sono
solto, que parecia que era surdo. Mas, eu não conseguia dormir e estava “puta”
da vida com vontade de ir lá reclamar. Porém, como era meu primeiro dia como
moradora, não quis dar a impressão que era complicada ou barraqueira. Preferi
deixar para o dia seguinte, conhecer a vizinha e, consequentemente, falar
calmamente que não consegui dormir, para que ela sentisse que incomodou pra
caralho seus novos vizinhos!
E
fiz exatamente como pensei. Lá pelas nove horas, inventei um motivo para pedir
algo a ela ou me apresentar. Toquei a campainha, uma mulher ainda jovem como
eu, apareceu dando um bom dia, com uma cara de ressaca retada. Eu falei: Meu
nome é Mara e sou a sua nova vizinha do apartamento ao lado, e estou aqui para
conhece-la, colocando-me a sua disposição. Ela sonolenta, talvez chateada por
ter sido acordada naquela hora, apenas disse: Muito prazer, também estou as
suas ordens, meu nome é Renata, e depois conversaremos melhor, e foi fechando a porta em minha cara, com
grande falta de educação. Voltei puta vida, mas, depois vi que quem fez farra a
noite inteira, devia estar mesmo retada por ser acordada tão cedo!
Mas,
o tempo foi passando e fui vendo que ela não dava a mínima para ninguém, nunca
me fez uma visita, recusou umas duas que fiz, e passamos a ser duas “inimigas
íntimas”, já que sempre tínhamos um discursão por alguma coisa que ela ou eu
fazia que uma desagradava a outra, chegando ao ponto de com um ano, já termos
ido a grandes ofensas, sendo que uma das vezes chegamos a nos agarrar, sendo
apartadas pelos outros vizinhos. Nossos maridos pareciam irmãos nas naturezas,
pois, nada faziam para melhorar, apenas nos pediam calma. Mas, a rusga
continuava severa!
Como
Fernando até na cama era uma merda, eu sempre arranjava secretamente uma
aventura amorosa, mas, sem nenhuma vontade de me separar e nem de ter filhos
por enquanto. E com essas gostosas aventuras sexuais, um belo dia, indo a um
motel com um “crush” lindo, a entrada do motel era fila dupla e,
coincidentemente, para ao meu lado um carro com Mara e quem dirigia não era seu
marido o Mendonça. Tanto ela como eu tentamos nos esconder, porém, já era
tarde. Nos cumprimentamos e ela disse: A noite não deixe de ir lá no meu
apartamento para conversarmos. Respondi que sim, mas, preocupada que esse
encontro desse em merda,
Juro
que foi uma foda sem graça, mas, uma foda mesmo sem graça, nunca deixa de ser
gostosa. Voltei para casa, as 17 horas, pois, Fernando chega às 18:30. Tomei um
bom banho, cheia de expectativas e meio nervosa, pois Mara era meio estabanada
e poderia querer me esculhambar perante o pessoal do edifício, e com meu
marido. Mas, eu me preparei para responder com a mesma moeda,
Logo
depois do jantar, fui direto no apartamento dela, sem nada falar com Fernando,
pois, logicamente, ele estranharia tal atitude, já que éramos inimigas mortais.
Chegando, ela me recebeu muito bem, Mendonça estava viajando, os filhos no
quarto, e ela foi logo falando: Vamos fazer um pacto de paz e de segredo das
nossas vidas paralelas. Não adianta uma acusar a outra, pois ambas estão
erradas e os prejuízos serão piores que os lucros. Eu para me resguardar, tirei
umas fotos suas. E eu respondi na hora: O mesmo eu fiz com você, inclusive da placa do
seu carro também. E ao dizer isso ela caiu na gargalhada e eu também. E aí, a
partir desse dia, ficamos, milagrosamente, para todos do edifício, assim como
para nossos queridos maridos, tão amigas, que quando ficamos os quatro juntos
num jantar que ofereci, eles encheram o peito e falaram que graças aos
conselhos deles, tudo tinha se transformado num ambiente de paz. Não sabendo
eles que eram grandes cornos, e que na verdade foi o sexo extra conjugal, o
responsável por acabar com o grande e desagradável litígio!
Portanto,
abra os olhos quando ver sua mulher com muita amizade com outra e cheia de
segredinhos, pois, existe possibilidades, que seja um caso tipo esse de Mara e
Renata!
Os
homens são terríveis, mas, tem mulheres que você derrama um frasco de éter na
altura de meio metro, e ela pega no ar e faz várias tranças antes que evapore!
*Escritor,
Historiador, Poeta, e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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