Antonio Nunes de Souza*
Olho em volta do meu pequeno apartamento de quarto e sala e, já
morrendo de saudade, passo a rememorar os momentos maravilhosos e agradáveis
que aqui passei, normalmente bem acompanhado do silêncio e da calma da minha
solidão que, na maioria das vezes, me inspirava para escrever alguma coisa
divertida, hilária, louca pecaminosa ou herege. Uma diversificação tão grande,
não dando para quem as lesse, tivesse a capacidade de penetrar em minha
capacidade eclética e surrealista, fazendo uma analogia do meu perfil
extravagante e cheio de sensatezes insensatas. Até eu mesmo, me considero um
paradoxo, que anda na contra mão do destino, querendo alcançar um lugar além da
imaginação!
Mas, divirto-me por ser assim. Uma incógnita que agrada aos meus qualificados
amigos, pois, apesar de todas as controvérsias, sou uma pessoa do bem. E, só me
sinto feliz, quando a pessoa ao meu lado está sorrindo e encantada com a vida,
mesmo eu sempre achando que ela é louca, e precisamos trilhara com bastante
cuidado!
Da janela, olho o mar lindo e tentador como sempre, e perigoso como
todas as mulheres com essas mesmas características. Tenho um medo terrível de
ambos, mas, não posso viver sem eles, já que são prazerosos os abraços das
águas de ondas salgadas, e os aconchegos dos abraços sedosos e carinhosos em
volta do nosso corpo. São duas coisas imprescindíveis em nossas vidas e, quando
acontecem ao mesmo tempo, inegavelmente, é uma gloria. Se as sereias não tivessem
rabos de peixe, eu adoraria ser Netuno o Rei do Mar!
Estou voltando para o conhecido, mas, para mim que sempre procuro ver
as coisas com visão diferenciada, conseguindo misturar a realidade com a utopia,
criando situações inusitadas e inovadoras, e transformando tudo em algo novo e
cheio de descobertas maravilhosas. Não consegui saber se isso é uma dádiva ou
uma metodologia que aplico para vencer o tempo, brincando de “faz de conta”. O
bom é que tenho me dado bem, já que ultrapassei mais de meio século, e ainda
sou um menino que só envelheceu nas experiências. Em alguns momentos, imagino
até que nunca vou morrer, apenas, simplesmente, desaparecerei em busca do
desconhecido, para que possa desmistifica-lo. E depois, claro, voltarei para
escrever contando tudo em mínimos detalhes!
Três anos morando nesse Flat, fez com que ele passasse a ser parte de
mim. Vejo entretanto, como se fosse uma separação marital judicial: felizes
momentos juntos, boas lembranças e, inesperadamente, eu indo embora sem o
imóvel, e partindo apenas somente com minhas roubas e cheio de saudades. Acho
até que já vi esse filme. E nem sempre os filmes terminam bem, como muitas
pessoas pensam e esperam!
Finalmente, fui até o quarto, olhei fixamente para minha larga e
bonita cama, que já podia chama-la de ex, já que sinto em minha mente, que ela está
pensando em acolher uma outra pessoa, sem a menor cerimônia, pois, esse é o seu
eterno destino!
Adeus apartamento querido, obrigado pela vista maravilhosa para o mar,
por ter me acolhido das intempéries do tempo, e segredado minhas diversificadas
e maravilhosas noites de amor!
Isso, verdadeiramente, me aconteceu em 2010, quando passei três anos
em salvador, como Assessor Especial do Secretário da Educação do Estado da
Bahia!
*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta!
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