Antonio Nunes de Souza*
É de conhecimento de todos que nas favelas e morros, além de outras “coisitas mais”, o sexo rola solto entre a juventude, começando muito cedo para as mais bonitinhas, pois, tranquilamente, são assediadas pelos marginais traficantes que ali operam, sendo escolhidas a ponta de dedo e, ai daquela que recusar os encontros e as seções de sacanagens proporcionadas em troca de presentes e status, uma vez que, quem está na crista da onda com um chefão, desfruta de privilégios especiais. Nesses casos a pobreza e a vaidade colaboram muito para a aceitação!
Foi assim que começou a vida de Tereza, aos 15 anos, morena bonita alta para sua idade e, sobre seu corpo, não preciso dizer que era imbatível. Tudo nos seus lugares, sem excessos ou sobras, que parecia uma obra feita sobre medida. Daquelas que você enche o peito e diz: “uma tesão de mulher!”
Conhecida como Teka, séria, evangélica e estudiosa, porém, numa tarde sem esperar, aparece um dos truculentos capatazes do Big Boss da boca de fumo e pó, dizendo que ele havia convidado ela para jantar e estaria esperando as 20:00 horas em sua casa “mocozada” dentro das vielas do morro!
Apavorada, foi para o fundo do seu barraco falar com sua tia, senhora costureiura que a havia criado desde criança e representava ser toda sua família. Dona Maroca, mesmo vendo o que estava para acontecer, aconselhou para que ela fosse, pois, infelizmente, negar o convite seria uma condenação de perseguições constantes, ou até castigos piores. Voltou para frente e tremendo e consternada, falou que tudo bem, mas, que jantaria e logo estaria de volta para cuidar da tia, inventando uma doença qualquer. O capanga marcou que viria pegá-la as 19:30 horas, pois, somente acompanhada por alguém da quadrilha, saberia onde ficava o esconderijo, e também poderia atravessar as dezenas de fiscais armados de grossos calibres pelos caminhos!
Na hora combinada, o homem chegou e a levou para o encontro que, pelo que todos sabiam, um verdadeiro cadafalso e despedida de hímen e pudor. Teka, nervosíssima, mentalmente ia orando e pedindo a Deus que nada lhe acontecesse, pois, ela não tinha a mínima ideia de quem fosse o tal homem, apenas sabia seu apelido ouvido na TV, que era Maneca Lindo olhar!
Quando chegou, foi recebida por Maneca com todas as delicadezas possíveis, uma casa com tudo de conforto que ela só conhecia pelas revistas e televisão, inclusive com uma linda piscina com cobertura móvel, para não dar bandeira aos helicópteros policias nas suas fiscalizações, ou buscas. Fora o luxo que a espantou, a pessoa de Maneca, justificava o apelido já que era um moreno super sarado e, estranhamente, dono de olhos verdes lindos e maravilhosos, completando com um sorriso perfeito e encantador. Claro que isso tudo foi quebrando as forças de Teka, já achando que faria um bom negócio com essa amizade importante e bonita. E não deu outra!
Nada aconteceu nessa noite, apenas conhecimentos e entrosamentos iniciais, mas, já dava para perceber que Teka e Maneca já estavam com interesses mútuos!
E, para encurtar esse papo de jacaré, Teka com uma semana já estava morando na mansão e quartel de Marcelo, desfrutando de todas as mordomias e, obviamente, mostrando suas habilidades na cama, atendendo os desejos dos seu protetor, e por que não dizer, os dela também!
Teka hoje é viúva de Marcelo, porém, continua como mulher do seu substituto, que não é tão bonito, mas, continua oferecendo do bom e do melhor pra ela e sua tia. Nem pensa mais em sair dessa vida, já que, se recusar, pode ser banida, ou eliminada sem dó nem piedade!
Infelizmente esse fato é muito peculiar nas comunidades que são, praticamente, administradas por quadrilhas de traficantes. E, como quase todas são, tornou-se um comportamento normal!
*Escritor – Historiador - Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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