quarta-feira, 22 de setembro de 2021

SEGUINDO UM ADÁGIO!

 

Antonio Nunes de Souza*

Meu avó, homem sábio e grande filósofo nas citações populares, sempre, ou em algumas ocasiões que cabia, dizia esse adágio que me divertia bastante: “Quem refresca cu de sapo é lagoa!”

Eu dava boas risadas, mas, como ainda não tinha me ocorrido nada que se ajustasse a essa sentença, pouco me preocupava. Porém, como todos nós estamos passivos de revezes em alguma ocasião da vida, por ironia do destino, um dia aconteceu comigo!

Já adulto, formado em administração de empresas, porém, me dediquei mais a área comercial e tinha uma loja de materiais de construção com um excelente estoque, clientela sólida, e bom conceito pela qualidade dos produtos que comercializava!

Com a minha facilidade nas compras, obviamente, com preços bem mais baratos, resolvi convidar um engenheiro e começar a construção de um pequeno edifício de três andares, com apartamentos de dois quartos, sendo dois por andar. O terreno eu já possuía por herança, e combinei que o engenheiro entraria com todo trabalho de projeto, plantas, assistência e fiscalização da obra, tendo como compensação, os dois apartamentos do terceiro andar, enquanto a minha parte, seria o fornecimento de todo material necessário!

Começamos a obra, Maurício Marques, o engenheiro, rapaz ainda jovem que se formará há apenas dois anos, vibrava e trabalhava bastante, sentindo-se feliz por ser a sua maior obra. Fizemos boa amizade e ele passou a frequentar a minha casa com certa assiduidade, chegando a muitas vezes almoçar, ou jantar comigo e minha mulher Maria Karla. O fato é que, com esse pizeiro em minha casa, muitas vezes eu não podia ir almoçar pelo movimento da loja, terminava ele almoçando sozinho com Maria Karla e, como ela era uma mulher fogosa e ele um jovem bonito, aconteceu logo um romance entre os dois, passando a transarem durante o dia que eu estava fora, e ele largava a obra e ia, tranquilamente, comer a minha mulher!

Isso aconteceu durante um ano, tempo que durou para os finalmentes da construção, e eu, idiotamente, refrescando o cu do sapa como se fosse uma lagoa! Mas, como tudo de errado um dia a casa cai, e foi o que aconteceu. Eu precisei ir em casa no meio da tarde e, entrando com minha chave, fui lentamente caminhando para meu quarto, e ouvi uns chiados característicos de alguém fodendo, exatamente os gemidos de Karla muito conhecidos por mim. Aí, sorrateiramente, nas pontas dos pés, olhei pela porta entre aberta e, para minha grande surpresas, Maurício estava nu enfiando até o cabo em Karla que, loucamente mexia e com os olhos fechados, soltava seus ruídos peculiares que fazia quando gozava. Nessas horas somente dá vontade de pegar um revólver e matar os dois, mas, essa é uma atitude idiota, pois, somente vai foder a minha vida, ficar como assassino e corno ao mesmo tempo. Logicamente, uma atitude de otário precipitado. O importante é ter sangue frio, pensar e tomar posições que menos lhe prejudique. Mesmo puto da vida, voltei para loja e continuei com minha rotina, como se nada tivesse acontecido!

Na manhã seguinte, chamei Maurício para ir comigo visitar a obra, escolher as janelas que seriam de alumínio. Como a parte de pedreiros já havia terminado, na obra apenas estava o vigia. Subimos a escada, eu e Maurício e, quando chegou no terraço acima do terceiro andar, eu fiz que escorreguei e empurrei ele como se fosse um acidente, para caso ele sobrevivesse, e vi o filho da puta despencando de cabeça, fazendo um grande baque na queda de uns dez metros. Desci correndo e, fatalmente, ele morreu no local com o pescoço quebrado e alguns ossos mais! Começou a juntar gente, eu falei que ele tinha escorregado e caído, todos nem dúvidas tiveram, pois, éramos amigos e meu conceito era e é ilibado! Providenciei logo avisar a sua família que era de Aracajú, seus pais vieram para o enterro, eu, como amigo cobri todas as despesas e, como não tinha nenhum contrato com relação aos seus direitos dos apartamentos, foi uma combinação verbal de confiabilidade, como ele, foi sacana comigo, eu também fui com ele em dose dupla. E, para demonstrar a minha gratidão e benevolência, coloquei o nome do Edifício Maurício Marques!

Como sou bastante calmo e frio para resolver qualquer coisa, por mais complexa que seja, esperei mais dois meses e, como não era oficialmente casado com Karla e tínhamos apenas um ano que eu havia trazido ela de Salvador para morar comigo, dei uma desculpa meio esfarrapada e terminei o romance, mandando ela arrumar seus panos de bunda, deu algum dinheiro e mandei ela para puta que pariu com a maior classe. A cachorra, cínica, ainda pedia para ficar repetindo que me amava!

Hoje eu estou tranquilo, vendi três apartamentos e tenho três alugados, ampliei minha loja, transformando-a em um grande magazine, estilo super mercado, me casei com a linda filha do prefeito e, em função do meu conceito de homem de bem, meu sogro está querendo me apoiar para substitui-lo em 2022!

Procedi desta forma, relembrando as palavras do meu querido avó, e vendo que eu não era lagoa para refrescar o cu do sapo Maurício e nem a xoxota da rã Maria Karla!

*Escritor- Historiador- Membro da Academia Grapiúna de letras-AGRAL-antoniodaagral26@htmai´-antoniomanteiga.blogspot.com

 

  

 

 

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