terça-feira, 14 de setembro de 2021

A TRAJETÓRIA DE JÚLIO!

 

Antonio Nunes de Souza*

O féretro seguia lentamente já dentro do cemitério, onde via-se muitas pessoas, mas, naquela altura, somente os mais íntimos continuavam acompanhando a dolorosa procissão, vendo-se na frente, ao lado do caixão conduzido por parentes e íntimos, uma ainda jovem senhora, amparada por um senhor idoso que era seu ex marido, chorando com os olhos inchados, curtindo uma dor forte por estar sepultando o seu jovem filho, falecido prematuramente, graças as desgraças trazidas pelos comportamentos infiltrados na sociedade, ou seja, consumo de drogas e bebidas em quantidades excessivas!

Eu, como bastante ligado a essa sofredora família, coloquei na mente a lembrança da trajetória de Júlio que, muitas e muitas vezes, o carreguei no colo, ou levei para passeios diversos junto com os meus filhos. Menino bonito, sadio, adorava esportes, cuidava do corpo através de exercícios e uma alimentação especial de frutas e verduras. Mas, com dezessete anos, precisando cursar a faculdade, foi para a capital continuar seus estudos na faculdade de música, que era o que gostaria de seguir!

Jamais fumou ou bebeu, porém, encontrando na capital uma agitação não só na vida diurna como, principalmente, na noturna a proliferação desses vícios, infelizmente, começou a aderir e praticar, ampliando cada dia, para outros tipos de drogas, caindo, idiotamente, nas garras dos iludidos toxicômanos que, tolamente, acham que faz parte de uma vida, viver drogado e repudiado por todos, pois, com esses vícios, todas as pessoas sensatas lhe fecham as portas e os deixam isolados nas suas pobres depressões, causadas pela esquizofrenia, doença incurável, mas, controlável através de remédios, porém, os usuários não podem, em nenhuma hipótese, ingerir bebidas alcoólicas que são incompatíveis!

Como acompanhava a família de perto, pude ver Júlio ir definhando, ficando com o rosto e o corpo inchado e, quando menos esperava, ou na verdade já esperavam, uma vez que lutaram para que ele se regenerasse e, cegamente, ele continuava com sua vida de viciado, fumando abusivamente também, ele acordou vomitando sangue e os pedaços do seu fígado explodido pelo álcool, e as drogas consumidas no passado, e algumas no presente!

Chamaram médicos, ambulância, mas, infelizmente já era tarde, pois, já tinha acontecido o pior. Ou seja, Júlio acabava de falecer em função de uma bruta e esperada cirrose, doença que liquida uma pessoa sem dar avisos, pegando-a sempre de surpresa. E, com viciados, muito pior ela procede!

Voltei triste do cemitério, pela despedida de um jovem que tinha tudo para ser realmente feliz, e não iludindo-se que, fechado nas suas frustrações, por não alcançar a realização dos seus sonhos e projetos, era uma pessoa feliz e realizada!

Pobre daqueles que, ilusoriamente, acreditam que, através de drogas, fumos e bebidas, vão ter sucessos e êxitos na vida! Um verdadeiro e triste engano, que somente os tolos acreditam!

*Escritor – Historiador- Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

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