terça-feira, 13 de abril de 2021

FATOS DO DESTINO!

 

Antonio Nunes de Souza*

Em pé, encostada na parede, olhava no meio da capela mortuária, um lindo caixão encima de uma mesa de mármore, cercada por bonitos e grandes castiçais que, com suas longas velas acesas, faziam as chamas abanarem para os lados, como mãos dando adeus a minha querida prima Daniele!

Desde criança vivia em nossa casa, sempre brincando e estudando comigo e minhas irmãs. E isso fez com que a nossa afetividade de prima fosse ampliada bastante!

Cresceu, entrou para faculdade, terminou o curso de arquitetura com bastante brilho e, logo em seguida, com a ajuda dos pais, instalou sua empresa de projetos e decorações, que logo conseguiu uma boa clientela, graças a sua competência profissional!

Jovem ainda, apenas 30 anos, conseguiu uma boa independência financeira, adquirindo um lindo apartamento, carro do ano e projeção social invejável!

Um belo dia, acidentalmente, conheceu Paulo Roberto, homem de meia idade, porém, charmoso, boa aparência e, para completar, bastante rico com seus negócios imobiliários. Se conheceram quando Paulo Roberto intermediou a venda de uma luxuosa mansão e Daniele foi convidada pelo comprador, para fazer algumas modificações e a decoração integral!

Terminadas as negociações ela e Paulo saíram juntos e, como era meio dia, resolveram em conjunto almoçar e comemorar os lucros, que o negócio proporcionou para cada um deles!

Durante o almoço, naturalmente nasceu uma simpatia mútua e, tranquilamente, combinaram que a noite ele a pegaria no seu escritório e iriam tomar um chope e depois jantariam!

No horário previsto, Paulo Roberto chegou, pegou Daniele e seguiram para uma cervejaria da moda, onde tomaram além de chopes, alguns copos de cerveja artesanal que, fatalmente, provocou euforia em ambos, já saindo abraçados e cheios de sorrisos. Paulo Roberto cinquentão experiente, seguiu para o seu apartamento, alegando que teria algo a fazer. Ela consentiu e, ao chegarem ele a convidou para subir pra conhecer sua residência de solteirão. Sem pestanejar ela subiu, entrou e ele pegou na sua pequena adega um vinho de safra respeitada e, servindo as taças, convidou ela para brindar a amizade!

Isso foi o início de leves carícias, seguindo de beijos, abraços e, consequentemente, deitados no tapete da sala, começaram a se desnudarem iniciando uma liberação sexual das mais deliciosas, sem que seja necessário detalhes, já que todos sabemos o que acontece nesses momentos, principalmente quando não existe regras de “isso não pode”!

Ficaram atracados em sexo e carícias por mais de duas horas, esquecendo completamente do tempo, uma vez que ambos eram independentes. Depois, já exaustos e satisfeitos, levantaram e foram tomar uma ducha na hidro banheira que com o borbulhar nas partes íntimas, despertou uma nova tesão em ambos e, sem vergonha de serem felizes, artisticamente, fizeram um sessenta e nove quase que mergulhados, sem a mínima preocupação de se afogarem, pois, seus desejos eram os orgasmos!

A essa altura, ele cansado e ela saciada, resolver deixa-lo em casa e ela tomaria um táxi para voltar para o apartamento. Ele insistiu leva-la, mas, ela o convenceu de ficar!

Quando desceu lembrou-se que não tinha jantado, resolveu ir a um restaurante comer algo. Sentou-se a mesa, escolheu no cardápio e fez o pedido. Enquanto chegava a comida ela ligou para mim, pois, nunca tivemos segredo, e me contou toda essa história com os mínimos detalhes, que estou passando para vocês!

O fato é que depois do jantar ela saiu para pegar um táxi para voltar para casa. E fui aí que aconteceu o inesperado. Ela feliz relembrando sua deliciosa noite, sentada na parte de traz do táxi, quando, inesperadamente, veio um caminhão desgovernado e colidiu de frente ao carro, sendo que Daniele e o motorista morreram no local, antes de chegar a assistência do SAMU!

Em seguida as medidas dolorosas do Instituto Médico Legal, liberação do corpo e, finalmente, o enterro, que ora estou aqui aguardando, vendo com lágrimas nos olhos, seus pais e familiares sofrendo a dor da perda!

Essas são as ironias do destino que, inesperadamente, nos tiram a felicidade conquistada!

*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-ntoniodaagral26@hotmail.com-antonio,anteiga,blogspot.com

 

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