Antonio
Nunes de Souza*
Tudo
que acontece nesse mundo de “meu Deus”, na sua maioria, tem características
interessantes e estranhas que, por mais que sejamos experientes, estudiosos,
analistas, ou adivinhos, sempre somos surpreendidos por desfechos completamente
inesperados e improváveis!
Estava
agora rememorando o que aconteceu comigo e Isabella (meu nome é Ana), mas,
desde criança somos tratadas como Aninha e Bela. Eu, menina pobre fui parar na
casa de Bela em função do seu pai, homem rico e legal, contratar minha mãe para
ser a governanta em sua casa e, além de dar uma quitinete no fundo, concordou
que eu fosse junto, pois, sendo da mesma idade de Bela seria uma companhia para
brincar e estudar.
Tínhamos
sete anos nessa época e, com sua bondade, dr. Meira me matriculou na mesma
escola da filha, custeando todos meus estudos. Minha mãe chorou de felicidade,
mas, para mim que nada entendia, encarei como uma coisa normal. Brincávamos,
passeávamos, saímos para aulas de piano, tênis, natação, balé, etc.,
praticamente como se fôssemos irmãs. Só que eu, mesmo sendo bonita, era negra e
Bela era loura linda e com características escandinavas. Um contraste
interessante, mas todos nos admiravam pela união, afeto, amizade e carinho. Era
uma maravilha, pois, até a noite quando dr. Meira chegava, pegava as duas no
colo e enchia de beijos e abraços, sempre trazendo chocolates para nós.
Verdadeiro carinho de pai! Minha mãe, rezava muito agradecendo a Deus essa
dádiva!
Fomos
crescendo e, em função dessa amizade ardente e união, começamos a nós tocarmos
e alisarmos pela curiosidade do sexo, que terminamos passando a ter verdadeiras
relações sexuais, com orgasmos e sensações novas e boas em nossas vidas. Isso
começou quando tínhamos dezesseis anos, já terminando o secundário e nos
preparando para o terrível vestibular que, na verdade, não nos amedrontava,
pois éramos ótimas alunas!
Esse
amor carnal era nosso maior segredo e ninguém percebia, pois nossas
características de irmãs, fazia com que essa ideia não pudesse brotar em alguma
mente. Nos amávamos loucamente em nosso quarto, já que passei a morar junto com
Bela, para que fosse mais fácil estudarmos e fazermos companhia a noite uma
para a outra!
Passaram-se
os anos, fizemos faculdade, nos formamos em medicina, dado a influência do
nosso querido (pai e protetor). Nossa amizade sexual já durava oito anos, já
que estávamos com 25 anos e, curiosamente, nunca chegamos a namorar com nenhum
rapaz, conservando nossos afetos uma para a outra, que, sinceramente, preenchia
nossos desejos, não dando lugar para ter a curiosidade de testar o sexo oposto!
Na
nossa formatura ganhamos do dr. Meira uma viagem para passar 15 dias em Salvador,
exatamente nos dias precedentes ao carnaval e mais uma semana posterior aos
festejos. Não precisa dizer que enlouquecemos de alegria, pois, morávamos em
Cuiabá e tínhamos loucura para conhecer a maravilha citada por todos, que era
Salvador e seu desbundante carnaval!
Providências
foram tomadas, reservas de hotéis, compra de Abadás do Chicletes e Olodum, além
dos pequenos detalhes importantes para que as noitadas fossem delirantes. E, na
verdade, foram!
Assim
que chegamos, logo a noite fomos a um ensaio da Timbalada, que era uma
verdadeira loucura, comandada por Carlinhos Brawn e seus timbaleiros. E, de
estalo, eu conheci Hiltinho, que não era garotinho, mas, com seus 40 ou 50 anos,
derramava charme e dançava como ninguém e, ao mesmo tempo, Bela conheceu
Maurício Benjamim, cara sarado, super alegre, muito doidão e animado. O
verdadeiro barriga de tanquinho, já que vivia sempre em cima das pranchas de
surf. Dançamos loucamente, bebemos rimos e nos divertimos até o dia raiar,
acontecendo o inesperado: levamos ambos para o nosso hotel, transamos quase até
as dez horas da manhã, dormimos e, pela tarde, depois do almoço as 15 horas,
eles foram nos mostrar a Praia do Porto, point respeitável dos turista de todo
o mundo!
A
essa altura, percebemos que estávamos dando um tempo em nossa relação, mas, que
estava valendo a pena a nova e deliciosa experiência peniana. Assim como nós,
os dois estavam também vidrados na gente, já que além de bonitas, tínhamos
classe e qualificações. Principalmente pela nossa independência, já que, para
eles, tudo era 0800!
Encurtando
a conversa, passamos um carnaval inesquecível, ficamos nos correspondendo e
eles indo nos ver eventualmente, até que, resolvemos nos casar. Eles foram bem
recebidos pelo dr. Meira (que era viúvo) e pela minha mãe que transbordava de
felicidade.
Já
se passaram 10 anos, temos dois filhos cada uma (curiosamente casais). Moramos,
por um pedido do pai de Bela, que, para mim, já era também o meu pai (pois me
perfilhou há pouco tempo). Sempre vamos passear em Salvado e ficamos hospedados
o no apartamento do sogro de Bela, dr. Hélio ou na casa de minha sogra Dayse em
uma praia famosa chamada Arembepe!
Ninguém
poderia imaginar esse desfecho, principalmente, nós duas que, por uma década
fizemos as mais fervorosas juras de amor eterno e fidelidade!
Essa
“vida louca” sempre nos oferece histórias, completamente, inusitadas!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras –AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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