sábado, 10 de setembro de 2016

Mais um ano que passou!

Antonio Nunes de Souza*

Minha vida não é um “palco iluminado e nem me visto de dourado”. Ela é, mais provável, um picadeiro do tipo daqueles circos mambembes, redondos forrados de serragens, ou pó de serra, por cima do terreno comum, ladeado por modestos camarotes que, em cada apresentação, enche seus espectadores especiais da elite, com uma poeira intensa, principalmente quando tem apresentação de animais!

Sinto-me como se fosse o modesto dono do circo, que é mais modesto ainda, lutando pela sobrevivência, já que as concorrências modernas estão fazendo desaparecer a vida tão maravilhosa e de boas lembranças, como os verdadeiros espetáculos circenses!
Imagino-me como um dublê de dono do circo e, ao mesmo tempo palhaço, que além de fazer os outros sorrirem e se divertirem, tem que nas minhas apresentações estar sempre alegre, bom humor, sorridente, mesmo que na cabeça, no coração e na alma, somente contradições e preocupações estejam pairando. A obrigação é provocar alegrias, mesmo cheio de tristezas e solidões. O espetáculo não pode parar e o palhaço é o mediador das atrações, fazendo suas travessuras e dizendo suas piadas, muitas vezes, debochando de si próprio e das sua vida de certas amarguras!

Se me perguntarem se sou feliz pensando dessa forma, sinceramente, digo que sim. Pois, todos nós sofremos os altos baixos dessa vida louca que atravessamos, tendo que, muitas vezes, sorrir quando na verdade o desejo e a necessidade é de chorar! É como dizem popularmente: “É a cruz que temos que carregar como provação ou purgação”. Sendo assim, não posso me queixar, nem achar que sou um grande sofredor. 

Sou apenas mais uma pessoa que, sem lamúrias, reconhece os seus encantos e desencantos. Hoje, as pessoas que conhecem meus escritos, certamente, estranharão esse desabafo cheio de controvérsias, desnudando certas particularidades do meu ser. Mas, somos humanos e os desafios são similares, assim como as soluções.

Daqui a pouco, vou colocar as minhas pernas de pau, me caracterizar com pinturas e roupas, saindo pelas ruas com uma porção de garotos atrás, fazendo propaganda de mais um espetáculo, gritando no megafone: O palhaço o que é que é? E eles respondem: É ladrão de mulher!

*Escritor _ Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com

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