segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Que saudade de vovô!

Que saudade de vovô!
Antonio Nunes de Souza*

Passada a fase política, nada melhor que voltarmos a tratar de assuntos mais agradáveis, proporcionando uma leitura mais digestiva para quebrar a tensão de meses de expectativas de quem o povo escolheria para governar o país por quatro anos.
Então, como a escolhida foi uma mulher, me lembrei do meu querido avô (que também era meu padrinho), homem que sempre valorizou as mulheres em todas as circunstâncias e, eu ainda pirralho, martelava em meus ouvidos uma frase conselheira de comportamento, que jamais consegui esquecer. Dizia ele enfaticamente com a voz impostada: Jamais seja um “baba ovo”. Mas, nunca deixe de ser um “baba ovário”!
Isso ele falava dando uma grande gargalhada no final, deixando transparecer que se tratava de um sábio e útil conselho que eu deveria seguir fielmente. Sentia em seu olhar que havia um pouco de malícia em suas palavras, já que aquele bonito homem de olhos azuis tinha dado muitas agonias a minha querida avó, que, infelizmente, não tive a felicidade de conhecê-la. Mas, pela pouca idade, ainda não conseguia entender bem todas as nuances trazidas naquelas “babativas” palavras repetidas quase que cotidianamente. Porém, com o passar do tempo, já entrando na puberdade, quando não mais contava com sua presença ao meu lado, passei a entender, sem nenhuma dúvida, o que ele queria registrar em minha mente e personalidade era um comportamento sóbrio e sério com os homens, olhando-os com igualdade e, com as mulheres, proceder afetivamente e efetivamente com o maior carinho pelos méritos que esse ser maravilhoso e competente merece.
Nas minhas recordações, pude ver que, religiosamente, segui e sigo esse conselho, sempre colocando as mulheres à vontade e num patamar especial, quer seja verticalmente nas negociações ou, horizontalmente, nos momentos de prazer!
E, com relação à parte masculina, orgulho-me de jamais ter “babado ovo” de nenhum, tratando-os com respeito e igualdade, dando os valores a aqueles que realmente merecem, sem utilizar à insípida e subserviente bajulação.
Certamente, vovô deve estar orgulhoso de mim nesse aspecto, e lamento muito o tempo não ter me dado oportunidade de convivermos por mais tempo, pois, muitas outras coisas eu teria aprendido, para enfrentar mais harmoniosamente essa vida louca!

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com - antoniomanteiga.blogspot.com)

Nenhum comentário: