terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Esses homens...


Esses homens...
*Antonio Nunes de Souza

Uma amiga que havia lido minha crônica a respeito do “desrespeito” dos porcos chauvinistas com relação às mulheres, elogiou minha honrosa e justa defesa ao sexo taxado antigamente de fraco, sugerindo que escrevesse algo sobre esses pulhas, uma vez que, embora não haja uma aceitação no meio machista, também temos denominações nada elogiáveis no mundo feminino, envergonhando a classe do primeiro ser criado na face da terra, considerado racional.
Gosto da imparcialidade nas opiniões e nada mais correto que traçar um perfil também bastante enfatizado, citando alguns dos diversos tipos de homens que transitam, abundantemente, nas várias camadas sociais e, sem nenhum “semancol”, imaginam que estão abafando com seus comportamentais estranhos e inadequados.
Para falar dos homens, tenho que ter um cuidado especial, pois, fazendo parte da classe, se facilitar, estou passivo de derrapar um pouco e ser tendencioso, escondendo certas facetas. Mas, como disse antes, serei bem mais imparcial do que os árbitros de futebol do quadro da Fifa, dando o cartão vermelho a quem realmente merece.
Vou começar pelo “Cafajeste”. Este abominável ser tem em sua cabeça, a idéia errônea que as mulheres os adoram. Aliás, esse conceito popular circula com uma freqüência tão acentuada, que algumas delas, para dizerem que estão na onda ou curiosidade, cultivam certos relacionamentos e terminam quebrando a cara com esses peçonhentos indivíduos. Geralmente são mal educados, se trajam com péssimo gosto, aparência de marginal de filme mexicano, falam utilizando gírias e expressões tolas, termina de comer e sai palitando os dentes, propositadamente erram nos plurais e verbos para dar ênfase as suas machezas (cinco milhão, tenho dois carro, uma porrada de mulé, tomano mé, etc.). Idiotamente, se taxam de “autênticos”. Realmente são autênticos babacas! Só sabem ou conseguem enganar, uma minoria de garotas suburbanas menos avisadas e algumas dondocas emergentes excêntricas, em busca de aventuras paradoxais. Esse tipo é tão pobre de espírito que causa náusea e pena quando deparamos com algum, uma vez que eles infestam todos os ambientes, como se fossem formigas de doce. E para coroar sua condição de cafajeste, caráter para ele é algo inexistente.
Será que as mulheres são culpadas pela perpetuação dessa espécie? Sei não! Mas, se faz necessário que elas trabalhem no sentido de exterminar esse troglodita moderno, dando-lhes menos oportunidades.
Aproveitando o modismo televisivo, desponta no cenário nacional um tipo que está fazendo mais sucesso dos que os empréstimos para aposentados: O Coroa Galã!
Depois da série global “A presença de Anita”, a novela “América” e outros exemplos televisívos, qualquer grisalho está tendo uma cotação altíssima com as menininhas. Dizem os psicólogos que elas procuram nesses homens a presença paterna, etc., porém, mais parece que realmente procuram é alguém que lhes proporcionem prazeres materiais e físicos com maior qualidade e façam com que se sintam realmente mulheres, fatos que não ocorrem nas ligações com os “Sarados e Cocô- boys”, personagens que falarei adiante.
O coroa galão, embora tenha seu espaço com as mulheres, conquistado graças à mídia e o charme (imagino que os diretores das novelas geralmente são dessa classe e, como gostam de ninfetas, procuram impingir esse comportamento como normal na sociedade. Não deixa de ser uma “cafajestagem” disfarçada que tem três classificações distintas: O casado descarado, o solteirão inveterado e o descasado aventureiro.
O primeiro sempre se apresenta discreto e como argumento diz ser “relativamente” solteiro, alegando não existir um bom relacionamento familiar, continua junto em função dos filhos, tem muita carência, etc., mas, quando encontrar uma pessoa legal, ele tomará uma posição definida. O pior é que essa merda de conversa, mesmo super batida e conhecida, ainda colhe bons frutos no meio das mulheres. Não sei se penalizadas ou pelo desafio de fazer um homem feliz, pois, quando eles contam essa estória, sempre fazem aquela cara de cachorro sem dono. Esse, além de casado descarado, ainda é cínico. Porém, geralmente, se dá muito bem nas investidas.
Por que será que as mulheres acatam tanto esse tipo? Sei não! Acho que é modismo!
Já o solteirão inveterado, que pra mim trata-se do individuo que não se definiu sexualmente, imaginando que pode casar e descobrir que sua tara é outra. Isso é fácil de ver (só ele que não percebe), pois sempre está reunido com grupos de homens, faz questão de demonstrar sua masculinidade, dizer que já transou com todo mundo e alardear sua liberdade. Enfim, um garganteiro conversador, que na verdade não casou porque não achou ninguém que agüentasse seu papo e companhia nada agradável. É como chuchu: Parece uma pêra, mas não tem gosto de nada!
Mas, com certeza absoluta, esse tipo é o que melhor se dá bem nos relacionamentos relâmpagos, o popular “ficar”. Principalmente com as mulheres da faixa dos 25 aos 35 anos, não comprometidas, que com receio do encalhamento, sempre partem para o desafio de quebrar o celibato do individuo e, conseqüentemente, o seu. E se ele tiver alguma condição financeira ou for profissional liberal, tem que andar até com segurança, pois senão as mulheres (com todo respeito) atacam mesmo. Classifico esse tipo de homem como “altíssima periculosidade”. Creio que o Sebrae deveria dar um curso de destreza para as mulheres, qualificando-as para que tenham condições de lidar sem riscos com essa classe que, além de tudo, ainda gosta de fazer uma produção independente e se negar às responsabilidades.
Se os outros são perigosos, esse terceiro é pior ainda! É o Descasado Aventureiro! Nessa classe tem uma subdivisão, onde encontramos uma diversidade comportamental, dependendo de como ele chegou a condição que ocupa: Ou foi por incompatibilidade de gênios ou adultério!
No primeiro caso, não podemos nem condena-lo, pois todos nós estamos passivos de uma separação por desentendimentos domésticos ou desgaste amoroso com o passar do tempo. Quando é esse o caso, podemos dizer que é inofensivo e um cara até confiável, pois já teve uma experiência familiar, geralmente habituou-se a vida caseira e pode ser um ótimo partido e marido. O maior cuidado que se deve ter é com relação ao seu temperamento, pois essas separações acontecem sempre em função do cara ser chatíssimo e implicar com tudo. Mas, com uma dose de paciência, domina-se o bruto!
Agora, se a causa da separação foi adultério e ele é que foi enganado. Saia de baixo, meninas! Pois, nesse caso, as duas subdivisões são péssimas! Tem o Corno Manso e conformado, normalmente um idiota perfeito, que jamais será um homem completo ao seu lado. Até a ex-mulher lhe enganou tanto e ele não reagiu que ela preferiu larga-lo a ter um Zé Mané ao seu lado. E olhe que esse tipo descobre, perdoa e ainda pede pra ela não fazer mais e continuar numa boa. Esse, coitado, envergonha nossa classe. E mulher que pega corno de segunda mão, jamais será feliz!
Já o valentão, aquele que pegou a mulher e encheu de cacetadas, fez escândalo, perseguiu o Ricardão, ameaçou de morte e outras baboseiras mais, é perigosíssimo! Só é comparado aos homens bombas das Arábias. Pra matar e morrer ele não muda a camisa! É desconfiado, tende a aprisionar a nova mulher, achando que com isso evita uma reprise, tornando a convivência intolerável. Mulher com juízo nem se aproxima desse tipo explosivo. Fora à possibilidade dele ter na mente uma grande dose de ódio e querer destila-lo vingando-se com a nova parceira.
Só dou um conselho para as mulheres: Se pintar em sua área um corno valentão, carinhosamente, mande-o tirar os chifres e ir tocar berrante nos rodeios de Barretos!
Somente um livro e com volume avantajado, poderia enumerar e classificar o comportamento dos homens, portanto vou finalizar voltando-me para o grupo dos mais jovens e solteiros, citando apenas duas categorias simplesmente ridículas, que estão crescendo abundantemente no mercado.
Primeiro: O Sarado. Que tem na sua mente a idéia tola que as mulheres estão procurando homens para carregar geladeira, servir de segurança, mudar os móveis de lugar na hora da faxina ou estrangula-las com apenas dois dedos. Aí, com essa ilusão, ficam o dia todo na academia correndo numa esteira, abraçados em um aparelho, comendo frutas e verduras. Resultado: Não fumam, não bebem e também não f...! Sentem-se felizes somente em mostrar os bíceps da grossura de uma coxa de elefante, acreditando ser o padrão da beleza masculina. Não sabendo eles que as mulheres gostam na hora do vamos ver é de carinho, doçura, conhecimentos do que fazer e como fazer e não precisa ser o “exterminador do futuro” para fazer uma mulher perder as forças e suspirar de prazer.
O segundo, taxado jocosamente como Cocô-Boy, embora atinja mais especificamente o adolescente (17 a 21), pode-se encontrar outra faixa etária englobada na classificação. Nessa você ainda encontra expressiva quantidade de adeptos com MS e PHD. Esse orgulhoso e vaidoso é o Cocô-Boy Sarado!
Você não precisa procurá-lo e nem terá dificuldade de identificá-lo, pois ele já aparece com o som do carro estrondando milhares de decibéis, tocando uma música de péssima qualidade e gosto, para nas conveniências dos postos ou bares, amarra a camisa na cintura (isso quando estão com esse acessório), pega uma lata de cerveja e, reunidos em grupos, começam a dançar e jogar cerveja um no outro. Em algumas ocasiões pode-se ver patricinhas, com as cabeças mais vazias do que panela de pobre, fazendo companhia a esse produto, criado pela cultura e educação que é dada aos jovens do nosso país. Olhe que o digo não é caretice não! Fui um garoto que amei os Beatles e os Rolling Stones, vi nascer o Rock, o movimento dos Hippes, a libertação sexual das mulheres, a explosão das drogas, milhares de porra-louquices, etc., mas, nunca tive um comportamento que pudesse ser considerado idiota. Esse tipo espero que seja temporário e sazonal, pois, se por acaso houver reencarnação, imagino voltar daqui a alguns anos e ver o mundo dirigido por esses jovens, que hoje valorizam tantas banalidades.
Graças a Deus, acreditamos que esses últimos sejam passageiros, mas, quando estão passando, só faltam estourar nossos tímpanos. O som alto é, exatamente, o sinal que se trata de um idiota que está atrás do volante!

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)
antoniomanteiga.blogspot.com

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