segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

De longo a sem calcinha!

Antonio Nunes de Souza*
Com a evolução do tempo, as necessidades climáticas e proteção natural, os seres humanos começaram a vestir roupas, inicialmente, utilizando peles de animais e, nos diversos períodos atravessados, foram sendo criados uma série de materiais, até chegarem aos tecidos de algodão, linho, etc., finalmente, sendo seu campeão de uso e venda nos nossos dias, os confeccionados com fibras sintéticas.
Elogiável e perfeita essa preocupação técnica e científica, no sentido de nos dar uma real proteção sazonal adequada, nos protegendo das intempéries, já que somos passivos de uma grande variação climática em nosso planeta.
Mas, tudo estaria perfeito não fosse a nossa vaidade que, aflorada pelo pecado capital amplamente conhecido como inveja, criou-se algo que revolucionou o mundo do vestuário, no sentido de personalizar cada indivíduo ou os mais privilegiados, usando-se tecidos e cortes especiais, tornando-os diferenciados e dando-lhes status de VIP. Aí, mais que depressa, surgiu a figura do estilista, que vem se firmando cada vez mais ao longo do tempo, impondo seus gostos (muitas vezes extravagantes), direcionando o público para suas tendências. Enfim, ditando suas modas e nos impondo o que devemos usar ou não usar, para não sermos considerados caretas, cafonas, bregas e outros adjetivos mais depreciativos.
Será que tudo isso é certo?
Sem sombra de dúvidas é certo, gostoso e salutar!
Você já imaginou andarmos na rua ou irmos numa festa e estarem todas as pessoas usando o mesmo tipo de roupa?
Até para você encontrar alguém seria uma trabalheira terrível em função da padronização. E, por mais interessante que fosse, seria tristemente e, literalmente, uniforme.
Portanto, devemos prestigiar, e muito, as pessoas que se dedicam às sofisticações e idealizações permanentes em nossos vestuários, pois, graças a elas, temos a oportunidade de nos apresentarmos mais adequadamente e, ao mesmo tempo, apreciarmos em todos os lugares as belezas ressaltadas pelos tecidos e adereços que estão compondo cada personagem.
Como venho prestando atenção a esse fato desde os anos 60, tive oportunidade de ver os longos vestidos, as cargas de anáguas, os conjuntos Chanel, a moda cigana e descontraída dos hippes, o lançamento da mini saia de Mary Quant, a calça Sant Troupez de Brigitte Bardot, o psicodelismo da londrina Carnaby Street e, daí pra frente, uma variação incalculável em torno do tema, que só faz embelezar as mulheres, e os homens também, já que o modismo tornou-se praticamente unisex. Hoje, retornou com força total a imbatível calça Sant Troupez, bem mais arriada na virilha que, com a conivência da mini blusa, deixa a mostra os sedutores pelos pubianos. E, para selar a harmonia panorâmica, a mini volta como micro saia e as estrelas e jovens estão, generosamente, dispensando o uso das calcinhas.
Acho que está tudo lindo e muito certo nessa liberdade de vestir-se e faz muito bem a nossa visão no dia-a-dia. O que peço a Deus é que eu não tenha nunca catarata ou glaucoma, para poder pelo menos, apreciar essa moda tão aprazível e sedutora.

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com – antoniomanteiga.blogspot.com)

Um comentário:

Lúcio Pamplona. disse...

Realmente Antônio se todos nós nos vestíssimos com um mesmo tipo de roupa o Brasil ia se parecer muito com a China dos tempos de Mao Tse Tung.Aqueles macacões azúis típicos da China dos anos 60.