Antonio Nunes de Souza*
Externar
algumas das nossas sensações ocorridas no passado, muitas vezes nos deixa com a
consciência mais aliviada e, certamente, demonstramos nossos arrependimentos
pelos atos e ações praticadas, mesmo que estas tenham sido maravilhosas e
inesquecíveis!
Casada
há quatro anos, feliz, tranquila e ainda desfrutando como se fosse uma lua de
mel prolongada, pois, mesmo com alguns anos de casório, não tínhamos intenção
de logo termos filhos. Eu sou dentista e Jorge (meu marido) advogado
criminalista. E, por essas profissões liberais, vivíamos como classe média
alta, tendo os confortos necessários dos mais ou menos privilegiados!
Então,
num verão bem ensolarado, resolvemos ir passar uma semana em um vilarejo
praiano da moda, chamado Morro de São Paulo. Reservamos uma ótima pousada e,
logo que chegou o fim de semana, pegamos o carro e seguimos para o encantador
local!
Chegamos,
nos instalamos e já ficamos eufóricos com a linda vista para a praia, pela
janela do nosso apartamento. Não precisa dizer que começamos a desfrutar da
piscina logo no fim da tarde/noite e, como prevíamos, jantamos mais tarde umas
maravilhosas iguarias na base de frutos do mar!
Na
manhã seguinte, fomos para a praia, onde já se encontrava uma série de turistas
e nativos que vendiam cangas, óleo protetor, queijos assados, camarões, ostras,
sorvetes, etc., logicamente, tinha também vendedores com grandes vasilhas de
isopor, vendendo cervejas geladinhas. Tanto você podia alugar cadeiras e
sombrinhas, como também, ir para as barracas, sentar-se nas mesas e ter
atendimento mais sofisticado. Optamos pela primeira.
O
fato é que Jorge, que é esportista, se aconchegou com um grupo que organizava
um futebol (baba) e foi logo praticar seu esporte favorito. Eu, de longe, observava
os jogadores quando, inesperadamente, chegou ao meu lado um homem belíssimo,
bem bronzeado, cabelos pretos e, por mais absurdo que pareça, seus olhos eram
completamente azuis. Juro que fiquei atoleimada e petrificada pela beleza
impressionante daquela pessoa. Ele se aproximou mais e me deu um bom dia com
uma voz caliente e sedutora. Claro que respondi já toda derretida, embevecida
com essa aparição inesperada!
Ele,
desinibido, como são os cariocas, começou a puxar conversa, de início um papo
curto, até que descobrimos que estávamos na mesma pousada e, curiosamente, nós
no 206 e ele no 207. Cheguei quase tremer em função de uma vizinhança tão
provocante!
No
dia seguinte Jorge já enturmado com a equipe de futebol, saiu cedo logo após o
café, e eu fiquei de ir depois das dez horas. Aí foi que aconteceu o que eu não
esperava!
Fabrício
(esse era seu nome) bateu na minha porta e, quando fui atender, sem esperar ele
me abraçou e me beijou com tanta volúpia, que não tive nenhuma ação de repulsa.
Ao contrário, simplesmente o abracei puxando-o para cima de mim, unindo nossos
corpos, e como não poderia ser de outra forma, nos deitamos, transamos
vigorosamente em várias posições possíveis, tendo orgasmos alternados e ao
mesmo tempo. Depois de uma hora de esfregações, sexo e carícias, assustada
voltei a minha realidade e o afastei, pedindo delicadamente, que saísse do
apartamento imediatamente. Fabrício, meio assombrado com minha reação, saiu sem
dizer nada, a não ser que estaria viajando para o Rio dentro de uma hora!
Não
nego que fiquei super aflita com o que tinha feito, imaginando que somente uma
tentação demoníaca poderia fazer com que eu cedesse a uma sessão de sexo extra
conjugal, com alguém que acabara de conhecer. Tomei um banho como se fosse para
tirar as impurezas do meu ato, seguindo para praia para encontrar-me com meu
marido. Cheguei, como sempre, me instalei em frente ao campinho e,
inacreditavelmente, passou um carro pela estradinha ao lado e o motorista me
deu o maior adeus. Simplesmente, era Fabrício. Eu, automaticamente, respondi com
sorriso e balanço dos braços, demonstrando que ele tinha marcado algo em minha
vida!
Passamos
os outros dias, com as mesmas deliciosas rotinas proporcionadas pelo lugar, até
que chegou o dia da nossa volta para Salvador!
Passados
vinte cinco anos dessa minha loucura, estou outra vez em Morro de São Paulo,
com Jorge e nossos dois filhos adolescentes. Fomos para mesma Pousada, já
ampliada e modernizada e, por uma coincidência incrível, ficamos nos mesmos
apartamentos. Nós no 206 e os meninos no 207!
Sou
muito feliz e Deus deverá me perdoar por ter caído numa perigosa e maravilhosa
“tentação demoníaca”!
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
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