Antonio Nunes de Souza*
Estava
começando a cair à tarde e, sem fazer nada, fui para o Porto da Barra ver o
lindo e maravilhoso pôr do sol!
Não poderia
ter escolhido um programa melhor, uma vez que, segundo os apreciadores do
poente, o sol no porto se esconde com uma classe indescritível, fazendo os
sonhadores, apaixonados, poetas, boas vidas e namorados, se animarem e partir
depois para fazer o que mais gostam!
Sentei-me em
um lugar privilegiado, comecei a tomar uma água de coco geladinha e, sem
nenhuma pressa e toda baianidade, passei a mirar o horizonte, esperando que o
rei dos céus, lentamente, começasse a se esconder, projetando aquele colorido
que transparece o mais belo dos arco-íris!
Como é
normal, aos poucos foram surgindo outras pessoas, todos procurando lugares
adequados e mais confortáveis, nas pedras que circundam o abandonado monumento
ao descobrimento do Brasil!
O
interessante é que todos chegam, e se cumprimentam pelo menos com um sorriso,
mas, aos poucos, as conversas vão surgindo e, em pouco tempo, os mais próximos
já estão batendo o maior papo como se fossem velhos amigos. Sem bairrismo, essa
característica só se vê na Bahia. Somos mais abertos do que a fronteira do
Paraguai. Para o baiano não existe estranho, apenas alguém que você não teve
oportunidade de um dia se encontrar. Com um único encontro ele já diz: Fulano?
É meu grande amigo, cara!
E, por esse
normal comportamento, com menos de meia hora eu já estava conversando
animadamente com Iva, uma loura alta, esguia, bonita e inteligente. Ela era
professora de história e estava fazendo pós-graduação. E, como eu também estou
estudando licenciatura de história, essa conhecidência fez com que nossa
conversa fosse mais interessante para os dois, e ajudasse a nos entendermos
melhor!
Aí, quando o
sol começou a se pôr, escondendo seu rosto nas águas do oceano, o horizonte
deslumbrava com um mar vermelho de tons sobre tons, o céu parecia um quadro do
famoso pintor holandês Van Gogh, predominando
milhares de pinceladas amarelas, entrelaçadas por outras vermelhas e laranjas,
nos proporcionando uma cena deslumbrante, empolgando nosso corpo e espírito, deixando
fluir em nossas mentes, os desejos das realizações guardadas em nossos
pensamentos, que sempre esperamos um dia concretizar!
Sem que
sentíssemos, já estávamos eu e Iva de mãos dadas, nos acariciando com os dedos
e pequenos apertos, como se estivéssemos hipnotizados pela maravilha que se descortinava
em nossa frente!
A cada
centímetro que o sol desaparecia, nos olhávamos trocando sorrisos e, aos
poucos, já estávamos com os rostos colados deleitando aquele momento, que pra
mim, tornou-se fantástico e inesquecível!
Já escuro,
sobrando apenas aquela mancha vermelha, confundindo-se com algumas nuvens que
teimavam em emoldurar o horizonte, nos levantamos abraçados e, sem dizer uma
única palavra, nos beijamos longamente como se estivéssemos comemorando a linda
morte do dia, e o nascimento sublime de uma bela noite!
Foi algo tão
espontâneo e prazeroso, que nenhum dos dois se sentiu deslocados, ou que
estavam fazendo algo que não devia. A simpatia conjunta foi tão natural e boa
que, sem nenhum rodeio, nos dirigimos para nossos carros e combinamos nos
encontrar a noite!
Foi, sem
dúvida, uma noite maravilhosa. Amamos-nos com uma paixão devoradora em todas
maneiras, formas e posições, como se fosse algo que esperávamos um dia acontecer
em nossas vidas e, naquele dia, como uma dádiva, aconteceu!
Acordamos
pela manhã com o sol entrando pela janela do quarto, nos despertando com um bom
dia cheio de claridade!
Foi um
momento lindo de minha vida, que tive o sol como testemunha no início e no fim,
dessa deslumbrante aventura que nunca mais se repetiu!
Pois, assim
como misteriosamente apareceu, Iva sumiu!
As vezes,
quando me recordo, imagino que tudo não passou de um mirabolante sonho.
Gostaria de saber se Iva sente o mesmo!
*Escritor, Historiador,
Cronista e Poeta!
Um comentário:
Bom dia amigo um grande abraço!
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