Antonio Nunes de Souza*
Querida
amiga Verinha,
Graças a
Deus e aos meus esforços, já estou com minha programação para o carná da Bahia,
completamente pronta! Mas, tudo isso foi conseguido com sacrifício minha filha!
Como você
sabe, continuo trabalhando com aquele advogado, fazendo às vezes de secretária
e auxiliando em alguns processos na justiça, já que estou terminando esse ano o
meu curso de direito. O cara é muito exigente, mas, como é competente e tem
prestígio aqui em Sampa, tenho que segurar as barras, e aproveitar para ir me
familiarizando com a clientela dele, e cuidando do meu futuro. Eu até que tiro
todas de letras, mas, o pior é que desde que eu entrei aqui, que ele tenta me
comer. Olha pra minha bunda com o olhar tão penetrante, que chego a sentir que
tem alguma coisa entrando. Procuro disfarçar, porém é difícil porque, mesmo sem
dizer uma palavra, na sua testa pode-se ler o seu desejo de transar comigo!
Aí minha
filha, como estava louca para ir passar o carnaval em Salvador, resolvi fazer
uma artimanha, seduzindo o meu chefe e conseguindo que ele me desse licença,
para eu curtir meu querido Chicletes com Banana, minha adorada Ivete, a doçura
de Ricardo Chaves, a batida do Olodum, a beleza do Yllê, e a sempre rainha
Daniella Mercury. Ai meu Deus! Só em estar escrevendo fico toda arrepiada!
A minha
estratégia foi à seguinte: Comecei desde a semana passada a me insinuar, quando
ia lhe mostrar um processo sempre procurava me encostar nele como se fosse
acidente, etc., mas, ele embora ficasse vermelho e tenso, não tomava nenhuma
atitude mais agressiva. Até que cinco dias atrás, eu resolvi dar a última
cartada: Deixei cair uns papeis enquanto conversávamos e, ao me abaixar para
pegar, propositadamente, comecei a roçar a minha bunda nele e, quando esfreguei
em sua virilha, não deu outra. Ele me segurou por trás, puxou meu corpo para
junto, me virou e deu o maior beijo. Em princípio fiz aquele charminho de
querer me separar, mas, quando senti que ele ia fraquejar por ser tímido,
abracei o desgraçado pelo pescoço, e mandei um beijo bem sacana e sedutor,
esfregando todo meu corpo ao dele, já sentindo algo duro nas minhas coxas. Como
só estávamos nós dois no escritório, pois era final de expediente, fazendo
aquela carinha de pureza e vergonha para aumentar a excitação do homem, disse
baixinho em seu ouvido: Que loucura vamos cometer Dr. Rommel! (Disse “vamos”
exatamente para que o desgraçado não parasse e estragasse meus planos). Com
esse cochicho foi que o homem endoidou, e me levou para o sofá, foi tirando o
pau pra fora e, sem pestanejar, me pediu para fazer um boquete. Olhei o tamanho
da zorra e não me fiz de rogada. Meti a boca e minha língua parecia um
liquidificador Arno. O homem deitou-se e se contorcia como uma cobra, enquanto
eu, com muita perícia e habilidade, cuidava daquela vara que não era jurídica.
Astutamente, quando percebi que ele ia gozar, tirei a boca e coloquei o meu
plano em prática: Dr. Rommel o senhor pode me dar 12 dias de licença para eu ir
para Salvador?
Menina! O
cara já nos estertores da sacanagem, respondeu: Sim! Sim! Claro meu bem, pode
ir! Mas, ao mesmo tempo, segurou minha cabeça pelos cabelos e enfiou minha boca
no cacete que eu cheguei a ver estrelas. Quase que a desgraça da rola me
arranca as amídalas, me deixando engasgada com a carga de esperma que o
miserável expelia em minha goela! Porém, não perdi a classe. Com os olhos
lacrimejando de dor, engoli a porra toda, esperei ele se refazer e,
demonstrando estar arrependida e escabreada, me dirigi ao sanitário para me
refazer do sufoco e me arrumar!
Minha filha,
gargarejei umas dez vezes com um nojo filho da puta, e a garganta doía pra
cacete, em razão da estocada que o miserável me deu. Saí do sanitário, ele já
estava composto, com a cabeça meio baixa desejei uma boa noite e segui para
casa, pigarreando na maior felicidade, pois tinha conseguido meus intentos!
No outro dia
ele confirmou que eu estava liberada para a viagem e, como eu era uma
funcionária exemplar, ele ia dar uma passagem aérea de ida e volta como
presente. Quando ele me disse isso, quase eu chupava o pau dele outra vez
naquela hora, mas, imagino que, certamente, terá que acontecer outras vezes. A
primeira vez é complicada, mas depois a merda vira rotina. Faz parte da vida
louca que vivemos como secretárias. Um dia, sempre acontece!
Então amiga
Vera, pode me aguardar que estarei chegando quarta-feira as 16 horas pela TAM.
Esses dias estou gargarejando com Astringosol e Colgate Adstringente, porque
fiquei meio rouca e com inflamação na laringe. Quero chegar já curada, para
cantar muito as músicas de sucesso![U1]
Pois é
querida amiga, como diz o povo com sua sabedoria:
“Quem tem
boca vai... a qualquer lugar do mundo!”
Mas, minha
bunda que ele não tira os olhos, vou deixar de reserva, para poder ir no S.
João de Ibicuí, ou o maravilhoso de Campina Grande!
Viva o
carnaval da Bahia!
Um grande
beijo da sua amiga,
Renata.
*Escritor, Historiador,
Cronista e Poeta!
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