Antonio Nunes de Souza*
Perambulei
a noite toda de bar em bar, sempre tomando cerveja, minha bebida predileta,
porém, pelas minhas razões, estava exagerando sem a preocupação de me
embebedar, mesmo estando dirigindo. Estava puto da vida, pois, as 18 horas, fui
chamado na administração e, sem nem um aviso de consideração, fui despedido de
um emprego de sete anos, sem faltar e ser considerado muito bom na função. A
alegação poderia até ser justa, pois minha empresa estava passando por uma
crise braba, em virtude da situação podre do Brasil nesses quatro anos. Porém,
devo reconhecer que me pagaram todos meus direitos, aviso prévio e uma boa
gratificação pelos meus bons serviços durante o período. Mas, o ruim mesmo era
saber que acordaria desempregado, e teria que ficar mendigando pelas empresas,
com a pasta cheia de currículos!
As
3:30 da madruga, já meio grogue, passei pela Pituba, e vendo uma garota de
programa parada na esquina, encostei o carro e a convidei pra ir para o meu
apartamento. Ela, com a desenvoltura peculiar das prostitutas, falou logo: Para
passar a noite é mais caro e quero adiantado!
Eu,
a essa altura não estava ligando merda nenhuma, o que queria mesmo era tentar
transar para selar a noite, já que estava na merda profissionalmente. Liberal
para qualquer coisa, que peguei minha carteira e dei para ela tirar a
remuneração do seu trabalho. Estava cagando com o que pudesse acontecer, pior foi
o que tinha acontecido. Ela, profissionalmente, tirou trezentos reais em minha
vista, disse que era o seu michê normal, e que não se aproveitaria da minha
situação, já que estava reconhecendo em mim um homem do bem. Mesmo estando meio
bêbado, pensei: uma puta decente!
Chegando
ao apartamento, ela sugeriu que eu tomasse um bom banho quente para despertar
e, como ela se molhou ao ajudar-me, terminou tirando seu vestido e entrando no
box para me ensaboar e também se refrescar da noite quente que fazia! Quando
reparei ela nua, vi que era uma mulher bonita e que fazia jus muito bem aos 300
reais que ela cobrara. Recuperando meus sentidos, senti uma tesão até exagerada
e, sem pestanejar, começamos a transar em pé, depois de quatro pés, e em
seguida trançados no chão do box, chegando até fazer um 69 meio complicado,
mas, todo mundo gozando com o chuveiro aberto e esperdiçando a valorosa água.
Nesse momento, sinceramente, esqueci completamente toda merda que tinha
acontecido, voltando minha mente apenas para uma boa noite de sacanagem sem limites!
Foi
uma noite tão gostosa e louca, que minha parceira Larissa, ficou comigo até ao meio
dia, levantou, preparou um café com as coisas que eu tinha em casa, e pelo
visto, estava também satisfeita como eu. Ficamos conversando, narrei a razão do
meu comportamento na noite anterior, e ela, sorrindo bastante, começou a contar
as coincidências nossas, pois, ela era formada em Recursos Humanos e fora
despedida da mesma forma meses atrás. E ela saiu puta da vida e fez a mesma
coisa que eu. O primeiro bar que entrou, escolheu um bofe de boa aparência, confiável
e foi transar para esquecer a merda ocorrida. Aí, como nada conseguiu depois,
começou sua vida de GP, inclusive faturando mais que no seu trabalho. Rimos
bastante, depois de algum tempo fui leva-la em casa e, por incrível que pareça,
já combinamos nos encontrar em sua casa a noite, e terminamos começando a
namorar. Ela com 28 anos e eu com 36. Já adultos, experientes, boas formações
(sou adm. de empresas), e aí resolvemos alugar uma sala e criar uma empresa
especializada em empregos. E foi o que fizemos, com minha polpuda remuneração
de indenização, gratificação, FGTS e algumas outras economias, compramos móveis,
e sem medo de não ser feliz, partimos para nossa aventura comercial!
Agora,
sete anos depois, estamos num cruzeiro marítimo, curtindo show de Roberto
Carlos, com nosso filhinho Luiz Felipe, singrando os mares bastante felizes,
graças as desgraças acontecidas!
Por
isso o povo diz: “Deus escreve certo por linhas tortas!”
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
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