Antonio Nunes de Souza*
Por
mais que tenhamos visto coisas nessa terra de meu Deus, sempre acontece algo
completamente inusitado, que nos surpreende bastante pelas suas
características, completamente fora de todos os contextos!
Esse
caso ocorrido com Rafael Padilha da Cruz, é um exemplo dos mais verdadeiros,
curiosos e interessantes, que tive a felicidade, ou infelicidade de acompanhar
de perto, tanto o seu começo como o resultado final!
Rapha
como era chamado em toda cidade, homem próspero, trabalhador, dono de uma boa
serraria especializada na confecção de diversos tipos de urnas funerárias (caixões
de defuntos) e, logo depois, montou uma majestosa capela para velórios, pois,
com essas duas atividades, todos os enterros tinham que passar pelas suas mãos,
consequentemente, trazendo bons faturamentos, provando ser um homem
empreendedor e de visão!
Como
tratava-se de uma cidade de porte médio, os óbitos eram poucos e a empresa
começou a sentir enfraquecimentos. Então... Rapha na preocupação financeira,
passou a fazer promessas para que ampliasse mais os óbitos na cidades e região
para que ele tivesse uma clientela em massa para estabilizar suas finanças. Imagine
vocês que pedido filho da puta e sem coração, desejar a morte das pessoas!
Acendia
velas daquelas gigantes diariamente para os Santos, e fazia suas orações
noturnas acompanhadas do pretensioso e fúnebre pedido!
Aí,
um santo italiano chamado São Pazuello, querendo ser bom, inesperadamente, acelerou
a epidemia da Covid-19 e, sem que Rafha esperasse, ainda contou com a
colaboração de Bolsonaro dando Cloroquina, não comprando oxigênio, fazendo aglomerações
e sem máscara, começou a morrer gente as dezenas em toda região, e Raphael teve
que ampliar os negócios, colocar mais funcionários, fabricar até caixões de
papelão e outros materiais, e muito feliz, até passou a chamar o presidente de
Mito!
Ao
mesmo tempo que trabalhava bastante, sorria de ver a entrada de dinheiro não só
dos parentes dos mortos, como também os patrocinados pelas administrações
governamentais!
Sua
vida passou a ser de casa para a serraria, idas aos hospitais, cemitérios,
capela de velórios, mandando buscar madeiras clandestinas no desmatamento
absurdo na Amazônia, etc., e nessa agonia nem se vacinou, deixando sua linda
esposa solitária em casa, criando uma revolta e arrependimento desse casamento.
Mas, ela segurava a barra, para ver até que ponto aguentaria essa união, mais
dedicada aos negócios!
O
fato que a serraria passou até a exportar urnas para outros estados, os
faturamentos quadruplicando diariamente e, para simplificar, infelizmente nosso
querido Rapha se contagiou, foi acometido da doença, não resistindo depois de
30 dias entubado, veio a falecer, deixando uma verdadeira fortuna para sua
esposa, que logo que começou a amenizar a situação, mudou a empresa para
fabricação de móveis, vendeu a capela de velórios, deixando completamente para
trás, qualquer coisa relativa a mortes e funerais!
Hoje,
Maria da Penha está de cacho com um garotão que dirige a serraria, vivem
viajando pelo Brasil, Europa, Estados Unidos e América Latina, e o pobre Rapha
que foi bafejado com seus pedidos santificados e os erros de Bolsonaro, deve
estar junto com seus clientes em algum lugar. Tomara que pelo menos seja no céu!
Essas
são as grandes ironias do destino, pois, atualmente, para Maria da Penha, a virose
foi uma coisa maravilhosa!
Tenha
cuidado com suas promessas e pedidos, pois, os resultados poderão não ser tão favoráveis
como espera!
*Escritor-Historiador-Membro
da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL
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