terça-feira, 17 de maio de 2022

SORTE OU AZAR?

 

Antonio Nunes de Souza*

Por mais que tenhamos visto coisas nessa terra de meu Deus, sempre acontece algo completamente inusitado, que nos surpreende bastante pelas suas características, completamente fora de todos os contextos!

Esse caso ocorrido com Rafael Padilha da Cruz, é um exemplo dos mais verdadeiros, curiosos e interessantes, que tive a felicidade, ou infelicidade de acompanhar de perto, tanto o seu começo como o resultado final!

Rapha como era chamado em toda cidade, homem próspero, trabalhador, dono de uma boa serraria especializada na confecção de diversos tipos de urnas funerárias (caixões de defuntos) e, logo depois, montou uma majestosa capela para velórios, pois, com essas duas atividades, todos os enterros tinham que passar pelas suas mãos, consequentemente, trazendo bons faturamentos, provando ser um homem empreendedor e de visão!

Como tratava-se de uma cidade de porte médio, os óbitos eram poucos e a empresa começou a sentir enfraquecimentos. Então... Rapha na preocupação financeira, passou a fazer promessas para que ampliasse mais os óbitos na cidades e região para que ele tivesse uma clientela em massa para estabilizar suas finanças. Imagine vocês que pedido filho da puta e sem coração, desejar a morte das pessoas!

Acendia velas daquelas gigantes diariamente para os Santos, e fazia suas orações noturnas acompanhadas do pretensioso e fúnebre pedido!

Aí, um santo italiano chamado São Pazuello, querendo ser bom, inesperadamente, acelerou a epidemia da Covid-19 e, sem que Rafha esperasse, ainda contou com a colaboração de Bolsonaro dando Cloroquina, não comprando oxigênio, fazendo aglomerações e sem máscara, começou a morrer gente as dezenas em toda região, e Raphael teve que ampliar os negócios, colocar mais funcionários, fabricar até caixões de papelão e outros materiais, e muito feliz, até passou a chamar o presidente de Mito!

Ao mesmo tempo que trabalhava bastante, sorria de ver a entrada de dinheiro não só dos parentes dos mortos, como também os patrocinados pelas administrações governamentais!

Sua vida passou a ser de casa para a serraria, idas aos hospitais, cemitérios, capela de velórios, mandando buscar madeiras clandestinas no desmatamento absurdo na Amazônia, etc., e nessa agonia nem se vacinou, deixando sua linda esposa solitária em casa, criando uma revolta e arrependimento desse casamento. Mas, ela segurava a barra, para ver até que ponto aguentaria essa união, mais dedicada aos negócios!

O fato que a serraria passou até a exportar urnas para outros estados, os faturamentos quadruplicando diariamente e, para simplificar, infelizmente nosso querido Rapha se contagiou, foi acometido da doença, não resistindo depois de 30 dias entubado, veio a falecer, deixando uma verdadeira fortuna para sua esposa, que logo que começou a amenizar a situação, mudou a empresa para fabricação de móveis, vendeu a capela de velórios, deixando completamente para trás, qualquer coisa relativa a mortes e funerais!

Hoje, Maria da Penha está de cacho com um garotão que dirige a serraria, vivem viajando pelo Brasil, Europa, Estados Unidos e América Latina, e o pobre Rapha que foi bafejado com seus pedidos santificados e os erros de Bolsonaro, deve estar junto com seus clientes em algum lugar. Tomara que pelo menos seja no céu!

Essas são as grandes ironias do destino, pois, atualmente, para Maria da Penha, a virose foi uma coisa maravilhosa!

Tenha cuidado com suas promessas e pedidos, pois, os resultados poderão não ser tão favoráveis como espera!

*Escritor-Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL

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