sábado, 7 de maio de 2022

SER OU NÃO SER MÃE? EIS A QUESTÃO!

 

Antonio Nunes de Souza*   

Serei sincero, no “Dia das Mães”, sem rodeios românticos e nem ceticismos, mostrando a pura realidade. Pois, já nos cansamos de ouvir e ler os clichês sem novas imaginações: Ela é a rainha do lar, Estrela maior do seio da família, Tormento de paixões e sofrimentos, Símbolo do amor, etc.!

Suponho que devemos mudar essa ladainha tapeadora e poética, passando a ser honestos tanto com ela como a nós homens, olhando o privilégio de parir, como algo de sentido dúbio para a mulher!

Vejamos mais claramente em que baseio meu raciocínio: Começando pela parte boa da coisa, que sem sombra de dúvidas, foi uma boa relação sexual (ou várias). Em seguida, progressivamente, vai desabrochando a barriga, a vaidade de mostrar para todos que vai ter um filho (principalmente para as amigas encalhadas), exibindo seu poderio feminino e a capacidade de atrair um homem, que imagina que é só seu!

Durante esse período de gestação, goza das maiores regalias, aproveitando-se da sua condição de gestante, fazendo pedidos cabíveis ou não, sendo sempre atendida para não causar aborrecimentos e fazer mal ao neném! Normalmente, são nove meses de “paparicação” familiar, coroando-a literalmente, como a rainha do lar. Aí, sempre no período previsto e normal, nasce mais uma inocente e bela criança, para enfrentar essa vida louca e, entre lágrimas e sorrisos, ela torna-se mãe propriamente dita!

Foram quase 300 dias de expectativas e preparações, culminando com o resultado esperado da procriação, e o orgulho de ver um novo ser, normalmente com suas características, dar os primeiros choros em seu quente e gostoso colo!

Agora, com uma visão realista e imparcial, podemos descrever esse mesmo período de uma maneira mais objetiva, onde as coisas não são tão lindas e românticas como dissemos acima, mostrando como padece aquelas que têm o privilégio de parir!

Tudo também começa com uma transa, que algumas vezes, por ejaculação precoce, ou falta de consideração à mulher, o homem sente prazer e deixa a mulher a ver navios, como se sua obrigação é somente de egoisticamente, colocar os espermatozoides lá dentro e pronto. Para enfatizar melhor essa parte inicial do lado oposto, podemos afirmar que a maioria das mulheres se torna mães, sem nunca terem sentido o prazer do orgasmo!

Depois dessa desastrada relação, começa a aparecer os sintomas da gravidez através de enjoos, tonturas, sonolências, falta ou excesso de apetite, abalo no sistema nervoso, etc.

Aí, embora seja um procedimento normal e preventivo, ela vai ao médico ginecologista, coloca-se numa posição ultra-humilhante e é “futucada” sem dó nem piedade, para receber a confirmação do seu estado gestante. Volta para casa, vem cheia de recomendações e conselhos, acompanhados normalmente de uma receita, para tratar de alguma anomalia encontrada. O crescimento da barriga passa a ser um estorvo, pois, as roupas vão ficando apertadas, o peso é incomodativo, olha-se no espelho e vê suas formas tomando rumos hilários e desproporcionais, o medo de não voltar ao corpo de outrora, os seios crescendo e ficando sensíveis demais, percebendo também que, mesmo enchendo-a de dengos, as procuras sexuais vão ficando escassas, etc.

Inegavelmente é uma mudança comportamental substancial que, mesmo com os orgulhos, alegrias e felicidades vividas da fase anteriormente descritas, provoca alguns momentos de depressão, choros e tristezas, principalmente irritações pelos menores motivos. Não devemos esquecer das inúmeras vezes que teve de voltar ao ginecologista, ficar naquela ridícula posição, receber dedadas e olhares aguçados, acompanhados de recriminações por um ou outro procedimento feito fora das recomendações dadas, importantes para o desenvolvimento fetal!

Aproximadamente um mês para o dia previsto do parto, começam as dores incômodas, os falsos avisos, a dificuldade de locomoção, pernas inchadas, manchas escuras no rosto e uma série de outras desagradáveis coisinhas, que a mulher passa a desejar urgente ter logo seu filho!

As contrações começam a perturbar bastante, a bolsa se rompe inesperadamente e, no momento mais impróprio, chega à hora do parto. O marido não está em casa (quando se tem essa figura), aviso para os parentes, chama o táxi ou carro do cunhado, carrega a mala que já está pronta há mais de meses, e seguem todos para o hospital, onde o irmão está tentando localizar o médico, que por sinal está viajando!

A mulher fica p.... da vida, pois, depois de se arreganhar dezenas de vezes para um cara, já estando acostumada com o dito, ter que se desnudar para um estranho, peidar e fazer coco na hora de fazer força para parir, passando mais esse vexame em sua vida!

-Mas, pelo meu filho, sou capaz de tudo. Pensa ela com um sorriso nos lábios, porém, retada por dentro!

Já na maca, aparece o novo médico com a cara sonolenta e diz: Podem leva-la para a sala de cirurgia que estarei lá em instantes!

Novamente volta aquela posição nada elegante, porém desta feita, com fortes dores, contrações, água escorrendo por suas pernas e uma vontade louca que aquilo tudo se acabe!

Enfim, nasce à criança, vem o alívio, o repouso e a volta para casa dando graças a Deus pelo nascimento normal e, principalmente, por livrar-se daquele tormento que durou quase um ano. Imagina logo as visitas que receberá e o modo orgulhoso que apresentará o seu filho!

Nas visitações de praxe, como de costume as amigas perguntam:

-Como foi sua gravidez e seu parto Virgínia?

-Querida, foi maravilhoso, nada senti na gravidez e meu parto foi bem tranquilo. (Mulher não dá o braço a torcer!)

Não sei se dou parabéns as mães pela primeira ou segunda parte. Mas, creio que, pela segunda parte, tem muito mais sentido em razão dos sofrimentos. Juro por Deus que se as mulheres tivessem o poder de engravidar os homens, eu seria o maior dos celibatários, pois, jamais enfrentaria esse período de sofrimentos, mesmo que fosse para ver perpetuada a minha espécie!

De qualquer forma, dou parabéns à todas mães do mundo!

Quanto a criação do filho, essa é outra história pra depois!

*Escritor – Historiador – Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL                                           

Nenhum comentário: