terça-feira, 3 de maio de 2022

AS VELHAS CASAS DE PUTAS!

 

Antonio Nunes de Souza*

Atualmente, apenas algumas pequenas cidades do interior, ainda preservam casas de putas, geralmente instaladas numa área, ou bairro um tanto afastado do centro, com a denominação antiga que diz tudo: puteiro!

Para aqueles ou aquelas que, atualmente, estranham e não conheceram tais comportamentos, trata-se de casas, geralmente com funcionamentos noturnos, onde são encontradas mulheres, em sua maioria jovens ou largadas dos maridos que, por algum dinheiro (muitas vezes tabelado) praticavam o sexo e, dependendo das suas belezas e variedades nas posições e ações, tinham seus valores mais bem classificados, como também eram mais procuradas e cotadas!

Como ocorre em tudo nessa vida, até nas casas de mulheres da vida (como eram também chamadas), existiam as majestosas mais tesudas e gostosas que, relativamente, pertenciam aos homens importantes da cidade e, quando eles chegavam, elas imediatamente, largavam quem estivesse em sua companhia, indo atender aos privilegiados da cidade. Os frequentadores pobres mortais já sabiam e conheciam que Madalena era a mulher do juiz, Carminha a do médico do posto, Leda a do dono do mercado, Silvinha do delegado, Tereza do prefeito e, imagine vocês que, a Dulcinéia era a do padre. Logicamente, estou falando de uma das cidades que vivi no passado!

Geralmente tinham uns pequenos salões improvisados nas salas que eram amplas e, tocando seus boleros e sambas canções (hoje chamados de arrocha), você tirava uma delas para dançar, acertava o preço, perguntava se seus “coronéis” iriam aparecer e, caso tudo fosse combinado, ia-se até o caixa, pagava-se e recebia a chave do quarto, partindo para sua agradável parte sexual, passivo de pegar alguma DST, sendo a blenorragia a mais comum, e muito divulgada nessas casas do prazer carnal!

Essas casas eram essenciais para os jovens aprenderem a fazer sexo, ficarem mais experientes, para quando casarem, satisfazerem melhor as suas esposas demonstrando bons desempenhos!

Quem entrava era obrigado a sentar e pedir uma bebido, para poder ter direito a dançar. E muitos rapazes iam, pediam uma cerveja, bebendo bem lentamente, dançavam bastante e voltavam sem transar em função de não ter grana. Os mais sabidos, só chegavam no final da noite e, por sorte, encontravam alguma que ia com suas caras, e davam “uma” de cortesia. Eu mesmo já tive meus dias de gloria, pois tinha uma que me achava lindo e dizia que eu parecia um francês e, sempre transávamos por amor durante o dia. Ela era a minha querida “Belle de Jour”!

Praticamente essas casas desapareceram, uma vez que as moças estão transando por um pedaço de pizza, umas cervejas nos shows artísticos, ou um hambúrguer no Mac Donald. Sendo que, muitas vezes, nem precisa de nada disso. Simplesmente por prazer. Assim como, os coronéis e mais abastados, escolhem suas secretárias, já combinados com essa parte sexual fazendo parte do trabalho, que lhe dão ganhos extras, presentes e pagamentos de suas faculdades. Alguns preferem fazer uso de garotas de programa, através das milhares de agências especializados que atendem com opções de cor, altura, peso, religião, formação, bilíngue, etc., acompanhando o avanço do progresso, até na área da sacanagem!

Hoje, onde ainda existem algumas velhas e tradicionais “casas de putas”, essas são consideradas verdadeiras relíquias, dirigidas por aposentadas raparigas do passado, frequentadas por solitários que gostam de se sentir importante, num ambiente que somente tem putas!

*Escritor – Historiador - Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL

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