Antonio Nunes de Souza*
Mulher séria e acomodada era Sheila. Estudou, fez o secundário, entrou para faculdade, formou-se em letras, mas, logo ficou noiva e seu noivo Paulo Henrique, dono de uma boa oficina de veículos, não deixou que a mulher fosse trabalhar. Queria vê-la em casa, somente cuidando dele e das prendas domesticas!
Imaginou que logo viriam os filhos e seria essencial que ela estivesse livre para cuidar da casa e da criançada. Porém, infelizmente, depois de um ano sem nada de gravidez, Sheila resolveu consultar um bom ginecologista para ver o que havia de errado. Aí, para sua tristeza e do casal, ficou sabendo que, por uma falha de nascença, não poderia ter filhos, a não ser que fossem adotados. Entre choros e abraços de solidariedades, os dois seguraram a barra e encararam essa triste realidade. Mas, como uma segunda opinião é sempre válida em qualquer circunstância, foram a outro especialista que, sem pestanejar, depois de vários exames, reafirmou o mesmo diagnóstico anterior!
Com essa situação, Sheila ficou bastante triste e deprimida, achando-se culpada, não podendo ampliar sua família. Então, para confortá-la Paulo Henrique deu de presente para ela, coisa que sempre desejou ter, um Notebook de ponta com todos os recursos possíveis existentes no mercado internacional. O preço foi uma “baba”, mas, para ela que era seu amor querido, qualquer sacrifício era pouco!
Sheila que já manejava com destreza seu celular super equipado, não teve nenhuma dificuldade de com alguns dias, estar acessando todas as redes existentes, e usando todos os recursos com uma destreza respeitável. Aí foi que começou a tragédia, pois, nos bate papos, Skype, Zaps, Facebook, Google e outras dessas armações interessantes, começou a ter contatos com outros homens e as paqueras surgindo. E, daí para os encontros furtivos foi um pulo. Passou a ter encontros, frequentar motéis. Transar gostosamente com outros homens, sempre durante o dia, pois, Paulo Henrique saía as 7 da manhã e só retornava as 20:30 em função do trânsito. Isso lhe dava uma liberdade e tranquilidade, para fazer suas “tournées” sexuais sem perigo. Essas aventuras se estenderam por uns dois anos seguidos, e já constava na sua agenda vários homens que ela tinha saído e que sempre chamava em função das habilidades de cada um, e as maneiras mais ardorosas de fazer ela chegar aos orgasmos com doçura e felicidade!
Como sempre acontece “um dia a casa cai”, e aconteceu com Sheila quando ela saía de um motel. Por ironia do destino, Paulo Henrique havia saído com um carro de um cliente para testá-lo e, no trânsito, ficou bem atrás do carro que ela estava e, mesmo de longe, a reconheceu e viu, nitidamente, ela aos beijos e carícias na cabeça e no rosto do amante. Não precisa dizer que ele tremeu na base e ficou alucinado, passando a seguir o carro, até que, perto do seu apartamento, o carro parou, ela depois de um beijo gostoso se despediu. Paulo Henrique desesperado, acelerou o carro e, ferozmente, atropelou ela em cima da calçada, que no momento não havia ninguém, espremendo-a na parede, matando-a em função da gravidade! E ele, como mecânico, baixou rapidamente embaixo do carro e desligou os freios, para assim provar que foi falha mecânica, e que o atropelamento foi culposo e não doloso, principalmente por ter ocorrido com sua querida mulher que, segundo ele, iria parar para leva-la até o shopping. Ele, mesmo desesperado, foi a delegacia, fez seu depoimento e liberado, para as providências de praxe nos casos de mortes acidentais!
Chegando em casa, a primeira coisa que fez foi quebrar o Notebook todinho e jogar na lata do lixo!
A Net assim como é um instrumento que foi feito para o bem, infelizmente, sendo mal usada, pode trazer sérios transtornos!
Lamentavelmente, temos milhares de Sheilas por esse mundo que, ilusoriamente, pensam que nunca serão descobertas!
*Escritor – Historiador- Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com-
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