Antonio Nunes de Souza*
Ela era um avião! Mas, não era um mono motor não. Era um jato quadrimotor, daqueles que leva uma hora subindo gente para enchê-lo. E, o interessante de tudo isso, foi que ela era uma aeromoça que conheci numa das minhas viagens ao exterior, e pensei logo com um sorriso no rosto: Puxa vida! Um avião dentro do outro!
Passou pelo corredor solicitando que colocássemos os cintos e as poltronas nas posições, distribuindo um sorriso branco, lindo e sensual, que qualquer homem lhe atenderia imediatamente. Embevecido que estava, apertei tanto o meu que cheguei a soltar um pum, felizmente, daqueles silenciosos. O avião decolou, ela e mais duas colegas ocuparam os corredores e começaram aquela ladainha habitual das instruções para as situações adversas. Peguei uma revista e comecei a ler, porém, uns quinze minutos depois, as luzes apagadas, eu usava apenas o foco direcionado a leitura, comecei a sentir uma tremedeira, o corpo bastante frio e uma sensação de um provável desmaio. Segurei enquanto pude, pois sou jovem, forte quase atlético e desfruto de uma saúde invejável. Essa sensação para mim era uma novidade extraordinária, que eu não sabia a que atribuir. Não me contendo mais, apertei o sinal na minha poltrona, chamando uma das aeromoças para me atender e, por ironia do destino, quem me aparece é aquele Boeing deslumbrante, que já chegando, percebeu que algo não estava bem comigo!
-O senhor está bem? Perguntou ela com uma voz meiga, quase cochichando, para que não chamasse a atenção de outros passageiros. Disse-lhe o que estava sentindo, e pedi um cobertor e travesseiro para me agasalhar e me acomodar melhor. Ela prontamente foi buscar, voltou, me acomodou, cobriu meu corpo e, ao mesmo tempo perguntou se eu tinha tomado algum remédio, ou se tinha qualquer problema de saúde. Falei que não, pois tinha saúde maravilhosa, praticava esportes e sempre fazia exames de rotina!
Ela foi lá dentro e, depois de uns cinco minutos, voltou dizendo-me que falou com o comandante, e ele solicitou que ela ficasse ao meu lado durante a viagem, até que eu estivesse recuperado daquele inesperado mal estar. Fiquei na maior felicidade, por duas razões: uma por ter alguém ao meu lado cuidando de mim, e outra por ser aquela mulher que, somente com o seu cheiro, cura qualquer doente!
Sem exagerar, quando ela colocou as mãos em minha garganta para ver se eu estava com febre, me subiu uma tesão com o calor das suas mãos, quase que curando meu mal estar. Mas, continuei com aquela cara de cachorro lambido, demonstrando que sua presença, era mais que necessária. Como Deus gosta muito de mim, minha poltrona era bem lá atrás da nave e, como o vôo não estava lotado, eram três cadeiras vazias que, suspendendo os braços, transformava-se em uma cama razoável. Ela apagou o foco de luz, me acobertou e, como uma boa guardiã, se aconchegou ao meu corpo e brincando disse: Vou ficar bem junto de você, pois, se algo ocorrer eu sentirei imediatamente!
Não posso negar que, daquela hora em diante, em nem mais sentia alguma doença, tremedeira, frio e outras porras mais! Minha disposição era pilotar aquela aeronave, sentindo grandes prazeres, literalmente, nas nuvens. E não deu outra! Com aquele barulhinho das turbinas, algumas sacudidas de nuvens impetuosas e a minha ousadia, comecei a fazer carícias em suas mãos, depois em suas pernas e, quando vi que ela estava acordada e aceitando de bom grado, fui subindo por suas coxas até chegar ao seu sexo que, sinceramente, estava molhadinho e ávido por um prazer! Lógico que não me contive e, sem pedir consentimento, dei-lhe um gostoso beijo, que foi correspondido, abrindo o precedente do consentimento para ampliar nossa aventura. Ela deitou-se de lado, baixei a sua calcinha sem que deixasse a coberta descobrir nossos corpos e, com a maior gulodice, comecei a pilotar aquela máquina, revirando nas poltronas como se fôssemos da esquadrilha da fumaça, em função dos malabarismos. Isso, além de manter um silêncio, pois estávamos no meio da noite, mas, poderia ter algum passageiro acordado. Não dissemos nem uma palavra, foi talvez uma sensação nova, que pode ser rotulada de “tesão a primeira vista”.
Terminado tudo, ela vendo que eu estava totalmente recuperado, levantou-se foi ao toalete ajeitar suas roupas e voltou as suas atividades normais de bordo. Eu, não precisava dizer nada, mas, estava numa felicidade incrível e dando graças a Deus ter acontecido aquele imprevisto de saúde!
Amanhecendo o dia, todas elas apareceram no corredor com os carros para distribuir o café da manhã, e foi quando pude ver o seu nome no crachá: Larisse. Dei uma risada, pois, meu avô sempre dizia: Meu netinho, toda Larisse adora uma rola! Será que esse nome é pecaminoso?
Chegando a Lisboa, ao saltar da aeronave, toda tripulação estava no patamar da escada, tive apenas a oportunidade de agradecer e desejar uma boa continuação de viagem. Nem uma troca de olhares tivemos chance de fazer. Digo, sinceramente, que jamais esqueci esse fato e nem tão pouco o ato, e, no voo de volta, claro que escolhi a mesma companhia esperando rever a minha querida Larisse. A tripulação era mesclada de alguns homens e moças. Então, depois que o avião decolou, aguardei meia hora e acionei o botão de ajuda. Imaginei, quem sabe, se não fazia parte dos serviços de bordo, para os passageiros mais carentes! Rapaz... apareceu um cara parecendo um guarda roupa, com uma cara de lobo mal, e foi dizendo: Posso ser útil?
Mais que depressa eu disse: Não obrigado. Apertei o chamado por engano!
Virei para o lado, dormi bastante, só acordando quando cheguei a Sampa. Mas, posso dizer de boca cheia que tirei o meu brevê e pilotei um avião de alto padrão e, todas as vezes que entro em uma nave, procuro para ver se revejo minha querida Larisse, porém, nunca mais nos encontramos!
*Escritor – Historiador -Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com – antoniomanteiga.blogspot.com
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