sexta-feira, 19 de novembro de 2021

CARNAVAL VESTIDOS DE MORTALHAS!

 

Antonio Nunes de Souza*

Vamos todos nós, foliões desesperados e sem nenhum amor a vida, voltar ao costume passado, em vez de usar os modernos Abadás, brincarmos vestidos com nossa antiga fantasia, a confortável mortalha!

Logicamente, faz muito mais sentido, não só como uma recordação de um passado brilhante e feliz, como também, estaremos fazendo uma maravilhosa alusão a grande mortandade de 610.000 pessoas, agraciadas com a famigerada Covid-19!

Estaremos em multidão atrás dos trios elétricos, cantando alegremente: “Atrás do trio elétrico só vai quem quer morrer!” Consequentemente, seremos acolhidos pelas lógicas contaminações e, tranquilamente, com as grandes aglomerações das massas, bateremos novamente o recorde de óbitos na estatística mundial!

Pare, pense, reflita e depois me diga: isso é uma atitude de sensatez?

Claro que não! Uma liberação para essa linda e volumosa festa, somente alegrará os blocos, distribuidores de bebidas, cantores, trios, uma grande gama de ambulantes, que já estão quase morrendo de fome graças a esse governo, e no desespero preferem, por necessidade, ariscar morrer entubada!

Deve-se coerentemente, observar que as aglomerações, não serão apenas nos dias oficiais do carnaval, pois, a partis da liberação oficial, começarão maciçamente os ensaios do Olodum, Timbalada, Yleaê, Filhos de Gandhi, festa da Conceição, Lavagem do Bom Fim, além das dezenas de festas e shows pré carnavalescos, que com certeza, acarretará em milhares de possíveis contaminações!

Raciocinem que “CARNAVAL” temos e teremos todos os anos, mas, a vida é única. Que nada justifica você rebolar, se esfregar, beijar, beber, transar, cantar, pular e depois, como é super viável, na quarta-feira de cinzas, estar batendo na porta de S. Pedro querendo entrar e Ele, por castigo da sua teimosia, lhe enviar direto para o inferno, já que você estará vestido ainda da fatídica e antiga mortalha!

Deve-se levar em conta, que ao brincar perigosamente, nesse carnaval altamente radical, todos os seus familiares estarão passivos de contaminações, principalmente os mais idosos, quando você voltar para casa carregado de vírus felizes e alegres, pela imbecilidade de promoverem um novo ninho de contaminação em massa!

Que os políticos desejosos de se tornarem simpáticos, voltem atrás nas suas liberações momescas, façam o povo entender que é uma atitude coerente e cheia de sensatez, nos resguardarmos para poder enfrentar a normalização de nossas vidas, em vez de ampliar as nossas mortes!

Finalizo parafraseando um verso de Fernando Pessoa, que foi musicado pelo meu mano Caetano Veloso: “Carnaval é preciso, viver é mais que preciso!”

*Escritor – Historiador – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com

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