quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

MULHER OU MIRAGEM?

Antonio Nunes de Souza*

Se você me disser que já viu uma mulher deslumbrante, me desculpe mas, vou dizer que é mentira!
A não ser que você tenha conhecido Maria Pia Sakowisk Queirós, tratada carinhosamente de Mariinha. E é como vou trata-la daqui para frente, abreviando seu vasto nome, digno de uma verdadeira princesa!
Nossa majestosa personagem foi fruto de uma relação de uma turista irlandesa, em um carnaval de Salvador, com um bonito negro pertencente ao grupo Olodum. Se conheceram durante os festejos momescos brincaram, sorriram, sem saber as línguas um do outro, mas, conheciam bem a linguagem sexual que, adoravelmente, era “falada” todas as noite em um hotel cinco estrelas que hospedava Mary Sakowisk, rica mulher das plagas irlandesas!
Solteira, milionária herdeira de indústrias em seu país, vinte e nove anos, veio ao Brasil conhecer o dito maior carnaval do mundo, que é o de salvador, inegavelmente! Aqui se “desbundou” completamente com tudo, principalmente com a beleza de Ricardo, rapaz sarado com a tal barriga de tanquinho, lindos dentes, um metro e oitenta de altura, olhos castanhos um pouco esverdeados, tipo olhos de cobra, sem barba e cabeça raspada. Um perfeito manequim e protótipo da beleza africana!
Um bonito contraste de casal, que chamava a atenção de todos, não só pela alegria, como bela beleza harmoniosa da dupla Black/White.
Terminada a festa momescas, Mary quis levar Ricardo, mas ele recusou ir em função da sua família, como também não tinha atinado que ela tinha uma fortuna incalculável a sua espera e a disposição em seu país. As poucas palavras trocadas não foram suficientes para esses detalhes, como também ela por discrição nada falou a respeito para que ele não fosse somente em função das suas finanças.
Quando lá chegou, percebeu algumas reações corpóreas e, logo descobriu que estava grávida. Não se preocupou, pois como sua posição econômica permitia, era filha única e sua mãe também havia já falecido, dava-lhe uma independência tranquila de ter o seu filho sem que ninguém achasse ruim ou inadequado!
E foi o que fez, nove meses depois nasce sua linda criancinha, batizada e registrada com o nome de MARIA PIA SAKOWISK QUEIRÓS. Com o sobrenome da mãe e, orgulhosamente, Mary colocou o sobrenome do pai (Ricardo Queirós).
Mariinha, lindíssima e como uma figura singular no local, tinha todas as características e perfeição da beleza nórdica e, a sua cor, era deslumbrantemente negra com uma pele que parecia uma nêspera! Saiu em várias capas de revistas, não só pela maravilhosa beleza diferente, como também pela penetração social de Mary.
Foi criada nos melhores colégios, quando soube da sua origem quis aprender português, pensando um dia conhecer o seu pai, uma vez que Mary perdeu o contato com Ricardo, que nem pode relatar o nascimento da filha, fruto de uma quinzena de verdadeiro amor e carinho.
Passados vinte e um anos, semana antecessora do carnaval, chega a Salvador Mariinha acompanhada de sua mãe, ávidas para reencontrar Ricardo. E não foi difícil, pois, chegando no Pelourinho, fazendo perguntas, e na sede do Olodum, todos informaram onde ficava o Bar do Ricardo, o rei das Caipiroscas!

Mesmo com o passar dos anos, assim como Ricardo, Mary ainda era uma mulher bonita e com as feições pouco mudadas e, vendo aquela moça deslumbrante parecendo uma miragem, todos se abraçaram aos beijos e lágrimas, não sendo nem preciso dizer a Ricardo que se tratava de sua filha, concebida durante os festejos momescos.
Os fregueses bateram palmas assim que perceberam o que estava acontecendo, e Ricardo mandou descer cerveja para todos para comemorar esse reencontro que fui divino, com o encontro com sua filha que foi maravilhoso.
Mariinha falando português com o sotaque de Portugal, que fez seu pai sorrir e deixar escorrer em seu rosto lágrimas de felicidade!
Simplificando, eu era um dos clientes do bar na hora desse encontro, fui testemunha e, até hoje, não sei se Mariinha realmente existiu ou foi uma miragem que apareceu em minha frente, ou quem sabe se eu não estava cheio da caipiroscas?

Não é preciso dizer que depois de brincarem o carnaval, Ricardo vendeu o bar e foi com Mary e a filha morar na Irlanda, indo trabalhar nas empresas de Mary.

Nunca mais soube notícias desses três, mas tenho certeza que estão felizes e curtindo uma vida maravilhosa e, certamente, uma hora desse eles estarão em salvador para rever a delícia dos requebrados e a sensualidade na belíssima negritude baiana!

*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL- antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

Nenhum comentário: