Antonio Nunes de Souza*
Depois
de mais de um ano, já me acostumando a morar fora do centro, cada dia que passa
sempre acontece algo inovador e inesperado, nos surpreendendo com fatos
interessantes, divertidos e, principalmente, agradáveis na sua maioria!
Alguns
meses atrás conheci uma vizinha, que me inspirou um poema de amor, dado ao seu
charme, elegância, beleza e um jeitinho meigo de nos olhar. Derramei uma série
de nuances poéticos, fazendo com que acreditassem que estava me referindo a uma
bela mulher e, no final, confesso para todos que tratava-se de uma linda
cadelinha Poodle, que ficávamos trocando olhares dos nossos apartamentos, sendo
que recebo alguns latidos e imagino que sejam palavras de afeto e simpatia!
O
curioso é que dias atrás, passei a vislumbrar na janela do seu apartamento, um
vulto meio alourado, que sempre passava furtivamente, não dando-me a
oportunidade de uma identificação precisa, mas, com certeza, me enchia de
curiosidades. Até que, num momento de sorte, tive a felicidade de ver que a
amiguinha da minha vizinha canina era uma linda espécie de Mico Leão Dourado
que, provavelmente, fugiu ou se perdeu da floresta de Arataca, vindo se
instalar numa cidade grande, onde, provavelmente, não encontrará uma vida fácil
por não ser seu “habitat” e, sendo um animal em extinção, muita gente deverá
querer aprisioná-la, pela espécie rara de beleza, porte e nobreza da sua raça.
Passei
a olhar mais atentamente para colher maiores detalhes, mas, infelizmente, nunca
tive essa sorte, pois, não sei a razão, ela pouco aparece para o público,
talvez com medo de ser aprisionada por alguém que não mereça, ou que não vá dar-lhe
os carinhos merecidos. Porém, como tudo demora, mas aparece, um belo dia a mãe
de minha vizinha me ligou e desvendou o segredo, sem que eu perguntasse, muito
embora estava cheio de curiosidades.
-Antonio
vou aí para que você conheça minha sobrinha que está morando comigo, pois, ela
precisa trabalhar e, com seus conhecimentos, creio que poderá ajudá-la.
-Tudo
bem, pode vir que será um prazer e, se
eu puder fazer algo,
farei com toda dedicação.
Aí
pensei comigo mesmo, que perguntaria se ela estava criando um Mico Leão Dourado,
e se não tinha medo de ser multada pelo Ibama. Mas, quando ela chegou trazendo
ao seu lado a sua sobrinha, não tive a menor dúvida que se tratava do bonito
vulto obscuro, que eu via através das janelas. Uma mulher bonita, cabeleira
cheia como uma linda juba leonina, meio alourada, olhar arisco de uma fera
esperta e experiente, que já fora aprisionada de outras formas, e soube se
libertar! Enfim, uma charmosa mulher, meio fofinha, mas, como um pouco a mais
de carne não faz mal a ninguém, quem tem mais carne está levando alguma
vantagem. Posso dizer tratar-se de uma mulher que no total fascinava!
Estava
ali, em minha frente, mais uma surpresa que tive na minha adaptação de morador
do subúrbio. Porém, desta feita, muito mais agradável por tratar-se de uma
mulher de verdade, com a beleza de um símio, que é admirado em todo mundo!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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