sábado, 19 de abril de 2025

ORIGENS DAS DIFERENÇAS! (Clique e leia)

Antonio Nunes de Souza*

Certa vez vi através da televisão, a passagem de um casal sambando e cantando animadamente atrás do trio elétrico, que talvez pela aparência de ambos, o câmera filmou mais intensamente por alguns segundos, dando margem ao telespectador de fixar a imagem dos dois animados foliões!

Percebia-se claramente, que o casal era de origem negra, porém, com as peles meia esbranquiçadas, características de rostos mestiças e, seus cabelos, crespos, com trancinhas e penduricalhos, e bem amarelados. Com essas aparências, lembrei-me logo de uma velha conversa de botequim, onde foi colocada essa degeneração de cor na etnia, e ao mesmo tempo, como eram classificados esses tipos diferenciados, e qual as razões das suas origens. Então, um dos sabichões do grupo, passou a contar a verdadeira origem da nomenclatura de “SARARÁ”, para pessoas do tipo citado.

Contam os mais velhos, que certa ocasião do passado bastante distante, no tempo da escravidão, uma jovem escrava recém chegada, como era comum, foi usada sexualmente por um feitor português, nascendo nove meses depois, um menino exatamente com os detalhes citados acima. E, como ela era pretíssima, e todos bebês no pelourinho eram pretinhos, a mãe da criança bastante assustada e preocupada com a aparência do menino, esperou a vinda de um médico que sempre visitava a família dos seu patrão e proprietário, para saber a razão. E quando a oportunidade aconteceu, ela mostrou o menino e, aflita, falou para o doutor: Esse meu filho nasceu com alguma doença diferente e esquisita, será que ele vai ficar bom?

Aí o médico olhando a criança, vendo que se tratava de um mestiço normal e saudável, que nada tinha de doente, respondeu para acalmá-la: Ele SARARÁ!

Isso foi a conta, pois, o menino continuou crescendo com suas características diferenciadas, e a querida mãe, na sua ignorância, sempre dizia: O doutor disse que ele é SARARÁ!

E a partir dessa data, continuaram a nascer muitos outros e, logicamente, chamados de “Sarará”

Sinceramente, não tenho ideia se essa versão popular de balcão de bar, seja correta, mas, tem certo sentido e nem tem nada de pejorativo. Entre pardos, mestiços, mamelucos, sararás, negros e brancos, estamos nós, com orgulho, fazendo fluir as lindas e maravilhosas mulatas e mulatos, impondo ao mundo a belíssima e nova etnia brasileira!

Similarmente, falam que uma senhora durante a primeira guerra, estava tendo uma gestação com bastante risco. Como era assistida com muitas atenções e carinhos do médico Alfredowisk Junior, ela falou que ele é que daria o nome do seu filho. E, quando o menino nasceu, ela que era branca com cabelos lisos e negros, e olhos pretos, o baby nasceu alourado, quase cor de rosa e com os olhos azuis. Aí, logo após o parto, o médico olhou para a mulher e disse: “Nasceu Albino!” (com referência a um tipo de doença existente). E ela, na sua pureza e ignorância, assim que saiu do hospital, foi ao cartório e registrou a criança com o nome de Albino, imaginando que era o sugerido pelo médico. Curiosamente, meu avô paterno chamava-se Albino, e tinha essas mesmas características. Será que essa primeira mulher que nomeou, não foi a minha tataravó?

Provavelmente, outras classificações de nomes, devem ter suas “estórias”, criadas ou reais. Mas, bastam esses dois por hoje!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

 

 


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