Antonio Nunes de Souza*
Certa
vez vi através da televisão, a passagem de um casal sambando e cantando animadamente
atrás do trio elétrico, que talvez pela aparência de ambos, o câmera filmou mais
intensamente por alguns segundos, dando margem ao telespectador de fixar a
imagem dos dois animados foliões!
Percebia-se
claramente, que o casal era de origem negra, porém, com as peles meia
esbranquiçadas, características de rostos mestiças e, seus cabelos, crespos,
com trancinhas e penduricalhos, e bem amarelados. Com essas aparências,
lembrei-me logo de uma velha conversa de botequim, onde foi colocada essa
degeneração de cor na etnia, e ao mesmo tempo, como eram classificados esses
tipos diferenciados, e qual as razões das suas origens. Então, um dos sabichões
do grupo, passou a contar a verdadeira origem da nomenclatura de “SARARÁ”, para
pessoas do tipo citado.
Contam
os mais velhos, que certa ocasião do passado bastante distante, no tempo da
escravidão, uma jovem escrava recém chegada, como era comum, foi usada
sexualmente por um feitor português, nascendo nove meses depois, um menino
exatamente com os detalhes citados acima. E, como ela era pretíssima, e todos
bebês no pelourinho eram pretinhos, a mãe da criança bastante assustada e
preocupada com a aparência do menino, esperou a vinda de um médico que sempre
visitava a família dos seu patrão e proprietário, para saber a razão. E quando
a oportunidade aconteceu, ela mostrou o menino e, aflita, falou para o doutor:
Esse meu filho nasceu com alguma doença diferente e esquisita, será que ele vai
ficar bom?
Aí
o médico olhando a criança, vendo que se tratava de um mestiço normal e
saudável, que nada tinha de doente, respondeu para acalmá-la: Ele SARARÁ!
Isso
foi a conta, pois, o menino continuou crescendo com suas características
diferenciadas, e a querida mãe, na sua ignorância, sempre dizia: O doutor disse
que ele é SARARÁ!
E
a partir dessa data, continuaram a nascer muitos outros e, logicamente,
chamados de “Sarará”
Sinceramente,
não tenho ideia se essa versão popular de balcão de bar, seja correta, mas, tem
certo sentido e nem tem nada de pejorativo. Entre pardos, mestiços, mamelucos, sararás,
negros e brancos, estamos nós, com orgulho, fazendo fluir as lindas e maravilhosas
mulatas e mulatos, impondo ao mundo a belíssima e nova etnia brasileira!
Similarmente,
falam que uma senhora durante a primeira guerra, estava tendo uma gestação com
bastante risco. Como era assistida com muitas atenções e carinhos do médico
Alfredowisk Junior, ela falou que ele é que daria o nome do seu filho. E,
quando o menino nasceu, ela que era branca com cabelos lisos e negros, e olhos
pretos, o baby nasceu alourado, quase cor de rosa e com os olhos azuis. Aí,
logo após o parto, o médico olhou para a mulher e disse: “Nasceu Albino!” (com referência a um tipo de doença existente). E
ela, na sua pureza e ignorância, assim que saiu do hospital, foi ao cartório e
registrou a criança com o nome de Albino, imaginando que era o sugerido pelo
médico. Curiosamente, meu avô paterno chamava-se Albino, e tinha essas mesmas características.
Será que essa primeira mulher que nomeou, não foi a minha tataravó?
Provavelmente,
outras classificações de nomes, devem ter suas “estórias”, criadas ou reais.
Mas, bastam esses dois por hoje!
*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário