Antonio
Nunes de Souza*
Em
pé, encostada na parede, olhava no meio da capela mortuária, um lindo caixão em
cima de uma mesa de mármore, cercada por bonitos e grandes castiçais que, com
suas longas velas acesas, faziam as chamas abanarem para os lados, como mãos
dando adeus a minha querida prima Daniele!
Desde
criança vivia em nossa casa, sempre brincando e estudando comigo e minhas irmãs.
E isso fez com que a nossa afetividade de prima fosse ampliada bastante!
Cresceu,
entrou para faculdade, terminou o curso de arquitetura com bastante brilho e,
logo em seguida, com a ajuda dos pais, instalou sua empresa de projetos e
decorações, que logo conseguiu uma boa clientela, graças a sua competência
profissional!
Jovem
ainda, apenas 30 anos, conseguiu uma boa independência financeira, adquirindo
um lindo apartamento, carro do ano e projeção social invejável!
Um
belo dia, acidentalmente, conheceu Paulo Roberto, homem de meia idade, porém, charmoso,
boa aparência e, para completar, bastante rico com seus negócios imobiliários.
Se conheceram quando Paulo Roberto intermediou a venda de uma luxuosa mansão e
Daniele foi convidada pelo comprador, para fazer algumas modificações e a
decoração integral!
Terminadas
as negociações ela e Paulo saíram juntos e, como era meio dia, resolveram em
conjunto almoçar e comemorar os lucros, que o negócio proporcionou para cada um
deles!
Durante
o almoço, naturalmente nasceu uma simpatia mútua e, tranquilamente, combinaram
que a noite ele a pegaria no seu escritório e iriam tomar um chope e depois jantariam!
No
horário previsto, Paulo Roberto chegou, pegou Daniele e seguiram para uma
cervejaria da moda, onde tomaram além de chopes, alguns copos de cerveja
artesanal que, fatalmente, provocou euforia em ambos, já saindo abraçados e
cheios de sorrisos. Paulo Roberto cinquentão experiente, seguiu para o seu
apartamento, alegando que teria algo a fazer. Ela consentiu e, ao chegarem ele
a convidou para subir pra conhecer sua residência de solteirão. Sem pestanejar
ela subiu, entrou e ele pegou na sua pequena adega um vinho de safra respeitada
e, servindo as taças, convidou ela para brindar a amizade!
Isso
foi o início de leves carícias, seguindo de beijos, abraços e,
consequentemente, deitados no tapete da sala, começaram a se desnudarem
iniciando uma liberação sexual das mais deliciosas, sem que seja necessário
detalhes, já que todos sabemos o que acontece nesses momentos, principalmente
quando não existe regras de “isso não pode”!
Ficaram
atracados em sexo e carícias por mais de duas horas, esquecendo completamente
do tempo, uma vez que ambos eram independentes. Depois, já exaustos e
satisfeitos, levantaram e foram tomar uma ducha na hidro banheira que com o
borbulhar nas partes íntimas, despertou uma nova tesão em ambos e, sem vergonha
de serem felizes, artisticamente, fizeram um sessenta e nove quase que
mergulhados, sem a mínima preocupação de se afogarem, pois, seus desejos eram
os orgasmos!
A
essa altura, ele cansado e ela saciada, resolver deixa-lo em casa e ela tomaria
um táxi para voltar para o apartamento. Ele insistiu leva-la, mas, ela o
convenceu de ficar!
Quando
desceu lembrou-se que não tinha jantado, resolveu ir a um restaurante comer
algo. Sentou-se a mesa, escolheu no cardápio e fez o pedido. Enquanto chegava a
comida ela ligou para mim, pois, nunca tivemos segredo, e me contou toda essa
história com os mínimos detalhes, que estou passando para vocês!
O
fato é que depois do jantar ela saiu para pegar um táxi para voltar para casa.
E fui aí que aconteceu o inesperado. Ela feliz relembrando sua deliciosa tarde/noite,
sentada na parte de traz do táxi, quando, inesperadamente, veio um caminhão
desgovernado e colidiu de frente ao carro, sendo que Daniele e o motorista
morreram no local, antes de chegar a assistência do SAMU!
Em
seguida as medidas dolorosas do Instituto Médico Legal, liberação do corpo e,
finalmente, o enterro, que ora estou aqui aguardando, vendo com lágrimas nos
olhos, seus pais e familiares sofrendo a dor da perda!
Essas
são as ironias do destino que, inesperadamente, nos tiram ass felicidade
conquistadas!
Cada
vez que acontece um acidente de percurso similar a esse, chegamos obviamente, à
conclusão que não existe ninguém no comando desse mundo cheio de maravilhas e abarrotado
crueldades!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!