Antonio Nunes de Souza*
-Menina,
não lhe conto!
-Nada
disso, você vai me contar agora. Se fosse para não dizer, era preferível você
ter ficada calada para não assanhar minha curiosidade!
-Olhe
minha filha, vou lhe contar porque você é minha amiga, mas, pelo amor de Deus,
não conte a ninguém, pois, foi uma aventura louca, e ao mesmo tempo maravilhosa,
que aconteceu inesperadamente comigo!
-Vá
logo falando, porque estou louca de curiosidade!
-Minha
filha, você vai achar que foi uma loucura minha. Mas, tem coisas na vida que
acontecem, quando somos levadas pelos desejos e sensações de novas
experiências, e foi o que aconteceu comigo!
-Deixe
de preliminares e desembuche sem omitir nenhum detalhe!
-Como
você sabe, em nossa atividade somos sempre requisitadas para novos ensinamentos
e reciclagens, para que possamos desempenhar nossas funções com melhores
desenvolturas, acompanhando as novas técnicas para lidar com os deficientes
físicos!
-Então,
essa semana chegou a nossa cidade, um famoso professor, com o nome curioso de José das Delicias, que foi
enviado pela Secretaria de Educação do Estado, para ministrar uma palestra e,
consequentemente, nos orientar com novas formas de comportamentos nas nossas
regências de aulas!
-Que
nome estranho da zorra o dele, hem?
-Pois
é minha filha. E o mais curioso é que ele é cego, e embora cinquentão, tem um
charme e uma maneira doce de falar, que deixava todos embevecidos e atenciosos
para ouvir as suas palavras!
Não
nego que senti algo por ele, pois, depois de cinco anos que fiquei viúva, nunca
mais estive com outro homem. E ele, pela sua maneira de ser, cheio de meiguice,
seu olhar vazio, mas, transbordando de ternuras, balançou minha libido,
reativando o que já estava quase esquecido. Mas, como eu me insinuar com ele,
se o homem era cego?
Aproveitei
a hora do intervalo para me aproximar, inventando algumas perguntas que eu já
sabia as respostas, no intuito único de tocá-lo e deixar transparecer que meu
interesse não era somente pedagógico!
–Mulher
você é doida?
–Doida
uma porra! O ceguinho era charmoso demais, e com esse nome foi que aumentou a curiosidade
e minha excitação acumulada!
-Dei
umas duas alisadas em seu braço, encostei meu corpo ao dele como se estivesse
mostrando algo para quem enxergava, e ele deixou escapar um sorriso maroto,
deixando claro que estava percebendo minhas intensões. Pegou na minha mão
demoradamente e, matreiramente, falou: Assim que terminar a palestra, venha
sozinha a minha sala, para que possamos melhor tirar essas suas dúvidas.
Inclusive tenho um Software muito bom, que lhe deixara bem municiada para
trabalhar com segurança em suas aulas!
–Com
essa deixa dele, notei logo que o ceguinho era sem vergonha, e também estava
afim de uma sacanagem. Não vou negar que minha lagoa murcha começou a se
irrigar!
–Como
combinamos, esperei que ele estivesse só, entrei na sala e sentei-me ao seu
lado. E o danado sentindo o meu perfume, foi logo dizendo:
-Estava
lhe esperando, pois, gosto muito de auxiliar pessoas interessadas como você, me
aprofundando ao máximo nas explicações. E aí começou a falar sobre o tema, e
safadamente, com as desculpa da cegueira, foi encostando sua perna na minha, me
fazendo sentir o calor que vinha do seu corpo. A conversa foi se prolongando, o
“bate-coxas” aumentando, e logo já estávamos de mãos dadas, deixando transparecer
que algo iria acontecer!
–Como
poderia entrar alguém inesperadamente, principalmente o professor que era seu auxiliar
e acompanhante, combinamos nos encontrar a noite, para a instalação do tal
Software. Mas, pelo que senti, não seria nada virtual!
–A
noite, como ele não pode dirigir, José das Delícias pegou um táxi, me apanhou
em casa, convidando-me para um passeio e, sem pestanejar, cochichou para o
motorista, que nos levasse para um Motel.
–Juro
que eu tremia de emoção em estar nessa aventura louca, mas, ao mesmo tempo,
cheia de desejos, sem a preocupação de dar alguma coisa errada, pois, como ele
era cego, eu não deveria estar com vergonha de nada e nem maiores pudores, já
que não haveria testemunhas oculares da história!
–Saltamos
e ele combinou com o táxi que viesse nos buscar duas horas depois. Entramos no
quarto, e você devia me ver, guiando o danado com sua bengala apontando para
frente. Uma cena inusitada, digna de um filme de Frederico Fellini.
–Sentamos
na cama, e sem palavras, começamos a nos acariciar, ele deixando sua bengala
branca de lado, e beijando-me como se fosse um beija flor ensandecido. Eu,
logicamente, não dei por menos, jogando-o para trás e começando a nos desnudar.
Ele não tinha vergonha por que estava sedento, e eu porque não tinha ninguém
vendo, Senti de perto o adágio popular; “Em terra de cego, quem tem um olho é
rei!”. E eu como tenho os dois, estava me sentindo uma Rainha.
–E
quando passei a mão por sua virilha, foi que vi a sua bengala avermelhada, que
ao contrário da outra que evita que ele caia num buraco, aquela estava em riste
doida para colocá-lo num buraco, e era o que eu mais queria naquele momento!
-Ele
começou a beijar meus seios, descendo para o umbigo, onde deu linguadas das
mais deliciosas, até chegar mais embaixo, deixando-me louca de excitação. Tirei
os seus óculos, pois estavam me arranhando as coxas, e ele na sua loucura
frenética, começou a lamber o edredom. Rapidamente puxei a sua cabeça e
coloquei no lugar devido, sentindo como ele era bom tanto de língua como de
Braille!
–Foi
uma noite linda e cheia de amor, uma vez que o ceguinho deu duas sem tirar de
dentro, talvez para não errar o buraco na segunda. Terminamos, levei o sapeca
para o banheiro, tomamos um banho delicioso, nos arrumamos e ficamos esperando
o táxi aparecer. E como estava demorando demais, ele resolveu ligar para sua
equipe, solicitando uma viatura para busca-lo.
-Menina
aí foi que fiquei morrendo de vergonha. Mas, para minha salvação, antes de
atenderem a ligação, o taxi chegou e ele desligou o celular. Dei um suspiro,
entramos sorridentes, felizes, saciados e contentes. Ele é discreto, fala
pouco, mas, na cama é um Super Homem com visão de raio X e um vigor que deixa a
gente mole. Minha filha foi o melhor “Software” que já coloquei em meu PC, acho
que esse era em Braille. Inegavelmente, foi uma aventura raríssima, onde nas
trevas voltei a ver a gostosa luz da vida!
–
Minha filha, fiquei até com inveja de você, imaginando as cenas e posições que
você colocava esse ceguinho das “delícias”!
-Amiga,
hoje em dia temos que pegar cegos pra transar, pois, os homens que enxergam,
estão todos casando homem com homem Há! Há! Há! Há!
-Pior
que é mesmo. Tchau querida, Beijos!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras
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