Antonio Nunes de Souza*
Todas
as vezes que botamos a cabeça de fora, relembrando os maravilhosos tempos do passado,
imediatamente nos chamam de coroas, saudosistas, obsoletos, ultrapassados, além
de outras adjetivações mais desagradáveis e pejorativas. Isso sem terem a
mínima ideia que, na realidade, nós tivemos uma vida deslumbrante, feliz,
tranquila, e cheia de liberdades, beleza e alegrias!
As
coisas que hoje ninguém mais se atreve a fazer, nós fazíamos cotidianamente,
sem nenhum medo de ser feliz, porque, tranquilamente, a felicidade era nossa
maior companhia. Podíamos passear a noite, frequentar bares, restaurantes,
cinemas, teatros, eventos, e as monstruosas aglomerações carnavalescas, sem
nenhum medo, intranquilidade ou pavor de ser roubado, ferido ou assassinado.
Quando deixávamos nossos carros estacionados, sempre encontrávamos no mesmo
lugar, dormiam com as portas destrancadas, e algumas vezes, até com as chaves
de ignições nos lugares!
Crimes
eram coisas remotíssimas e raras, que quando havia um assassinato em uma cidade
ou estado, assustava toda população do país, como um acontecimento grotesco e
horripilante.
Ladrões,
tínhamos muitos que eram de galinha e alguns roubos de carteira, sem a presença
de armas de fogo ou facas, somente na política é que tínhamos nossos grandes
assaltantes dos cofres públicos, pois, essa raça, que jamais será extinta,
somente faz crescer vertiginosamente com o tempo.
Tínhamos
a satisfação de circular por toda cidade sem a necessidade de câmeras nos espionando
totalmente, seguindo nossos passos, voltávamos das festas andando solitariamente
pelas ruas escuras, sem a mínima preocupação de se bater com um bandido. Drogas
eram coisas raras, mesmo assim, nas grandes capitais de Rio e S. Paulo, nos
outros estados, eram assuntos tão inexpressivos, que ninguém nem comentava!
As
igrejas eram para se fazer orações, batizados, casamentos, cursilhos,
catequeses, etc., hoje foram transformadas em templos para arrecadar dízimos,
pix e votos, virando verdadeiras fábricas de falsos milagres e ninho de votos
para eleger os enganadores e sagazes pastores, que cinicamente, prometem o céu
aos pobres coitados fiéis!
Os poucos policiais, quando víamos nas ruas, aumentava mais
ainda nossa tranquilidade, sendo que hoje quando eles despontam já é atirando,
matando, para depois, perguntar se era marginal ou não. E com isso, todo mundo
é passivo das fatídicas tais balas perdidas!
Facções
de bandidos nos víamos nos filmes americanos, e achávamos um absurdo que aquilo
pudesse acontecer. Roubo de carro eu nem acreditava, pois, ficava imaginando
onde o ladrão iria esconder uma coisa tão grande? Armas só quem tinha eram os
policiais, o juiz e um ou outro que tinha uma espingarda para caçar perdiz e
codorna aos domingos!
Nossas
casas, todas elas tinham enormes quintais com várias árvores frutíferas,
gangorras, e algumas até um campinho para uma baba depois das aulas. Nossos
namoros nas matinés e as escondidas atrás das igrejas ou casarões, eram
deliciosos, agradáveis e muitas sacanagens também, pois, nessa vertente, sempre
tivemos grandes apreciadores e apreciadoras!
As
estações do ano eram, rigorosamente, com suas características diferenciadas, enquanto
hoje, temos enchentes, chuvas de granizos, neves, tremores de terra, erupções
de vulcões extintos, ventanias tenebrosas, tsunamis, etc., além de secas
brutais em áreas que eram sempre alagadas, como o nosso lindo pantanal!
Até
a nossa bandeira e a camisa amarela da nossa seleção, viraram símbolos de
canalhismo e ditadura fascista, envergonhando nosso símbolo e a nossa gloria de
penta campeões de futebol. Tem tantas outras coisas maravilhosas que tivemos no
passado, que somente uma coletânea com alguns compêndios, daria para cita-las,
porém, essas poucas já são suficientes para provar que, realmente, tivemos uma infância
e juventude feliz!
Por
favor, nos respeite e não nos chamem de caretas e ultrapassados, pois, por tudo
que foi dito, temos direito oficial de sermos saudosistas, e ter muita pena de
vocês que são os “progressistas!”
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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